iG – Internet Grátis: o provedor que revolucionou o acesso no Brasil
No fim dos anos 1990, o Brasil assistiu à explosão da internet discada. Em um cenário onde o acesso era pago e limitado, surgiu um provedor que mudou tudo: o iG (Internet Grátis). Lançado em janeiro de 2000, o iG oferecia acesso gratuito à internet — algo inédito e revolucionário para o país.
Fundadores e principais nomes por trás do iG
O projeto foi resultado da união entre empreendedores da comunicação, tecnologia e investimentos. Veja quem foram os principais responsáveis:
Nizan Guanaes
Publicitário e empresário, foi um dos idealizadores da marca e da estratégia de oferecer acesso gratuito à internet como forma de atrair usuários e anunciantes. Também esteve por trás da campanha de lançamento com o icônico slogan: “iG – Internet Grátis. Ué, pode?”
Matinas Suzuki Jr.
Jornalista, ex-diretor da Folha de S.Paulo e da Rádio USP. Atuou como primeiro presidente do iG, cuidando da estruturação editorial e do conteúdo jornalístico do portal.
Jorge Paulo Lemann (via GP Investimentos)
O iG foi financiado em parte pelo GP Investimentos, fundo de private equity ligado a Lemann (um dos fundadores da AB InBev). O apoio financeiro foi fundamental para viabilizar a operação em larga escala desde o início.
Banco Opportunity
Outra instituição financeira envolvida no investimento inicial, apoiando o modelo de negócios baseado em publicidade e acesso gratuito.
Aleksandar Mandic
Empreendedor pioneiro na internet brasileira, fundador do Mandic BBS e de um dos primeiros provedores de internet do país. Participou da concepção técnica e estratégica do iG.
Outros nomes ligados à operação
-
Demi Getschko, engenheiro e um dos “pais da internet no Brasil”, esteve envolvido nos bastidores técnicos do cenário da época e influenciou o ecossistema da internet comercial.
-
Carla Sá, profissional de comunicação, teve papel importante no posicionamento da marca e no relacionamento com a imprensa.
Como funcionava o iG?
O iG permitia que qualquer pessoa com um computador, modem e linha telefônica discada acessasse a internet sem pagar mensalidade. O modelo adotado era o da publicidade: ao usar a conexão, o usuário via banners e anúncios que financiavam o serviço.
Era simples:
-
Bastava baixar o discador do iG no computador,
-
Configurar a conexão usando um número local,
-
E pronto: acesso à internet sem pagar assinatura.
A única cobrança era da ligação telefônica (tarifa local), cobrada por minuto pela operadora de telefonia fixa — um custo ainda considerável em sessões longas.
Sucesso imediato
A proposta atraiu milhões de brasileiros. Em poucos meses, o iG passou a ser um dos provedores mais acessados do país, competindo com gigantes como UOL, Terra e BOL. O iG também oferecia:
-
Serviço de e-mail gratuito (@ig.com.br),
-
Página inicial personalizada com notícias, clima e entretenimento,
-
Conteúdo próprio e parcerias com grandes portais de mídia.
O modelo freemium e a evolução
Embora gratuito no início, o iG também ofereceu planos pagos com velocidades melhores e suporte técnico. Isso fazia parte de um modelo “freemium”: o acesso básico era livre, mas serviços premium estavam disponíveis para quem pagasse.
O sucesso foi tão grande que o iG virou um dos principais portais de internet do Brasil, expandindo seus serviços para notícias, esportes, cultura e até rede social.
Queda e mudanças
Com o tempo, a internet discada foi sendo substituída pela banda larga, e o modelo gratuito do iG perdeu relevância. Além disso:
-
O custo da publicidade não sustentava mais toda a operação,
-
A concorrência com novos provedores de banda larga (como Virtua, Speedy, GVT) aumentou.
O iG foi vendido para diversos grupos ao longo dos anos e, embora o portal www.ig.com.br ainda exista, ele deixou de oferecer serviço de provedor de acesso.
Legado
O iG – Internet Grátis representou um divisor de águas no acesso digital no Brasil. Democratizou a internet para milhões de pessoas e impulsionou a transformação digital em lares brasileiros na virada do milênio.
Você usou o iG – Internet Grátis nos anos 2000?
Compartilhe com a gente suas lembranças dessa época marcante!
-
Como era navegar com aquele barulhinho do discador?
-
Você usava o e-mail @ig.com.br?
-
Tinha que esperar a meia-noite pra conectar sem estourar a conta do telefone?
Comente aqui e marque seus amigos que também passaram por essa era da internet discada. Vamos juntos relembrar os tempos em que navegar significava “ou estar online ou atender o telefone”
Compartilhe esta matéria com quem viveu essa fase — ou com quem nunca acreditaria que a internet já foi gratuita (e lenta assim!).
Leia também:
A história da Internet #11: “GeoCities made in Brazil”
A História da Internet #10 - “Música Popular”
A história da Internet #9: “OI! Tc de onde”?
A história da Internet #8: “Pioneirismo Nacional”
A história da Internet #7: “Em busca do tesouro” pirate_flag
A história da Internet #6: “A “Internet” Antes da Internet”
A história da Internet #5: “Batalha Naval”
A história da Internet #4: “Por uma Web mais dinâmica”
A História da Internet #3 - As “Cidades Virtuais”
A História da Internet #2 - “Les Horribles Cernettes” Conheça a primeira imagem publicada na web
A História da Internet #1 - Archie: O primeiro buscador da internet