Red Hat deixará de distribuir o LibreOffice em versões futuras do RHEL (e Fedora)

Por Matthias Clasen, Gnome Developer na Red Hat.

Ei, como vocês provavelmente já viram, o pacote RPM do LibreOffice recentemente ficou órfão, e eu pensei que seria bom explicar as razões por trás disso.

A equipe Red Hat Display Systems (a equipe por trás da maioria dos esforços de desktop da Red Hat) manteve os pacotes do LibreOffice no Fedora por anos como parte de nosso trabalho de suporte LibreOffice para Red Hat Enterprise Linux. Estamos ajustando nossas prioridades de engenharia do RHEL para desktop e focando nas lacunas do Wayland, construindo suporte HDR, fazendo o que é necessário para um trabalho sensível a cores e uma série de outros refinamentos exigidos por usuários desktop. Este é um trabalho que irá melhorar a experiência desktop para o Fedora bem como usuários de RHEL, e que, esperamos, sejam bem recebidos por todo a comunidade Linux.

A desvantagem é que estamos nos afastando do trabalho que fazíamos no desktop na parte de aplicativos e deixaremos de enviar o LibreOffice como parte do RHEL a partir de uma futura versão. Isso também limitará nossa capacidade de mantê-lo em versões futuras do Fedora.

Continuaremos a manter o LibreOffice nas versões atualmente suportadas do RHEL (RHEL 7, 8 e 9) com CVEs necessários e similares para a vida útil desses lançamentos (conforme publicado no site da Red Hat). Como parte disso, os engenheiros que fazem esse trabalho contribuirão com algumas correções do upstream para garantir que o LibreOffice funcione melhor como um Flatpak, que esperamos ser a maneira que a maioria das pessoas consumirá o LibreOffice a longo prazo.

Qualquer membro da comunidade é livre para assumir a manutenção, tanto para o pacote RPM no Fedora quanto o Flatpak, mas esteja ciente de que este é um bloco considerável de pacotes e dependências e uma quantidade significativa de trabalho para acompanhar.

https://lists.fedoraproject.org/archives/list/devel@lists.fedoraproject.org/thread/46ZZ6GZ2W3G4OJYX3BIWTAW75H37TVW6/

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Em partes, é compreensível o motivo. Com o Flatpak cada vez mais popular não se faz tão necessário a equipe da RHEL manter pacotes como o LibreOffice, que, além disso, consome um bom tempo. Lembro que quando usei o Rocky Linux para um teste local, os pacotes que não existiam no repositório oficial tinham no Flatpak e funcionavam sem nenhum esforço além de um único comando para instalar.

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Realmente faz sentido.

O lado negativo é que o Fedora e o RHEL deixariam, ao menos por padrão, de ser tão completos em termos de Apps, ao mesmo tempo, apesar da popularidade de aplicativos Office, nem todo mundo que usa tais softwares no Linux usa o LibreOffice, em caso de necessidade o usuário poderia instalar pela loja, especialmente agora que o Flathub vem habilitado no Fedora por padrão, poderia até ser uma etapa no setup inicial se os desenvolvedores quisessem.

Considerando o tempo e a mão de obra limitados, o usuário ter que ir até a loja para buscar o LibreOffice parece um problema pequeno, perto do que eles podem resolver com HDR e Wayland ao se dedicar mais para outras coisas.

Compreensível, tem seus prós e contras, mas é compreensível e perfeitamente contornável, felizmente. :slight_smile:

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Compreensivo a posição da Red Hat, porém a desculpa não acredito que seja esta a real.

Para mim se trata de redução de custos (sou a favor), visto que se tem disponível em flatpak, muito mais econômico focar em melhorar o suporte a flatpak que dará resultados a outros apps instalados em flatpak.
Possivelmente esta atitude será adotada por outras distros, o que se torna um novo paradigma a ser aceito pelos usuários.

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Curioso que quando a Canonical resolve trocar um app deb por um snap, a comunidade cai matando a pau. Com a Red Hat fazendo algo parecido, não percebi muita revolta. :thinking:

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Vejo essa mesma questão, porém de um outro ângulo:

Numa distro “tradicional”, o conjunto de pacotes (Aplicativos, Bibliotecas e tudo mais) oferecidos nos repositórios “oficiais” mantêm uma “consistência” – cada um funciona bem com todos os demais – e se algum deles m1j@r fora do penico, isso é logo percebido por inúmeros usuários, os mantenedores são alertados, corrigem o problema, e logo uma atualização resolve o impasse.

Poderíamos, talvez, ver nisso, algo como uma “solidariedade” – entre os pacotes “oficiais”, os usuários, os mantenedores (e os desenvolvedores upstream, que são retro-alimentados com esse feedback). – Enfim, uma “solidariedade” entre toda a “comunidade” de cada distro (e upstream, entre toda a “comunidade Linux” em geral).

Dá trabalho? Com certeza! – Custa “caro”? – Sim, no caso das “empresas”, cujos lucros, a cada dia, se colocam, cada vez mais, acima da “comunidade” ou acima de qualquer “solidariedade”.

Percebo isso, principalmente, nos casos da Canonical, Red Hat e SuSE. – Logo que o Kurumin foi descontinuado, “adotei” o Kubuntu como tábua de salvação (e até hoje louvo a importância daquela “jovem” Canonical, um tanto quixotesca). – Mas desde os anos 90, meu “projeto pessoal” era fugir da “dependência” de uma “corporação”, a Microsoft, e nunca me senti 100% confortável em cair na dependência de outra empresa, a Canonical, que desde longa data deu todas as mostras possíveis e imagináveis de comportamento errático e, em todos os episódios, de tentar impor suas decisões (privadas) à “comunidade”.

Foi por isso (ainda é por isso) que não me senti tranquilo, enquanto não me senti capaz de usar, “confortavelmente”, os “troncos principais” da “árvore de distros Linux”. – Tanto os grandes “ramos” empresariais (Red Hat, SuSE), quanto as grandes comunidades (Debian e antiX / MX Linux, Arch, Mageia, Void, por exemplo). – Só de uns 4 ou 5 anos para cá, finalmente consegui isso. Hoje, se qualquer dessas empresas ou comunidades se acabar, o “líder” endoidar, ou tomar um rumo que não me agrade, não perco mais do que 1 ou 2 minutos para reiniciar o computador e continuar trabalhando / me divertindo, como se nada tivesse acontecido.

(No caso do Kubuntu, foi em 2019, quando seu “development-branch” substituiu o chromium.deb por um chromium.snap2. – Reiniciei, continuei com outra distro qualquer, e quando encontrei um tempo livre, o removi para sempre. – Hoje, ainda uso o KDE Neon).

Sei que 99% dos colegas não vêem as coisas desse jeito. – Mas de 1986 até 2016 perdi milhares de horas de trabalho (e de diversão, lazer, família, férias), devido a sucessivas “mudanças bruscas”, falências, incorporações; e muitas vezes, a “obrigação” de comprar outro hardware, de uma hora para outra. – Isso, como “usuário único”. Se tivesse 5 funcionários, ou 50, talvez pudesse pagar um “profissional”… e talvez ele me “mandasse” gastar os tubos para “resolver” cada um daqueles desastres. – Nunca fui “profissional de TI”, e jamais ganhei 1 centavo, com nenhuma daquelas mudanças malucas, reaprendizagens forçadas, reorganização de rotinas a toque de caixa etc., para continuar “entregando”, dentro de prazos aceitáveis, o que a “freguesia” esperava de mim.

  • Esse é o ponto de vista de um profissional de qualquer área – “fora-da-área-de-TI” – com quase 40 anos de uso de “computador”, como mera “ferramenta” para outra profissão qualquer.

Hoje, nem tenho mais tantos compromissos (“simplificar” minha vida tem sido meu “foco” há vários anos) – mas sei que estou a salvo dessas tempestades, desastres súbitos etc. – Bastam 1 ou 2 minutos, e continuo, exatamente de onde parei… com outra distro qualquer.

Uso o openSUSE (me atende bem, até agora), o Fedora (principalmente, para “vigiar” as “novidades” e “invenções” que, amanhã, talvez venham a me afetar em outras distros) – mas já faz mais de 1 ano que uso, principalmente, o Arch Linux (99% do tempo) – e considero Debian, MX Linux e Mageia bastante confiáveis, para um profissional “não-de-TI”.

Em cada distro, um dos parâmetros que considero primordiais é, exatamente, a oferta de pacotes “oficiais” para as (poucas) coisas que preciso fazer. – E disso, excluo qualquer “ânsia” de “querer tudo e mais um pouco”. – O peixe morre é pela boca (ou, pelo olho gordo).

Bom… Não sei se ainda vou viver mais 100 ou 200 anos – por isso, mantenho o Void, o Slackware, o Redcore, que ainda não domino tanto quanto gostaria – mas que, quando tiver um tempinho sobrando aqui e ali, quem sabe…

Funcionam bem, para mim – e os únicos impasses são, só, “uma questão de tempo”.

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RHEL não está fazendo algo parecido com o que o Ubuntu fez. Ela simplesmente está deixando de empacotar, mas você ainda continua tendo liberdade para usar o AppImage, Flatpak ou você mesmo gerar seu próprio RPM. Seria diferente se ela tivesse um formato proprietário focado no mundo corporativo e obrigasse você a ter aquele pacote por lá.

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Reanalisando a noticia após o seu relato, achei muito positivo a Red Hat anunciar com uma certa antecedência sobre a mudança, da tempo para a comunidade se preparar ou migrar para outro sistema com calma, ao invés de implementar de surpresa a mudança.

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Pois é, a comunidade Linux aceita tudo que a Red Hat faz e tenta excluir as alternativas ao que a Red Hat oferece. Como a Red Hat é envolvida com o flatpak, então tudo bem, né? Enquanto isso a Canonical é xingada por quase tudo que faz, até duas linhas no terminal promovendo o Ubuntu Pro foi motivo para xingamento.
Veja também as vezes (não foi apenas uma vez) que os desenvolvedores do Gnome zombaram da System76 por ela estar criando sua própria DE. Nem preciso dizer qual é a relação entre a Red Hat e o Gnome, né?
Vejo também algumas coisas tóxicas envolvendo o Wayland e a comunidade do Fedora, mas vou deixar isso quieto para evitar polêmica.

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Cara, me perdoe, mas você acabou de passar pano para a Red Hat. A Canonical impede ninguém de usar AppImage ou Flatpak, qualquer um em seu Ubuntu pode usá-los. O que a Red Hat está fazendo agora com o LibreOffice é exatamente igual ao que a Canonical fez com o Firefox e com o Chromium.

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Seria interessante quando você colocar esse tipo de comentário postar links e as fontes de onde tirou essas informações (assim mais pessoas terão acesso), qual seria a relação Red Hat GNOME? O GNOME é um projeto suportado por diversas companhias não somente a Red Hat; então que tal você dissertar sobre o assunto? fiquei bem interessado agora em saber o que você não precisa dizer.

Se não me engano o próprio LibreOffice disponibiliza seus próprios pacotes no site deles, incluindo pacotes .rpm

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Acontece que não é exatamente o mesmo, se for ver.

A Canonical mudou e forçou um formato com esses pacotes, ao você rodar um sudo dnf install libreoffice, não vai instalar um flatpak, ao contrário do que ocorre com o sudo apt install chromium-browser, que instala um Snap.

Nesse caso seria o mesmo se a Canonical tivesse removido os pacotes .deb do LibreOffice do seu repositório, sem colocar nada no lugar, deixando os usuários escolherem como querem instalar, e sem entregar o LibreOffice instalado por padrão no Ubuntu. Seria um sistema sem suíte office por padrão.

Eu não tenho problema com o uso dos Snaps necessariamente, para mim eles têm todo o direito e usar snaps no sistema inteiro, e parece que é isso que vão fazer lançamentos futuros até.

A “desculpa” de gastar menos tempo empacotando e mais tempo focando em algo que importa mais, é completamente justificável, inclusive com os snaps.

As pessoas podem reclamar, especialmente pelos snaps apresentarem um comportamento meio errático em relação há algumas contrapartes em .deb, mas era a Canonical que tinha que arcar com os custos de empacotar tudo em .deb para diversas arquiteturas, para diversas versões do Ubuntu, e ainda garantir que tudo esteja seguro, com snap faz uma vez e funciona em todos, é difícil não entender esse ponto deles, ainda mais quando ninguém paga nada para usar o Ubuntu no desktop.

Nesse caso da Red Hat é a mesma coisa, corte de custos, foco em algo de maior interesse (que para nossa sorte não é só enterprise, mas uns elementos importantes para o desktop), mas a solução e os objetivos são diferentes.

Acho que essa seria uma leitura mais branda, abraços! :slight_smile:

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Acho que ele deve estar comentando sobre o Jeremy Soller, que gosta de fazer um draminha no Twitter. Um tempo atrás ele postou uma conversa entre o bassi e o alexander falando sobre o Cosmic DE de uma forma não muito amigável.
Eu não gosto como o Soller expõe essas coisas, mas já vi o Bassi no Gitlab e ele não é uma pessoa muito fácil de se lidar.

https://twitter.com/jeremy_soller/status/1577061838910390272

Já a relação Red Hat x Gnome é óbvia. Apesar de serem projetos abertos, é sábio que a Red Hat tem as rédeas no projeto simplesmente porque ela tem mais desenvolvedores nele.
A RH tem pelo menos uns 15 desenvolvedores full time no Gnome, no core mesmo, porque há outros envolvidos em aplicações e coisas adjacentes como Free Desktop e Wayland.
A Canonical mesmo só tem 1 full time, que é o Daniel Van Vugt.

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Por que a Canonical é entendida como errada pela comunidade ao fazer isso? Para mim é um problema maior um novato em Linux instalar uma distro e não encontrar um navegador e um pacote de office instalados por padrão, que ao que parece é o que as pessoas querem. Entretanto, as pessoas que querem isso certamente são no mínimo usuários intermediários.
Eu sei que qualquer um de nós aqui é capaz de desinstalar o Firefox em snap para instalar o Firefox por outros meios, então as pedras que atiram contra a Canonical não faz sentido.
As pessoas reclamariam por falta de liberdade se um sudo apt install firefox instalasse um flatpak? Eu duvido muito.

O @frc_kde já matou a charada. O ponto não é sobre as empresas ou sobre as distribuições, mas como a gente se coloca num mundo sujeito a mudanças. Então cada um deve fazer sua própria análise se concorda ou não (filosoficamente e eticamente) com a distribuição, e estar preparado para amanhã haver uma mudança que torne essa distribuição insuficiente a julgar pelos seus preceitos.

Como as pessoas são diferentes, alguns vão aceitar que os sistema seja proprietário e com propagandas, como o Windows. Outros já serão mais radicais no sentido de não aceitar pacotes que não sejam livres e empacotes pela própria distribuição.

Falando sobre mim, não tenho nenhuma distribuição de reserva, mas uso o Gentoo que tem uma filosofia extremamente radical já pra não me incomodar com futuras mudanças. Obviamente isso também traz algumas dificuldades com algumas aplicações que eu quero usar rapidamente ou que são proprietárias. Para esses casos eu recorro ao flatpak. Se eu analisar bem, meu comportamento está parecido com a Red Hat, pois no dia que eu não quero me incomodar de compilar e/ou ajustar meu sistema a algum pacote, eu instalo no flatpak. A vantagem é que minha decisão afeta somente a mim, enquanto a RH está afetando uma base grande de usuários.

Em suma, quem não quiser inflar seu sistema com flatpaks terá que migrar de distribuição no momento que perceber que a atual versão do RHEL e Fedora não lhe atendem mais.

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Nesse link que você mandou, o Bassi e o Alexander em especial foram bastante maldosos, mas também dá para perceber que o Chris está duvidando das capacidades da System76 implicitamente.
Enfim, se alguém pretende ir “contra” ao que a Red Hat apoia, então que esse alguém se prepare para receber comentários maldosos. Ontem, por exemplo, eu vi uma pessoa no Reddit rebaixando a Canonical por ela ter apresentado alternativas ao Gnome Shell (Unity), ao flatpak (snap) e ao wayland (mir).

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O problema maior é ele encontrar e ser o empacotado da pior maneira entre as opções existentes.

Eu vejo um monte de pessoas reclamando que a Canonical está retirando a liberdade de escolha delas, sendo que você ainda pode instalar um app por diversos meios.
Sobre o snap, sinto que as pessoas fecharam os olhos para ele e ignoram as melhorias que vêm sendo feitas nele. O firefox snap é um exemplo de app que antes era horrível, mas que agora está bom.

Eu não tenho problemas com empresa x ou y nem com empacotamento x ou y. A Red Hat em especial traz grandes contribuições para a comunidade GNU/Linux. Eu uso flatpaks em todas as distribuições que eu uso fora do Ubuntu, pois é perceptível que os snaps foram feitos pensando-se no Ubuntu. Meu problema é quando alguém se esforça muito para achar motivos para massacrar um projeto x porque acha um projeto y melhor.
Para você ter ideia, eu tenho visto cada vez mais pessoas desejando que a Canonical desista do desktop para focar em nuvem, e essas pessoas não percebem que tal coisa seria prejudicial para a comunidade Linux como um todo.

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