A história da Internet #4: "Por uma Web mais dinâmica"

Mosaic: O Navegador que Mudou a História da Web

Antes de Chrome, Firefox e Safari, houve o Mosaic — o navegador que abriu as portas da internet para o mundo

Em uma época em que a internet era um ambiente árido, usado principalmente por cientistas e programadores, uma ferramenta visual e amigável apareceu e mudou tudo: o Mosaic. Lançado em 1993, ele não foi o primeiro navegador web, mas foi o primeiro a conquistar o grande público e tornar a Web acessível de verdade.


O que era o Mosaic?

O Mosaic foi o primeiro navegador gráfico amplamente utilizado. Isso quer dizer que, pela primeira vez, as pessoas podiam ver texto e imagens juntos em uma mesma página, algo revolucionário na época.

Desenvolvido por Marc Andreessen e Eric Bina, dois jovens programadores da National Center for Supercomputing Applications (NCSA) na Universidade de Illinois, o Mosaic estreou em janeiro de 1993 como um software gratuito para universidades e instituições de pesquisa.


Contexto da criação

Antes do Mosaic, navegar na Web era uma tarefa técnica. Os primeiros navegadores como WorldWideWeb (de Tim Berners-Lee) e Lynx funcionavam apenas com texto. Ou seja: nada de fotos, vídeos ou botões bonitinhos. O uso exigia comandos, endereços longos e muito conhecimento técnico.

A ideia de Andreessen e Bina era criar uma interface mais amigável, que tornasse a Web algo visualmente atrativo e fácil de usar — mesmo por quem não era da área de informática.


Por que o Mosaic foi tão importante?

1. Interface gráfica moderna

Com botões de navegação, barra de endereço e suporte a imagens embutidas, o Mosaic foi o primeiro navegador com uma interface que se assemelha aos navegadores modernos.

2. Multiplataforma

Funcionava em Unix, Windows e Mac, o que o tornava acessível a diferentes usuários.

3. Impulso à popularização da Web

Graças ao Mosaic, o uso da Web saiu do ambiente acadêmico e começou a ganhar o público geral — foi o empurrão que a internet precisava para se tornar massiva.


A evolução e o fim do Mosaic

Apesar de seu sucesso inicial, o Mosaic teve vida curta como produto dominante. Aqui está o que aconteceu depois:

1994 – Netscape nasce do Mosaic

Marc Andreessen deixou o NCSA e fundou a Netscape Communications, onde criou o Netscape Navigator, um navegador baseado no Mosaic, mas mais moderno e poderoso. O Navigator rapidamente superou o Mosaic em popularidade.

Declínio do Mosaic

O desenvolvimento do Mosaic foi oficialmente encerrado em 1997. O NCSA parou de atualizá-lo e seu código serviu como base para outros navegadores.

Legado

  • Mosaic foi a base do Internet Explorer: a Microsoft licenciou partes do código para desenvolver seu navegador.

  • Deu início à chamada “guerra dos navegadores”, entre Netscape e Internet Explorer.

  • Lançou a carreira de Andreessen, que se tornaria um dos principais nomes do Vale do Silício.


Impacto duradouro

O Mosaic representou a ponte entre a internet técnica e a internet para todos. Sem ele, talvez a Web tivesse demorado anos a mais para se popularizar. Ele pavimentou o caminho para os navegadores que vieram depois — Firefox, Chrome, Edge, Safari — e para toda a economia digital que conhecemos hoje.


Curiosidades rápidas:

  • A primeira versão do Mosaic foi lançada em 23 de janeiro de 1993.

  • Ele foi distribuído gratuitamente para fins não comerciais.

  • Mosaic ajudou a desencadear o boom da Web nos anos 90.

  • Era tão inovador que o New York Times chamou o Mosaic de “o software que pode tornar a Internet útil para todos”.


O Mosaic pode ter desaparecido, mas seu espírito vive em todos os cliques, em cada aba aberta e em cada site visitado. Ele foi o navegador que colocou a internet nas mãos do público — e, por isso, merece seu lugar como um dos pilares da era digital.

Vídeos:


:megaphone: E aí, o que você achou da história do Mosaic?

O navegador que deu o pontapé inicial na internet como conhecemos merece ser lembrado — e você pode ajudar nisso!

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#NostalgiaDigital #Mosaic #HistóriaDaWeb #InternetAnos90


Leia também: A História da Internet #3 - As "Cidades Virtuais" 🏢 🏫 🏗️

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Obrigado pela série e pelo novo capítulo!

Acho que não cheguei a usar o Mosaic. – Pelo menos, não lembro.

Em 1994 ou 1995, cheguei a assinar um BBS – “boletim board”, tipo “quadro de avisos”. – O acesso, em Brasília, podia ser a qualquer hora… mas ele só enviava e recebia (outras cidades) 1 vez por dia, à noite ou de madrugada, via um serviço da Embratel, que agora não sei se era o antigo Renpac (lançado em 1985), ou a RNP (1989), ou se já se tratava da “internet experimental” (1994-1995).

Qual software será, que eu usava em 1994-1995, para acessar aquele BBS…? – Trevas absolutas na memória.

Só em 1996, comecei a usar “internet de verdade” (no trabalho) com direito a mandar e receber emails “em tempo real”. – Usava MS Internet Explorer e MS Outlook Express, mas não havia muita coisa. – No final da década, cadastrei uns sites brasileiros no Yahoo e no Altavista-NET, acho que por email. Pois é, os sites de busca ainda eram feitos “à mão”. Você indicava a “categoria”, eles verificavam, e se aprovassem, o site era incluído no site de busca.

(Ou será que fiz isso já nos anos 2000?)

Também tratei de criar emails em uns 8 serviços online (webmail) – Yahoo, Hotmail, e outros que desapareceram nos anos seguintes. – Email de “provedor de acesso”, tipo UOL (e outros, locais) tinha um problema: Se você trocasse de provedor de acesso, perdia a conta.

No início dos anos 2000, as coisas ficaram mais animadas. – “Encontrei” vários amigos na internet, e só então comecei a experimentar Netscape, Opera, depois Firefox, e por fim o Chrome.

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@frc_kde BBS eu cheguei a ver, visitando um primo meu que morava no Rio de Janeiro, por muito tempo eu pensei que ela e a internet eram a mesma coisa, só depois que eu descobri que são diferentes. BBS pode ser uns dos próximos temas. Obrigado pelo seu testemunho, @frc_kde :+1:

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Ótima ideia, @Danilo !

Desde quando comecei a escrever minha resposta anterior, fui assaltado por um monte de dúvidas: – Qual a data?.. Qual o software?.. etc.

Uma das tristezas dessa vida, é que nos anos 90 ainda não existiam Capturas de Tela, nem smartphones com Câmera Digital de alta resolução – pelo menos, não ao meu alcance – e não fiz muitas anotações entre 1993 e 1996.

Vejo que já havia BBS no Brasil, pelo menos desde 1990 (Mandic, em Sampa), mas devo ter feito minha assinatura da PersoCom Brasília em meados de 1995 – pois divulguei meu “correio eletrônico” na revistinha de 1º Setembro – a primeira do 2º semestre daquele ano:

Um amigo de S. José dos Campos mandou mensagem em 20 Setembro – e recebi no dia 28. – O tráfego não era direto. SJC devia mandar pra Sampa, e lá ficava até o BBS de Brasília se conectar… coisa que não ocorria todos os dias (verifiquei agora).

Um aspecto interessante que “descobri” agora (tinha esquecido!), é que muitos BBS tinham só 1 ou 2 linhas telefônicas, que viviam ocupadas. – Você ficava tentando, tentando, até conseguir a conexão – então, mandava seu “pacote” de atualizações, recebia outro de volta, e tratava de desligar… senão, outros usuários não poderiam se conectar.

Não lembro se havia alguma cobrança do BBS por minuto, para incentivar essa pressa em desligar. – O telefone era cobrado por minuto (a cada 3 minutos), mas a ligação local não era tão absurdamente cara, como dizem.

Portanto, cada usuário recebia seu “pacote”, desligava, trabalhava nele offline – depois conectava outra vez, mandava seu “pacote” para o BBS – e recebia outro, para se divertir offline até o dia seguinte.

Minha outra dúvida era quanto ao software – afinal, eu não tinha “Internet Explorer”, que nem sei se já existia (e no Brasil, nem teria utilidade). – Daí, minha busca por Capturas de Tela daquela época, pois não lembro de aplicativo GUI para BBS.

Agora, concluo que o software (fornecido pelo BBS em diskete) devia ser alguma coisa bem simples, tipo “terminal”. – O Windows 3.1 ainda rodava em cima do MS-DOS. – Dizem (não lembro) que foi o Windows 95 que passou a carregar diretamente do boot. Mas ele ainda estava muito perto do “terminal”. Ainda havia muitos softwares “não-gráficos”, importantes.

Uma imagem da Wikipedia:

Outra, da Wikipedia:

Essa outra imagem, ilustrou uma postagem sobre um encontro de BBS’s em 1993, no Twitter:

Já circulavam imagens, mas de baixa resolução, devido aos scanners “acessíveis”, e aos modems e linhas de baixa velocidade (máximo 56 bps). – O amigo de S. José dos Campos mandou uma foto a cores, mas o resultado impresso em 10 x 8 cm não foi bom:

Naquele Setembro 1995, “a Persocom BBS criou a conferência de Modelismo, sob o nº 90”. – Pelo que escrevi na época, um dos meus endereços eletrônicos estava na “conferência nº 85 da internet”; e o outro, na “conferência nº 110”. – Não me pergunte o que significava isso. Apagão total, na cabeça.

Essa foto de Novembro 1993, na Folha, mostra uma imagem bonita, colorida – mas talvez o monitor fosse de 800 x 600 pixels:

Encontrei muita coisa, googlando “internet mandic persocom bbs”. – Mandic foi pioneiro no Brasil, e mereceu muitas matérias, como esta da Abranet; e esta live, em 2021.

Caso possa ser útil, o texto que publiquei em Novembro 1995 é este:

Perguntas & Respostas

Modelismo na Internet

Notei uma frase cabalística em computês (CO-96/32). Será um endereço eletrônico?
Já existe uma BBS de ferreomodelistas? (Amaury Cascapera, SP/SP).

A frase cabalística “flavio.cavalcanti@persocom.som.com” é meu endereço eletrônico para receber mensagens (E-Mail) através da conferência nº 85 da Internet, bastando que sua BBS troque pacotes de mensagens — on-line ou off-line.

A BBS a que me filiei, por enquanto, conecta-se à Internet de madrugada, alguns dias por semana, e só para trocar pacotes de mensagens (off-line).

Mensagem de S. José dos Campos, por exemplo, de Set/20, só recebi em Set/28. Em parte por culpa minha, pois não acessei a BBS nos 2 dias anteriores.

Espera-se que a Persocom BBS — e muitas outras, em todo o Brasil — obtenha acesso on-line à Internet a qualquer momento. Já está com várias linhas e modems de 28.800 bps.

Quanto a “flavio.cavalcanti@persocom.ax.apc.org”, é meu endereço eletrônico na conferência nº 110 da Internet.

Note que todas as letras são minúsculas. Já deu muito trabalho, fazê-los acertar o “i” de “cavalcanti”. Por enquanto, fica assim, mesmo.

Se você usar maiúsculas, os super-burros da teia mundial não vão entender nada.

Ferreomodelismo

Ainda não conheço BBS de ferreomodelismo — espero encontrar nos EUA e Europa — mas trata-se de uma ótima idéia para algum amigo brasileiro de iniciativa.

A Persocom BBS criou em Setembro pp. a conferência de Modelismo, sob o nº 90, coordenada por Mário Loewenhaupt.

Kelso e CILAGFAR já estão navegando pela Internet, via Embratel, e pegaram foto a cores da SW8 nº 257 da Lehigh Valley.

A foto, em arquivo JPG de 98 Kb, veio num recado pelo correio eletrônico (FRC).

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