A história da Internet #23: É MEGA 📁

:file_folder: MegaUpload: A Ascensão, Queda e Legado do Gigante do Compartilhamento de Arquivos

:globe_showing_europe_africa: O Surgimento de uma Potência Digital

Em meados de 2005, a internet já era um terreno fértil para o compartilhamento de arquivos. Torrent, FTP, IRC e fóruns dominavam o cenário, mas ainda havia uma lacuna: como compartilhar arquivos grandes de forma simples, rápida e acessível a todos?

Foi aí que surgiu o MegaUpload, fundado por Kim Schmitz, mais conhecido como Kim Dotcom — um empresário alemão-finlandês, excêntrico, milionário, ex-hacker e provocador nato. :smiling_face_with_sunglasses::laptop:


Kim Schmitz, o Kim Dotcom

O MegaUpload oferecia uma proposta simples:

:package: Upload de qualquer tipo de arquivo

:link: Geração de link direto para download

:money_with_wings: Planos gratuitos e pagos, com mais velocidade e espaço para quem assinava

A fórmula deu certo. Em menos de cinco anos, o MegaUpload virou um dos 15 sites mais acessados do mundo, com:

  • :fire: 50 milhões de visitantes diários
  • :computer_disk: 25 petabytes de dados armazenados
  • :globe_with_meridians: Responsável por ~4% do tráfego total da internet

:clapper_board: A Era de Ouro

Entre 2007 e 2011, o MegaUpload virou sinônimo de “baixar qualquer coisa”. Era o paraíso dos colecionadores de mídia digital:

:movie_camera: Filmes recém-lançados
:musical_note: Discografias inteiras
:video_game: Jogos completos
:books: Livros e apostilas
:toolbox: Softwares e ferramentas

Muitos usuários viam o site como algo prático e até necessário. Em uma época onde nem todo país tinha acesso a Netflix, Spotify ou grandes lojas digitais, o MegaUpload preenchia um vazio.

Além disso, o site oferecia um sistema de recompensas por downloads: quanto mais pessoas baixassem seu arquivo, mais pontos (ou dinheiro) você ganhava. Isso incentivava o upload massivo — tanto de conteúdo legítimo quanto pirata.

:balance_scale: A Polêmica

A indústria do entretenimento, claro, não ficou nada satisfeita. Gravadoras, estúdios de cinema e associações como a MPAA e a RIAA acusavam o site de ser um “império da pirataria digital”.

Kim Dotcom se defendia, dizendo que:

:speaking_head: “Nós apenas oferecemos um serviço. Não podemos controlar o que os usuários fazem com ele.”

Mesmo assim, os indícios mostravam que a estrutura do site facilitava e até recompensava o compartilhamento ilegal. Era difícil negar que grande parte do tráfego vinha de conteúdo protegido por direitos autorais.

:fire: A Operação Takedown: O Fim do MegaUpload

Em 19 de janeiro de 2012, o FBI, com apoio das autoridades da Nova Zelândia, da Austrália, de Hong Kong, e da UE, executou a “Operação Mega Conspiracy”, um dos maiores ataques a um serviço digital na história da internet. :collision:

Foram apreendidos:

  • :helicopter: Carros de luxo (Bugattis, Rolls-Royces, etc.)
  • :money_bag: Milhões em contas bancárias
  • :castle: A mansão de Kim Dotcom (com heliponto e sala de jogos)
  • :floppy_disk: Servidores em vários países

:police_officer: Acusações contra Kim Dotcom e sua equipe:

  • Conspiração para violar direitos autorais
  • Lavagem de dinheiro
  • Conspiração para extorsão
  • Lucros ilegais estimados: +US$ 175 milhões

O site saiu do ar instantaneamente. Milhões de usuários perderam seus arquivos — inclusive dados pessoais e backups legítimos. Foi um apagão digital global.

:balance_scale: A Batalha Judicial

Desde sua prisão na Nova Zelândia, Kim Dotcom luta até hoje contra a extradição para os EUA, em um processo judicial que já dura mais de uma década.

Durante esse tempo, ele se tornou um símbolo da luta contra:

  • A extraterritorialidade das leis americanas
  • A falta de regulamentação clara na internet
  • A censura disfarçada de combate à pirataria

Dotcom alega que o caso MegaUpload foi usado como bode expiatório para pressionar por leis como a SOPA/PIPA, que buscavam controle mais rígido da internet — mas que foram derrotadas após protestos globais em 2012.

:repeat_button: O Renascimento: MEGA

Em 2013, Kim Dotcom lançou o MEGA (https://mega.nz), seu “herdeiro espiritual” do MegaUpload. Desta vez, com um diferencial técnico:

:locked_with_key: Criptografia de ponta-a-ponta
:see_no_evil_monkey: Nem a empresa tem acesso aos arquivos dos usuários
:shield: Privacidade como prioridade

O MEGA rapidamente ganhou espaço como alternativa segura ao Google Drive e Dropbox. Ainda que Kim tenha se afastado da empresa, o serviço continua ativo e é amplamente utilizado até hoje.

:light_bulb: Curiosidades

:television: Em 2011, o MegaUpload lançou um clipe promocional chamado “The Mega Song”, com celebridades como P. Diddy, Will.i.am e Alicia Keys elogiando o serviço — pouco antes do colapso.

:video_game: Kim Dotcom chegou a ser um dos melhores jogadores de Call of Duty: Modern Warfare 3 no mundo.

:package: Estima-se que mais de 15 bilhões de arquivos foram perdidos com o fim do site — e boa parte deles eram legítimos.

:brain: O Legado do MegaUpload

A queda do MegaUpload marcou o fim de uma era. Mas também lançou luz sobre várias questões importantes:

:scroll: Quem é responsável pelo conteúdo na nuvem?
:balance_scale: A justiça pode derrubar um site global sem aviso prévio?
:locked: Privacidade digital é possível em um mundo regulado?

Além disso, o colapso do MegaUpload impulsionou o crescimento de alternativas legais como:

  • Netflix, Prime Video, Spotify, Steam
  • Modelos de assinatura e streaming como padrão de consumo
  • Maior atenção à proteção de dados pessoais

O MegaUpload foi um símbolo da internet como ela era: caótica, livre, criativa — mas vulnerável. Sua ascensão mostrou o poder de uma ideia bem executada. Sua queda revelou os limites entre liberdade e legalidade online.

E seu legado? Ainda está sendo escrito, entre uploads criptografados, serviços descentralizados e batalhas judiciais que ecoam até hoje. :globe_with_meridians::balance_scale:



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