Uma experiência com o Crystal Linux

Desde que comecei a considerar a migrar para o Linux pela segunda vez - lá no ano passado - eu estava num Distro Hopping. Comecei no Manjaro (que pra mim, acabou sendo uma experiência um pouco ruim), depois fui para o SpiralLinux (que é basicamente um Debian para Preguiçosos), depois para o Mint e acabei no LMDE e só não fiquei pulando mais de distro em distro, pois eu me frustrei por não conseguir migrar e sempre voltava para o Windows.

E isso foi até eu comprar um notebook novo e que seria exclusivo para o Linux. Nele instalei o Ubuntu 22.04 MATE, mas logo acabei trocando pelo 23.10 com Gnome e que atualizei para o 24.04 LTS. E assim continuei no Ubuntu, mas querendo usar o Arch. Ou migrar para o Debian, quem sabe. Até que vi um vídeo do Dio falando sobre o Crystal Linux, que é um Arch mais pronto para usar.

E como eu queria reinstalar o Ubuntu 24.04 (muito mais para retirar o Wordpress que tinha quebrado na atualização), decidi dar uma chance a uma distribuição baseada no Arch.

Antes da Instalação

Como eu tinha poucos arquivos no notebook, foi bem fácil fazer o Backup dos arquivos mais importantes. Fiz vários arquivos .zip para facilitar o Backup e como o Warpinator não funcionou no Windows, mandei os arquivos para o “Mensagens Salvas” do Telegram.

Também baixei a ISO do Crystal, instalei o Ventoy no Pendrive, passei a ISO para o Pendrive e fui testar o Crystal. No teste, gostei bastante do desempenho. Apesar o Crystal ter por padrão um Gnome bem modificado, mais próximo do Windows (e que não me agrada tanto no Linux), ele tinha a opção de um Gnome mais puro. Testei as duas opções, e gostei muito da versão com o Gnome puro. E depois de testar por alguns dias, foi para a instalação.

Comentários da Instalação

A instalação no geral, foi bem tranquila. Eu gostei bastante do instalador do Crystal, e ele tem uma interface bem agradável de se usar, seguindo muito do que é o Gnome mesmo.

E apesar dos passos serem relativamente fáceis, enfrentei algumas dificuldades, quanto ao particionamento. Queria manter a minha /home e a partição de Swap que já tinham no HD, mas no particionamento manual, eu não tive sucesso nisso.

Eu criei a partição / e configurei a /home, e ao instalar o Crystal, ele não conseguia instalar o bootloader. Provavelmente fiz alguma coisa de errado no particionamento. E como eu já queria formatar o Ubuntu e fiz backup dos arquivos mais importantes, instalei o Crystal no disco inteiro.

Depois de instalado, algumas coisas do pós instalação

Depois de alguns minutos, o sistema estava instalado, mas ainda faltavam os aplicativos para instalar. Como estou tentando usar Flatpak onde dá pra usar, os pacotes do Arch em segundo lugar e o AUR em último lugar, instalei algumas aplicações assim.

Mas teve alguns aplicativos que preferi a versão dos repositórios, como o Firefox. E claro, depois de instalar o Firefox, apliquei aquela modificação que eu adoro no Firefox:

E nos Flatpaks, instalei o Krita, XnConvert, Epson Scan, OBS Studio, Video Trimmer e o OnlyOffice, que eu já usava no Ubuntu. Depois instalei o Color Picker e o Parabolic - que apareceram num App Showcase do Diocast para testar e por fim, instalei o Simple Note, já que eu estava querendo um aplicativo de notas - e eu não encontrava um que fosse tão simples quanto o Bloco de Notas do Windows 11 - e o Flatseal para poder gerenciar as permissões dos Flatpaks.

Também acabei optando por instalar o Tor e depois instalei o Menulibre via AUR para poder tirar o UxTerm, xTerm e aqueles navegadores do Avahi do menu do Gnome. E que pode ser bem útil, caso instale aquele aplicativo que coloca mais um monte de coisa na Grade de Aplicativos.

Depois tirei os grupos que o Gnome cria, reorganizei os favoritos e assim estava a minha grade de Aplicativos antes de eu organizar isso melhor.


Personalizando o Gnome

Depois foi a hora de personalizar o Gnome. Comecei instalando algumas extensões e essa foi a razão de ter instalado o Firefox pelo repositório do Arch: O Gnome Extensions não estava funcionando no Firefox em Flatpak. E as extensões que instalei foram:

  • AppIndicator and KStatusNotifierItem Support: Já que o Gnome não tem a bandeja do sistema como nos outros ambientes, acabo adicionando isso por causa de alguns aplicativos como o Telegram e o Discord.
  • Arch Linux Updates Indicator: Era uma extensão que era para vir no Crystal Linux, mas que não foi instalada. Assim, encontrei um substituto para essa extensão.
  • Battery Time: Essa extensão substitui a porcentagem da bateria nas Configurações Rápidas pelo tempo restante da bateria. Como assim:

Captura de tela de 2024-08-31 16-21-21

  • Blur my Shell: Essa é aquela extensão que deixa partes do Gnome Shell com um Blur. Isso deixa o ambiente bem bonito.
  • Window is Ready - Notification Remover: Essa extensão remove aquela notificação de “A janela está pronta”. Essa é uma notificação que é muito chata em alguns aplicativos, principalmente no Telegram.

E depois de instalar o que precisava no Gnome, foi assim que ficou o meu Crystal Linux.

Depois fui organizar os aplicativos nas pastas e esse foi o resultado:

Algumas estranhezas

No uso não pude deixar de notar que alguns atalhos do Ubuntu simplesmente não funcionam, deles é o Super + D, que mostra o Desktop. Não consegui achar esse atalho para configurar novamente. Não sei se é algo do Crystal ou se esse atalho realmente não existiria no Gnome mais puro.

Outro atalho que vi que não existia, era o Ctrl + Alt + T, que abre o terminal, mas esse dá pra configurar e acabei configurando o Terminal para abrir com o atalho Super + T.

Outra coisa que estranhei é a lentidão da integração do Gnome com o OneDrive. Eu achei ela bem lenta, principalmente para gerar as miniaturas das imagens, mas talvez seja porque é a primeira vez que estou usando essa integração, mas ela está relativamente lenta pra mim.

Um pouco de minha impressão

Eu tenho gostado dessa experiência. Estou com o Crystal instalado desde o dia 29 de Agosto, e a minha impressão geral é de um sistema bem rápido e bem mais enxuto que o Ubuntu. Mais enxuto que até mesmo o Ubuntu Minimal, mas ao mesmo tempo já é mais funcional que ele.

O Crystal já vem com um tocador de música e um reprodutor de música, coisa que o Ubuntu 23.10, que instalei em sua versão mínima, sequer veio. Mas por outro lado, o navegador que veio foi o padrão do Gnome e que acabei desinstalando, pois eu iria usar o Firefox nessa instalação do Crystal.

Outra coisa que eu gostei muito, foi do Amethyst, que é dois em um: No mesmo utilitário, acesso tanto o Pacman como o AUR. Achei isso muito prático, além dos comandos dele serem parecidos com os do APT que estou mais acostumado.

E teve uma coisa que percebi: Os repositórios (e nem o site) do Crystal Linux estão funcionando mais. Quando entra no site, fica somente essa tela:

Espero que eles consigam resolver isso logo. Outra coisa sobre o Crystal é que a integração do Gnome com o OneDrive está funcionando relativamente bem, sem problemas. Ao contrário do Ubuntu, onde essa integração foi tão problemática, que acabei voltando para o Onedriver. E não vejo necessidade de usar o Onedriver, depois do Gnome 46.

Concluindo

Essas foram as minhas primeiras impressões e a minha experiência inicial na minha aventura nas distros baseadas no Arch. Saí da minha zona de conforto que eram as distros baseadas no Debian e que foram as que usei tanto desde da minha primeira vez que usei Linux (entre 2011 e 2013) até hoje.

E estou encarando o Crystal como um terreno mais seguro para testar o Arch. Quero testar ele primeiro, para quem sabe algum dia usar o Arch puro, e esse experimento como um teste para abraçar de vez os Flatpaks (e os Snaps, que talvez eu instale no Crystal Linux), já que achei esse formato bem útil e que atravessa as barreiras das distribuições.

De qualquer forma, quero indo relatando por aqui, o meu uso do Crystal Linux.

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Parabéns pelo relato bem detalhado, já pensei em migrar para o Arch mas vou tentar ficar um bom tempo no Opensuse.

Pesquisando na internet achei o gitlab deles, depois se vc quiser pode ver se consegue alguma informação por lá. Vi que tem links para Discord, fórum, Mastodon e twitter mas não cheguei a clicar para acessar.

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Aí sim, gostei. opensuse também é a distro que utilizo e não troco o camaleãozinho por nada rsrsrs.

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Havia achado o Gitlab deles, quando fui procurar pela extensão que mostraria as atualizações do Arch. Mas o site deles estava funcionando até pouco tempo atrás.

E sobre os outros locais, o Link para o Discord está quebrado, o Fórum está meio morto e o Mastodon e o Twitter deles não são atualizados com frequência :confused:

O OpenSuse parece ser uma excelente distro. Sempre tive um pouco de curiosidade para ver como é usar ela.

E uma coisa que acabei esquecendo de colocar no meu relato, é um bug bem chato que está ocorrendo nos aplicativos do Gnome: A tecla Delete não está funcionando direito. Ao invés de apagar, está exibindo esses caracteres:
image

Arch como sempre só tem expectativas boas kkkkk
Com a existência do archinstall a maioria dessas remasterizações estão perdendo o sentido de uso, o padrão não sofre com bugs visuais muito menos por coisinhas ali a menos que vc crie motivo kkkk

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Só fui para o Crystal mesmo, pois eu tinha testado ele em Live e gostei do resultado. Mas pode ser que algum dia eu instale o Arch com o archinstall.

Quero tentar ficar pelo menos um mês testando o Crystal. Se eu gostar dele, eu instalarei o Arch.

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Apoio essa sua decisão em testar o openSUSE quem sabe futuramente.

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Talvez eu teste ela no meu notebook principal, em dualboot com o Windows, já que provavelmente eu irei voltar esse notebook para o Windows 10 e assim eu posso retirar o LMDE e testar o openSUSE, talvez com o Gnome mesmo.

Entendi, mesmo a distro não focando nisso de Ambiente Principal, pra mim a melhor experiência foi com o KDE Plasma. Mas Gnome roda tranquilamente também no openSUSE. Qualquer dúvida estamos aí para sanar.

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O KDE Plasma é um excelente ambiente, mas que eu não curto muito. Prefiro muito mais a simplicidade do Gnome. Mas pode deixar que se eu estiver com alguma dúvida quanto ao openSUSE, eu peço uma ajuda por aqui.

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Fiz um pequeno teste deixando o Nautilus gerar as miniaturas das imagens que estão no OneDrive.

E bom, uma vez que as miniaturas estão geradas, o acesso as pastas de imagens fica mais rápido. Embora que demore muito para gerar as miniaturas pela primeira vez.

Miniaturas de arquivos .webp

E outra coisa que percebi, é que por padrão o Nautilus não exibe as miniaturas dos arquivos .webp. Esses arquivos ficavam com uma miniatura padrão, como essa:

Corrigi isso com o comando:

ame install webp-pixbuf-loader

Lembrando que o ame install pode ser substituído pelo pacman -S, ficando:

sudo pacman -S webp-pixbuf-loader

Para outras distros:

Encontrei onde configura esse atalho. É em Configurações > Teclado > Visualizar e Personalizar Atalhos > Navegação > Ocultar todas as Janelas Normais. Ao menos tem um comportamento bem parecido com o do Ubuntu.

Olá! Parabéns pelo post! Assim como toda migração, sei que pode ser complicada. Depois de anos usando diversas distros (principalmente baseadas em Debian/Ubuntu), hoje posso dizer que estou 100% migrado e sem depender de outro sistema operacional. Garanto que você não vai se arrepender de usar uma base Arch!

Desde 2022, uso Arch puro. Passei por muitos desafios, mas aprendi bastante. Recomendo que você instale mais de um kernel, preferencialmente um LTS, para o caso de uma atualização periódica quebrar o sistema — assim, você terá outra opção para usar. Faça backup de qualquer arquivo de configuração se for realizar alterações, e use o Timeshift para manter backups regulares.

Segue um link sugestivo que vai ajudar muito nessa jornada!

Aproveite a jornada com Arch!

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Opa! Segui essa recomendação e já instalei o Kernel LTS e o Timeshift ja está ativado. E o obrigado pelas dicas.

Hoje em dia já me rendi aos Flatpaks, e instalei a maior parte das aplicações que preciso por esse meio. E pretendo instalar o Arch puro futuramente.

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Uma semana com o Crystal

Infelizmente não usei tanto o computador com o Crystal, mas o sistema vem sendo bastante rápido em meu notebook. A impressora está funcionando corretamente depois de instalar o driver dela via AUR, mas ainda não testei o Scanner da impressora.

Já quanto ao Wordpress, que eu queria instalar no Ubuntu, acho que vou instalar numa Máquina Virtual mesmo com o Debian.

E para mim, a experiência vem sendo boa, embora aquele bug infernal da tecla Delete continue nos aplicativos Gnome.

E nessa semana tiveram algumas atualizações no Arch, segundo o indicador de atualizações do Crystal, e acho que atualizações semanais possa ser uma boa.

E outra coisa: consegui jogar com sucesso o Minecraft Bedrock no Linux. E rodou muito bem no meu notebook com Linux. E uma coisa um pouco curiosa dessa versão em Flatpak é que você tem que comprar o Minecraft para o Android para ela funcionar em sua totalidade.

Por agora as únicas coisas que ainda preciso ver como eu irei substituir é o Affinity Photo e o Affinity Designer. Muito provavelmente eu sobreviveria sem eles, já que não uso tanto assim. Uso mais quando preciso realmente usar eles.

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Muito massa kkkk, talvez isso te ajude, parceiro: https://plus.diolinux.com.br/t/instalando-os-programas-affinity-no-linux/56801

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