Vejo essa mesma questão, porém de um outro ângulo:
Numa distro “tradicional”, o conjunto de pacotes (Aplicativos, Bibliotecas e tudo mais) oferecidos nos repositórios “oficiais” mantêm uma “consistência” – cada um funciona bem com todos os demais – e se algum deles m1j@r fora do penico, isso é logo percebido por inúmeros usuários, os mantenedores são alertados, corrigem o problema, e logo uma atualização resolve o impasse.
Poderíamos, talvez, ver nisso, algo como uma “solidariedade” – entre os pacotes “oficiais”, os usuários, os mantenedores (e os desenvolvedores upstream, que são retro-alimentados com esse feedback). – Enfim, uma “solidariedade” entre toda a “comunidade” de cada distro (e upstream, entre toda a “comunidade Linux” em geral).
Dá trabalho? Com certeza! – Custa “caro”? – Sim, no caso das “empresas”, cujos lucros, a cada dia, se colocam, cada vez mais, acima da “comunidade” ou acima de qualquer “solidariedade”.
Percebo isso, principalmente, nos casos da Canonical, Red Hat e SuSE. – Logo que o Kurumin foi descontinuado, “adotei” o Kubuntu como tábua de salvação (e até hoje louvo a importância daquela “jovem” Canonical, um tanto quixotesca). – Mas desde os anos 90, meu “projeto pessoal” era fugir da “dependência” de uma “corporação”, a Microsoft, e nunca me senti 100% confortável em cair na dependência de outra empresa, a Canonical, que desde longa data deu todas as mostras possíveis e imagináveis de comportamento errático e, em todos os episódios, de tentar impor suas decisões (privadas) à “comunidade”.
Foi por isso (ainda é por isso) que não me senti tranquilo, enquanto não me senti capaz de usar, “confortavelmente”, os “troncos principais” da “árvore de distros Linux”. – Tanto os grandes “ramos” empresariais (Red Hat, SuSE), quanto as grandes comunidades (Debian e antiX / MX Linux, Arch, Mageia, Void, por exemplo). – Só de uns 4 ou 5 anos para cá, finalmente consegui isso. Hoje, se qualquer dessas empresas ou comunidades se acabar, o “líder” endoidar, ou tomar um rumo que não me agrade, não perco mais do que 1 ou 2 minutos para reiniciar o computador e continuar trabalhando / me divertindo, como se nada tivesse acontecido.
(No caso do Kubuntu, foi em 2019, quando seu “development-branch” substituiu o chromium.deb por um chromium.snap2. – Reiniciei, continuei com outra distro qualquer, e quando encontrei um tempo livre, o removi para sempre. – Hoje, ainda uso o KDE Neon).
Sei que 99% dos colegas não vêem as coisas desse jeito. – Mas de 1986 até 2016 perdi milhares de horas de trabalho (e de diversão, lazer, família, férias), devido a sucessivas “mudanças bruscas”, falências, incorporações; e muitas vezes, a “obrigação” de comprar outro hardware, de uma hora para outra. – Isso, como “usuário único”. Se tivesse 5 funcionários, ou 50, talvez pudesse pagar um “profissional”… e talvez ele me “mandasse” gastar os tubos para “resolver” cada um daqueles desastres. – Nunca fui “profissional de TI”, e jamais ganhei 1 centavo, com nenhuma daquelas mudanças malucas, reaprendizagens forçadas, reorganização de rotinas a toque de caixa etc., para continuar “entregando”, dentro de prazos aceitáveis, o que a “freguesia” esperava de mim.
- Esse é o ponto de vista de um profissional de qualquer área – “fora-da-área-de-TI” – com quase 40 anos de uso de “computador”, como mera “ferramenta” para outra profissão qualquer.
Hoje, nem tenho mais tantos compromissos (“simplificar” minha vida tem sido meu “foco” há vários anos) – mas sei que estou a salvo dessas tempestades, desastres súbitos etc. – Bastam 1 ou 2 minutos, e continuo, exatamente de onde parei… com outra distro qualquer.
Uso o openSUSE (me atende bem, até agora), o Fedora (principalmente, para “vigiar” as “novidades” e “invenções” que, amanhã, talvez venham a me afetar em outras distros) – mas já faz mais de 1 ano que uso, principalmente, o Arch Linux (99% do tempo) – e considero Debian, MX Linux e Mageia bastante confiáveis, para um profissional “não-de-TI”.
Em cada distro, um dos parâmetros que considero primordiais é, exatamente, a oferta de pacotes “oficiais” para as (poucas) coisas que preciso fazer. – E disso, excluo qualquer “ânsia” de “querer tudo e mais um pouco”. – O peixe morre é pela boca (ou, pelo olho gordo).
Bom… Não sei se ainda vou viver mais 100 ou 200 anos – por isso, mantenho o Void, o Slackware, o Redcore, que ainda não domino tanto quanto gostaria – mas que, quando tiver um tempinho sobrando aqui e ali, quem sabe…
Funcionam bem, para mim – e os únicos impasses são, só, “uma questão de tempo”.