É quase uma data oficial como o Natal ou a Páscoa, cada versão “04” do Ubuntu Desktop sempre vem acompanhada de um lançamento do Projeto GNOME. Mas isso não irá ocorrer na próxima versão do Ubuntu 21.04 (Hirsute Hippo), que deverá manter a versão 3.38.x do ambiente GNOME como interface padrão.
Em um post recente no Discourse do Ubuntu, o desenvolvedor Sebastien Bacher:
"The topic of what to do about the new GNOME started being discussed and after some consideration we decided to stick to GTK3 and GNOME 3.38 this cycle.
There are quite some moving parts in GNOME 40
The new shell design, is it going to be fully ready in one cycle? what’s the impact on our desktop and extensions? it’s likely that we will have design questions to resolve and non trivial code changes
GTK4 is out, Debian is packaging it (currently waiting on NEW review) so that part shouldn’t create extra work for us but then what’s the impact? is the new version stable enough? GNOME isn’t likely to transition fully over a cycle, does it bring risks? Yaru and the new GTK, how ready is it?
Those are topics we are going to spend resources on and ideally we would be helping to move things forward, but it’s already mid-cycle, we didn’t account for any of those and the team is already overworked."
Segue uma tradução livre do trecho:
O tópico sobre o que fazer com o novo GNOME começou a ser discutido e após algumas considerações decidimos manter o GTK3 e GNOME 3.38 neste ciclo.
Existem algumas questões sobre o GNOME 40 que o time do Ubuntu ainda precisa responder para garantir uma migração sem problemas:
O novo design do shell ficará totalmente pronto em um ciclo? Qual é o impacto em nosso desktop e extensões? É provável que tenhamos questões de design para resolver e mudanças não triviais no código
GTK4 foi lançado, o Debian está empacotando-o (atualmente esperando por nova revisão) para que essa parte não crie trabalho extra para nós, então qual será o impacto? A nova versão é estável o suficiente? O GNOME provavelmente não fará uma transição completa ao longo de apenas um ciclo, isso traz riscos? Yaru e o novo GTK, quão pronto estarão?
Esses são tópicos nos quais vamos gastar recursos e, idealmente, estaríamos ajudando a levar as coisas adiante, mas já estamos no meio do ciclo, não avançamos em nenhum deles e a equipe já está sobrecarregada."
O que podemos retirar de todo esse trecho é que existem mudanças demais ocorrendo no ecossistema GNOME e no GTK, e não há garantias de que tudo estará suficientemente testado e maduro para ser incluído no próximo lançamento da Canonical, que deverá ocorrer em cerca de 3 meses.
Mesmo não sendo uma versão LTS, o Ubuntu Desktop 21.04 é uma solução focada no mercado empresarial, portanto, qualquer quebra no design do ambiente pode impactar na produtividade dos clientes.
O que você acha dessa decisão da Canonical? Considerada um acerto ou um erro?
Antigamente coisas novas só vinham como um “todo” e só existiam poucos OS. Hoje por termos inumeros OS diferentes então um certo “conservadorismo” é bem-vindo, pois a Canonical é uma Empresa muito grande que presta serviços para outras Empresas. Claro que não é possível agradar a todos, ainda mais no mundo de hoje, mas quem não ficar satisfeito com as decisões da Canonical, outras distros estão ae e receberão de portas abertas novos usuários. Eu penso realmente ser cedo demais para uma distro do calíbre do Ubuntu atualizar para o Gnome 40. Deixa isso para os desenvolvedores e entusiastas “amadurecerem” o Gnome 40 para quem sabe em um Ubuntu 22.04 estar disponível.
Embora não conheça nada sobre Canonical, como tem coisas novas vindos e vai ser lançado novo Ubuntu em abril, ou seja, pouco tempo para mudar as coisas, então faz sentindo eles manterem Gnome 3.38 no 21.04 .
Decisão bem acertada (eu já esperava por isso). O Ubuntu é conhecido por manter certo grau de estabilidade e essa decisão reflete isso. É algo condizente com a proposta do sistema.
Para mim é um acerto. Não gosto do novo design, e se vão ter que mudar coisas, é óbvio que é melhor não aderir a ele agora. O Xfce mudou para CSD e nem tudo ainda tá com headerbar, muito menos GTK4, imagina o Gnome em tão pouco tempo. Se for pra abrir o gnome-settings em GTK4 mas o Nautilus ainda estiver em GTK3, por assim dizer, não quero.
A única coisa qe me interessa na nova shell é saber se o sistema funcionará legal com placas da nvidia, assim com é no Windows. Mas sinceramente, estou mais inclinado a obter uma placa da AMD, mas ainda não consegui.
Acho que é mais questão de tempo, fica muito em cima para ver o que será preciso para implementar as coisas do Ubuntu, como ícones, temas, extensões, aliás, o que vai ter de extensão quebrando…
Se bem que agora com o GnomeOS, dá para testar as extensões de antemão, mas como nem mesmo o visual do Gnome 40 está definido, fica meio complicado atuar em possíveis atualizações.
Eu me lembro quando houve a migração do Gnome 2 para o Gnome 3, as reações foram bem parecidas. Eu testei um pouco do Gnome 40 no Fedora 33 e realmente é meio “diferente”. Penso que é cedo para dizer que eu não gostei, porque não tem nada pronto ainda.
Eu queria muito ver o Gnome 40 no 21.04, mas ainda tem muitas questões a serem resolvidas. Até a 21.10 provavelmente o Gnome e as customizações do Ubuntu já vão estar mais maduras.
A mudança do Gnome 2 para o 3 foi bem mais impactante, pois o Gnome 3 não só mudava todo o paradigma de desktop, mas ele era também bem incompleto, bugado e muito pesado.
O Gnome 3 só veio a ficar decente mesmo, na versão 3.28, quando a Canonical entrou na parada.
Essa mudança do Gnome 40 é um pouco mais suave, pois as mudanças não são tão grandes assim, apesar de causar reboliços.
Cara, entendo a sua opinião, mas esse design novo está lindo, não tem nem condições. Desculpa, mas eu tenho que discordar com muito orgulho de você.
Não só visualmente, mas as animações, o workflow do ambiente etc. Faz o GNOME 3 parecer algo ultrapassado.
Assim com você expressou sua opinião, novamente, expressarei uma minha: o GNOME 40 tornará indiscutível qual ambiente oferece a melhor experiência (por padrão, caso queira).
Decisão totalmente acertada, de acordo com a proposta da Canonical. Eles são uma empresa que presta serviço corporativo, não podem se dar ao luxo de arriscar uma versão tão nova de uma DE com o risco de bugar tudo e parar a produtividade de seus clientes.
Quem quiser usar, usa o Fedora, lá com certeza vão colocar.
Eu tenho algumas ressalvas aqui e ali, mas no geral estou confiante que o “produto” final será bom. Depois de pronto, cada um vai ter que decidir se abraça a mudança ou pula fora.