A pergunta cria um falso dilema – e pode nos levar a condenar todos os usuários que não recomendam o DE “Gnome” – ou que não têm adoração incondicional por qualquer decisão que a Canonical venha a tomar.
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Afinal, existe uma “obrigação”, de todos nós recomendarmos “Gnome”??
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E a Canonical já tomou muitas decisões “polêmicas”. – Todo dia novas pessoas vêm ao mundo, e as mais novas estão percebendo agora. – Como já tem 6 anos que abandonei o Kubuntu, só lembro (vagamente) das tretas de antigamente.
Eu sempre recomendei o Linux Mint – e minha distro “principal” foi o Kubuntu LTS, durante quase 10 anos. – Ambos são “Buntus” LTS.
Fiquei muito feliz com o Mint KDE – que substituía, com vantagem, o Kubuntu. – Infelizmente, o time do Mint é pequeno demais, e tiveram de desistir do KDE.
Com o passar do tempo, fui me acostumando com inovações frequentes – e passei a usar mais o KDE Neon do que o Kubuntu (ou o Mint KDE). – E o KDE Neon também é um “Buntu” LTS (ou, era).
Sei que alguns fãs do Gnome (não todos!), volta e meia, tentam “passar a ideia” de que o Gnome deveria ser colocado num pedestal, como se fosse “o DE do Linux” – e os demais DEs, em um degrau (muito) inferior.
– Não concordo, mas defendo a liberdade de pensamento… desde que não queiram me proibir de pensar diferente.
Eu sempre usei KDE. – Não tenho nenhum motivo para sair recomendando Gnome para todos os novatos. – E quem prefere Xfce? E quem prefere Cinnamon? E quem prefere WM? – Também seriam “obrigados” a recomendar Gnome?
Sempre usei KDE – mas sempre recomendei Linux Mint Cinnamon – por considerar a opção mais razoável, para se recomendar a quem nunca viu “Linux” na vida.
Um “Buntu” com alguns ótimos ajustes – e com um DE familiar ao novato.
O falso “problema” vem da anomalia da Canonical – ao separar diferentes DEs, como se fossem “distros” (ou “sabores”, vá lá).
Os “Buntus” são a única distro que se apresenta como “várias distros”, ou vários “sabores” – e “Ubuntu” significa, rigidamente, “Gnome”.
Quando se pensa no “market share” do openSUSE, ou do Fedora, ou do Debian, ninguém pensaria em contabilizar unicamente as estatísticas do openSUSE Gnome, ou só os números do Fedora Gnome, ou só os do Debian Gnome.
Isso não existe – exceto na sorveteria da Canonical:
Esse é o 1º ponto a ser levado em consideração, quando alguém diz que “não recomenda Ubuntu”.
Um 2º ponto, chama-se “Canonical” – ou mais especificamente, “Mark Shuttleworth” – que fez um ótimo trabalho de tornar o “Linux” amigável, fácil, “acessível a qualquer iniciante”, e com isso ajudou a popularizar o “Linux”… mas revelou-se um pequeno Napoleão, disposto a tudo, para ditar os rumos, em vários aspectos-chave do “Linux”.
Tentou tomar a frente do desenvolvimento do “Linux” em vários itens – jogando para escanteio as iniciativas que já existiam – e dividindo os esforços da “comunidade”.
Investiu em todas as direções, como se fosse conquistar o mundo numa blitzkrieg. – Na verdade, dispersava suas forças (que não eram infinitas), assim como dispersava seus recursos financeiros (como ficou claro, depois).
Criou caso com quase todo mundo – não só na “comunidade” – como também, com várias empresas que investiam no “Linux”.
No final, largou tudo aquilo – deixando órfãos os que embarcaram naquela onda toda – e abandonou o “desktop” como foco principal, porque não dava retorno suficiente para atrair acionistas (quando seu dinheiro se mostrou insuficiente).
Eu ainda estava tentando adaptar meu fluxo de trabalho ao “Linux”, e nunca me aprofundei naquelas confusões criadas pela Canonical (aliás, por Mark Shuttleworth). – Fiz apenas um levantamento rápido, aqui, sem entrar no mérito de cada questão.
Eu estava migrando meu trabalho (organizadamente), do Windows para o “Linux”, exatamente para me livrar de “decisões proprietárias” – e fui percebendo que ficar dependente das decisões malucas de Mr. Mark Shuttleworth não era, propriamente, “alcançar a liberdade”.
O Mint KDE se mostrou uma ótima alternativa – pois a equipe do Mint sempre “protegeu” seus usuários contra os terremotos causados por Mark Shuttleworth.
Um dia, a equipe do Kubuntu saiu (ou foi saída) – e criou o KDE Neon – que também se mostrou confiável, contra os abalos sísmicos causados por Mark Shuttleworth.
Mas, eu ainda não me sentia muito seguro. – Aliás, o próprio Mint mantém uma versão “de reserva”, o Linux Mint Debian Edition (LMDE), por medida de segurança.
(E hoje, já sabemos que o KDE Neon será substituído por uma base Arch).
Por isso, tratei de experimentar todos os “ramos principais da árvore de distros Linux” – Debian (e LMDE, Devuan, MX Linux), Fedora, Slackware, openSUSE, os filhotes do saudoso Mandrake (Mageia, PCLinuxOS), o Arch, o Void, e alguma coisa do Gentoo (Sabayon, Redcore). – Fiz isso em “multi-boot”, com toda calma, para nunca mais ficar dependente de qualquer Canonical da vida, ou de qualquer terremoto que possa abalar alguma “comunidade”.
O Fedora e o openSUSE também estão sujeitos a “decisões proprietárias” (empresariais) – mas até hoje nunca embarcaram em aventuras malucas.
Estou muito feliz com o Arch Linux, instalado “BTW”, ou “RTFM”, mas me sinto à vontade – em maior ou menor grau – com openSUSE, Debian (testing), Fedora, Mageia (cauldron), Void, MX Linux.
Não vejo motivo para voltar a depender de 1 única distro – e muito menos, para recomendar “Ubuntu Gnome” aos iniciantes.
Não vou recomendar MX Linux, pois exige alguma leitura, e muita “interpretação de texto”. 
Também não recomendo Manjaro, pois é tão fácil, que num instante o iniciante começa a fazer tudo que não deve (sem ler, nem entender), e quebra. – Consertar é fácil… mas só para quem lê, e entende o que leu.
Espero que essas considerações ajudem a entender por quê “nem todo mundo recomenda Ubuntu Gnome”.