GeoCities: O Berço da Web Pessoal nos Anos 90
Por Danilo| Data: 26 de junho de 2025
Se você navegava na internet nos anos 90, é bem provável que tenha cruzado com algum site hospedado no GeoCities. Colorido, caótico e cheio de GIFs piscantes, o serviço se tornou sinônimo da primeira onda de páginas pessoais na web — uma época em que a internet era feita por amadores, com alma e paixão. Hoje, mais de uma década após seu encerramento, o GeoCities ainda é lembrado com nostalgia como um símbolo da internet “raiz”.
O que foi o GeoCities?
Fundado em 1994 por David Bohnett e John Rezner, o GeoCities era uma plataforma de hospedagem gratuita que permitia aos usuários criar e publicar suas próprias páginas na web, sem precisar entender profundamente de programação. O serviço dividia os sites em “cidades virtuais”, como Hollywood (para entretenimento), SiliconValley (para tecnologia) e Heartland (para temas pessoais e familiares).
A proposta era simples: democratizar a criação de conteúdo na internet e oferecer um “lugar” virtual onde qualquer um pudesse ter uma presença online.
A Era de Ouro
No auge da bolha da internet, o GeoCities chegou a ser o terceiro site mais acessado do mundo, com milhões de usuários. Em 1999, a gigante Yahoo! comprou a plataforma por US$ 3,57 bilhões em ações — um dos maiores negócios da era ponto-com.
Apesar do sucesso, a aquisição também marcou o início do declínio. Mudanças de política, a exigência de aceitar novos termos de uso e o crescimento de concorrentes mais modernos fizeram o GeoCities perder popularidade rapidamente.
O Fim de uma Era
Em 26 de outubro de 2009, o Yahoo! oficialmente encerrou o GeoCities nos EUA. Milhões de páginas foram apagadas da noite para o dia, causando um luto digital entre usuários e entusiastas da web antiga. Iniciativas como o Archive Team e o Internet Archive correram para salvar o máximo possível daquele conteúdo, criando verdadeiros “museus” da internet dos anos 90.
O Legado do GeoCities
Embora tecnologicamente obsoleto, o GeoCities deixou um legado importante:
-
Pioneirismo na web 2.0: Antes do termo sequer existir, o GeoCities já colocava o usuário como produtor de conteúdo.
-
Estética nostálgica: A “bagunça visual” dos sites virou tendência retrô, influenciando o design de artistas, games e até moda.
-
Liberdade criativa: Em tempos de redes sociais padronizadas, o GeoCities era um espaço de expressão autêntica e 100% personalizado.
GeoCities Hoje
Mesmo depois do fim, o espírito do GeoCities continua vivo em plataformas como Neocities.org, que busca recriar a sensação de liberdade criativa da época. Além disso, projetos de arte digital e preservação histórica frequentemente revisitam o estilo e o conteúdo das páginas antigas.
Curiosidades:
-
O nome original era “Beverly Hills Internet”.
-
Os endereços de sites eram como [Yahoo Search – Busca na Web]
-
Muitos sites tinham músicas MIDI tocando automaticamente, contadores de visitas e animações em loop eterno.
GeoCities pode ter saído do ar, mas permanece como um ícone de uma internet mais simples, espontânea e humana. Em uma era dominada por algoritmos, vale lembrar de quando a web era feita por pessoas — para pessoas.
Artigo no Wikipedia: GeoCities - Wikipedia
Pesquisar os arquivos do GeoCities: Search Geocities, powered by Arquivo.pt
Veja também:
A História da Internet #1 - Archie: O primeiro buscador da internet
A História da Internet #2 - “Les Horribles Cernettes” Conheça a primeira imagem publicada na web