Budgie-Desktop, ambiente gráfico principal da distribuição Solus.
Joshua Strobl divulgou nas redes sociais (Facebook/Twitter) a seguinte mensagem:
“Dado o estado do GTK4, as intenções do GNOME com relação aos temas e abrindo a porta para a fragmentação, alterações propostas para GTK5 e falta de confiança de que o GNOME está produzindo um ecossistema justo para a comunidade Linux, Solus trabalhará para construir um ecossistema com EFL. Budgie 11 não usará GTK.”
O assunto é bem extenso, visto que são inúmeros motivos, mas resumidamente, Joshua se refere ao engessamento que a GNOME vem aderindo ao ambiente nos últimos anos, cujas mudanças Joshua considera como regressões na experiência Linux para Desktop.
“Ficar com GTK3 para Budgie 11, que não só precisaria ser desenvolvido, mas também subsequentemente mantido por prováveis anos, foi reconhecido como não sendo sustentável a longo prazo. Portanto, continuamos a oferecer suporte ao Budgie por meio de sua série 10.x, construída em GTK3, e garantimos que ele suportasse novos lançamentos do GNOME, ao mesmo tempo em que introduzíamos melhorias de qualidade de vida ao longo do caminho. Estávamos otimistas com o lançamento do GTK4 e empolgados com seu lançamento em dezembro de 2020, que era muito esperado depois de alguns atrasos pelo GNOME. No entanto, GTK4 não correspondeu às nossas esperanças e expectativas.”
Até a data desta publicação (14 de Setembro de 2021), Joshua acredita que EFL parece ser a melhor alternativa ao GTK.
Resumindo:
GTK4 não atendeu às nossas expectativas desde seu lançamento em dezembro de 2020, nem estamos satisfeitos com seu estado no momento da redação deste post.
Os planos atuais do GNOME para mudanças em como os temas funcionam são vistos como regressivos para o Desktop Linux, desenvolvedores e escolha do usuário.
Não acreditamos que o GNOME esteja tratando sua comunidade, de usuários individuais a sistemas operacionais inteiros, de maneira equitativa e respeitosa com a escolha de como eles desejam cuidar de sua própria experiência.
Budgie 11 não será escrito em GTK4.
Para Budgie Edition: estaremos trabalhando na substituição do software desenvolvido pelo GNOME por outros desenvolvedores de software alternativo, bem como por soluções “internas”. Eles não estarão necessariamente sob a organização GetSolus nem serão associados ao Budgie. A adoção do Budgie daqui para frente (pelo menos até Budgie 11, quando nós tivermos nosso próprio Centro de Controle) não exige e nem exigirá o uso de nossos próprios aplicativos. Isso permanece verdade até mesmo para Budgie Desktop View, nós apoiamos alternativas como Desktop Folder como alternativas de implementação de “desktop” no Budgie.
O GNOME Edition será rebaixado para uma edição sem curadoria e movido para uma posição inferior em nossa página de Downloads em uma versão futura do Solus.
Temos isso com os desenvolvedores do Budgie; tivemos o pessoal do LXDE insatisfeito com as mudanças no GTK e partindo para o LXQt; temos as queixas da equipe do Pop!_OS quanto às propostas para o GNOME 41 que dificultam adaptações visuais…
Sem contar o abalo sísmico que foi o GNOME 3. Um trauma que levou a criação do MATE e do Cinnamon como respostas rebeldes às mudanças radicais do projeto.
Quando vi a notícia da construção de um novo ecossistema alternativo ao GTK, no primeiro momento pensei que Budgie agora seria em Qt, mas não, por enquanto estão pensando no EFL, deixando Qt como segunda melhor alternativa.
Budgie 10 seria lançado em Qt, mas como seria necessário reconstruir tudo novamente, voltaram atrás e continuaram em GTK, e agora isso de novo, então aparentemente são questões e problemas mais visíveis para desenvolvedores.
Confesso que estou ansioso para ver essa nova reconstrução do Budgie-Desktop em EFL.
E também tem a Canonical que fez uma parceria com o Google e os próximos apps para desktop vão ser feitos com Flutter. O instalador da 21.10 já vai ser assim.
Pois é! Mas a equipe do Budgie está agora disposta à trabalheira de refazer tudo; o que indica uma enorme preocupação com os rumos do projeto GNOME. Periga o GNOME entrar num caminho só para si, e deixar de ser uma das bases do Mundo Linux.
No mais, acho interessantíssima essa escolha do EFL para base do novo Budgie, porque contaremos com mais um “sabor” de interface gráfica. E o Solus vai se tornar ainda mais “diferentão” e inovador.
Vi a postagem do Joshua hoje mais cedo no r/solus. Fiquei bem triste em saber que o time do Gnome está “tretando” além da conta, como já se não bastasse o problema recente com o pessoal da System76…
Realmente uma quebra de paradigmas, além do Budgie ser um filhote bem parecido com o Gnome, a própria importância do Gnome desktop no solus é enorme, sendo inclusive, uma das interfaces favoritas nos downloads
Eu acho uma perda de tempo, mas software livre é isso, se não gosta de um rumo, dê um fork e siga por um outro caminho.
Mas acho que depois de uns anos eles vão acabar abandonando a plataforma, porque vai ficar difícil manter distro e desktop ao mesmo tempo, além dos aplicativos.
GNOME vem deixando cada vez mais claro que ele considera o GTK mais como uma biblioteca para construir apps para o GNOME do que um toolkit GUI genérico que por coincidência tem os mesmos desenvolvedores. Já vi as duas respostas naturais a isso: XFCE e Cinnamon aproximando-se da identidade visual do GNOME (como CSDs), e LXQt e agora Budgie tentando (de novo) romper o cordão umbilical.
Resta saber se talvez esse é o impulso que falta para surgir um derivado popular do Enlightenment.
Vale lembrar que postar essa tirinha pra defender a permanência no GTK é meio irônico quando o mesmo surgiu e se tornou popular principalmente devido à divergências com os rumos do Qt, em 1997.
Descascaram o pessoal do GNOME e do GTK LOL, o mais tenso é que muito provavelmente se eles começarem EFL não vai ter volta, EFL tem API almost estável, então o custo de manutenção será apenas correção e implementação de recursos… O solus se sobreviver a migração só vai ter a ganhar
Na verdade, eu acho que a System76 está meio que querendo tomar o GTK para si e fizeram a cabeça de alguns desenvolvedores, como o do Solus. No r/linux, até comentaram se não seriam mais fácil só criar sua própria biblioteca no lugar da libadwaita (o que causou todo o alvoroço), mas o desenvolvedor se enrolou e não respondeu o cara direito. A maioria dos comentários era sobre o fato de que o esforço de manter uma DE seria muito maior que alguns ajustes no GTK. Eles disseram que dão conta.
Eu defendo o GTK, acho a única biblioteca decente e madura existente, com apoio de inúmeras empresas, vários desenvolvedores.
Há muita crítica em torno dos desenvolvedores, mas talvez a postura deles tenha sido o motivo para ele durar tantos anos e ser mais estável e usado por empresas.
Isso tudo não me surpreende, não é a primeira vez e não vai ser a última com certeza. Os desenvolvedores dessa nova geração do Gnome (a partir da 3), são bem conhecidos na comunidade por serem muito mente fechada e irritáveis. Quem acompanha o projeto no GitLab sabe que quase sempre quando alguém faz alguma sugestão de funcionalidade que é muito requisitada, eles ignoram ou mandam a própria pessoa desenvolver pra aí eles verem se vão aceitar ou não, esquecendo que muitos desses usuários não tem conhecimento técnico pra isso, e as vezes, até dizendo que se a pessoa não faz doação ou contribuição pro projeto a opinião dela não importa. Gosto do Gnome e da filosofia dele, mas cada vez mais considero me distanciar do projeto. Eles estão se focando mais em adaptar o sistema pra mobile, o que todo mundo sabe que não vai levar a nada já que todos falharam em diminuir o duopolio até então e não vai ser o Purism com Gnome que vai, ao invés de fazerem o que a maioria dos usuários que usam o sistema querem.
Interessante, um juraria que um caminho mais pavimentado para o Solus seriam o Qt. Eu até acho o Enlightenment bacana, mas o Qt tem muito mais profissionais e documentação, se o GTK é meio nichado, o EFL então nem fala. Vejamos como vai ser, eu já fiquei curioso pra ver como vai ficar essa nova versão.
Os desenvolvedores do Budgie estão dispostos à trabalheira porque, pelo jeito, entendem que a relação com o projeto GNOME só tende a se complicar. Não querem a solução mais fácil para o momento, mas algo consistente e de longo prazo.
As questões com o projeto GNOME vêm desde o surgimento de MATE e Cinnamon, passando pelo abandono do LXDE pelo surgimento do LXQt etc. Não se resumem a disputa da turma da System76 unida a seus amigos do Solus.
Enquanto isso, o KDE continua ganhando terreno em seu trabalho de formiguinha. E os ambientes gráficos de base Qt só vão crescendo em número e variedade.
Exato. Deixamos de ver ambientes gráficos sendo criados em GTK para ver outros sendo criados em Qt, o que faz total sentido, porque, assim como foi levantado na discussão, o GTK, querendo ou não, está longe de ser uma toolkit genérica para uso geral assim como o Qt.