Do “Dancing Baby” ao TikTok: O nascimento dos memes e como eles dominaram a internet
Em algum momento entre o fim dos anos 1990 e o início dos anos 2000, um bebê dançante em 3D apareceu na tela de milhões de computadores. Era o “Dancing Baby”, um dos primeiros memes virais da história da internet. Ninguém sabia ainda, mas aquilo era só o começo: os memes estavam prestes a se tornar uma das linguagens mais universais e poderosas da era digital.
Antes da fama: o que é um “meme”?
O termo “meme” vem da biologia. Foi criado em 1976 pelo biólogo Richard Dawkins, no livro O Gene Egoísta, como uma ideia que se espalha entre pessoas, como um gene cultural. Na internet, o meme virou algo mais visual e engraçado — uma piada, imagem, vídeo ou frase que se espalha rápido, ganha novas versões e muitas vezes representa o espírito de uma geração.
Anos 90: os memes pré-históricos da web
Com a popularização da internet discada, fóruns como Something Awful, 4chan e eBaum’s World começaram a espalhar conteúdos que, hoje, reconheceríamos como memes:
- Dancing Baby (1996): uma animação em 3D de um bebê dançando ao som de “Hooked on a Feeling”. Chegou a aparecer até na série Ally McBeal.
- Hampster Dance (1998): uma página com hamsters dançando ao som de uma música irritantemente cativante.
- All Your Base Are Belong To Us (1998): erro de tradução em um jogo japonês virou piada global.
Esses primeiros memes eram simples, mal feitos e muitas vezes bizarros — exatamente por isso, geniais.
Anos 2000: a cultura meme explode
Com a chegada da banda larga, dos blogs e das redes sociais, os memes começaram a se espalhar de forma mais rápida. Sites como 9gag, YTMND, YouTube, e principalmente o Orkut, no Brasil, foram berços de muitos memes clássicos:
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Rickroll (2007): clicar num link esperando uma coisa e ser surpreendido por Rick Astley cantando “Never Gonna Give You Up”.
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Charlie Bit My Finger (2007): vídeo caseiro de dois irmãos britânicos virou sensação.
- Trollface (2008), Rage Comics e os “Forever Alone”: os memes em forma de quadrinhos dominaram fóruns e timelines.
No Brasil, memes como “Nissim Ourfali”, “Para nossa alegria” e “Luiza que está no Canadá” mostraram que o brasileiro tinha talento natural para fazer a internet rir.
De piada a linguagem: memes como forma de comunicação
Hoje, memes são mais do que piadas. São comentários sociais, ferramentas políticas, formas de protesto ou simplesmente a melhor maneira de descrever um sentimento complexo com uma imagem de gato.
Os memes evoluíram com as plataformas. No Instagram, ganharam forma de cards; no Twitter, viraram threads virais; no TikTok, são vídeos curtos com áudio reaproveitado e remixado até cansar (ou viralizar ainda mais).
Memes em 2025: a fábrica nunca para
Atualmente, qualquer coisa pode virar meme em segundos. Um escorregão no BBB, um erro em coletiva de imprensa, um cachorro com expressão estranha. A velocidade com que os memes nascem (e morrem) é absurda — mas a essência continua a mesma: compartilhar, remixar, rir.
Mais do que humor: os memes têm valor cultural
Apesar de muitas vezes vistos como “besteira de internet”, os memes são reflexos culturais. Eles mostram o que pensamos, sentimos e tememos. E muitas vezes, fazem tudo isso com uma imagem de uma batata.
O nascimento dos memes foi um daqueles eventos da internet que ninguém previu, mas que mudou tudo. Do “Dancing Baby” ao TikTok, os memes se tornaram a linguagem emocional e cultural da web. Não importa sua idade, profissão ou nacionalidade: se você já mandou um meme, já faz parte dessa história.
E aí, qual foi o primeiro meme que você lembra? Cite outros que não foram mencionados nessa matéria.
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