Haverá futuro para as máquinas de 32 bits (i386) depois de 2038?

Uma coisa que gosto bastate nas distros Linux, em especial o Debian e distros derivadas destes com foco para computadores antigos é seu suporte para várias arquiteturas, em especial a i386, voltada para computadores com processadores 32-bits, sem suporte ao 64-bit. Quem tiver pelo menos 30 anos concerteza deverá ter pelo menos um micro antigo com estas especificações, se não tiver desfeito dele.

Os sistemas operacionais proprietários Windows e macOS aumentam a barra e exigem hardwares cada vez mais modernos para poder rodar a última versão (Ver os requisitos do Windows 11 e do macOS sonoma), uma obsolescência programada que contribui para o aumento desnecessário do lixo eletrônico. Distros populares voltadas para iniciantes como o Ubuntu (Deriviado do Debian Unstable) abandonarem o suporte a 32-bit (a última a suportar foi a versão 18.04 LTS).

O Debian, por sua vez, mesmo na versão mais recente (12 bookworm) ainda vem com suporte a 32-bit. Ambas as versões 32 e 64 bits vem com o kernel Linux 6.1 LTS. Após assistir o vídeo sobre o Pi Hole no canal Diolinux, resolvi testá-lo por mim mesmo. A única distro Linux com suporte para o 32-bits de acordo com a documentação do Pi Hole é justamente o Debian.

Inicialmente instalei o Pi Hole em uma máquina 64 bits em uma máquina virtual em uma instação limpa do Debian 12 sem interface gráfica no VirtualBox. Inicialmente aloquei 2GB para a máquina, mas como vi que a memória não estava sendo utilizada, resolvi reduzir para 256 MB. Infelizmente reduzir a memória para menos de 256 MB com um kernel de 64 bits faz que o Debian não inicie e dê kernel panic.

Pensando nas máquinas mais antigas, resolvo refazer o teste do Pi Hole, mas desta vez com a versão de 32 bits. Para instalar o Debian, tive que inicialmente alocar 512 MB de memória, pois o sistema não instalava com menos do que isso. Tentei o instalador gráfico, mas o sistema fazia fallback para o modo de texto. Não tive dificuldades de usar o modo de texto pois ele é bem parecido com o instalador gráfico, mas tem uma estética que lembra o MS-DOS. Na parte do tasksel, desmarquei todas as opções para que nenhum ambiente gráfico fosse instalado.

Usei o comando de uma linha para poder instalar o Pi-Hole, mas desta vez consegui reduzir a memória de 512 MB para 256 MB. com menos do que isso, o Pi-Hole não conseguia instalar por completo a interface web adminstrativa, ficando apenas o welcome page do lighttpd. Após concluir a instalação do Pi-Hole no Debian sem interface gráfica, consegui reduzir a memória de 256 MB para 128 MB e tenho uma máquina servidora de DNS completamente funcional consumindo apenas 50 MB de memória (veja a tela do htop)!

Entretanto, não sei haverá algum futuro para as máquinas 32-bit após 2038 e se a Comunidade do Debian continuará a lançar versões do Debian para a arquitetura i386. Há um bug documentado melhor neste artigo sobre o ano 2038, que curiosamente não afeta apenas o Linux, mas também alguns programas do Windows (!), como por exemplo o Windows Media Player 9, como demonstrado neste vídeo.

Será o ano de 2038 o fim definitivo das máquinas 32 bits, tornando-as relíquias de museu tal como as de 16 bits ou menos ou isso já foi consertado nos sistemas 32 bits mais modernos?

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Você quer rodar sistema 32 bits até 2038? :rofl:

Se já tem poucas opções hoje em dia, imagina daqui 15 anos.

Obviamente não recomendaria ninguém a usar uma máquina de 32 bits como principal nos dias de hoje, mas é interessante como por exemplo o Debian que se intitula “O sistema operacional universal” suporta várias arquiteturas ainda mantém suporte ao i386 ou vulgo 32 bits, o que pode fazer que aquele micro antigo sirva como um servidor DNS que bloqueia anúncios, pelo menos hoje, perto de 2024.

Sou contra esta pressão psicológica que algumas empresas fazem para que o consumidor tenha a versão mais recente de tudo, o que gera consumismo desnecessário e aumento do lixo eletrônico, o que leva a problemas consequentes que poderiam ser evitados.

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Já há conserto sim, no próprio Linux de 32-bits por exemplo.

A “pegadinha” é que os programas individualmente devem ser recompilados para aceitarem intervalos de tempo de 64 bits.

Nem tudo é “pressão psicológica para o consumismo desnecessário”, às vezes a tecnologia realmente avançou o suficiente para tornar insustentável o uso de software moderno naquela máquina. O Linux mesmo não roda mais nos processadores 386 onde foi originalmente desenvolvido e nos próximos anos vai deixar de rodar nos 486.

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Não sei como estará o cenário em 2038, pois o futuro é incerto, mas pelo menos em 2023 há uma boa gama de opções para quem tem um sistema mais antigo, além do Debian que usei de cobaia para o experimento do Pi Hole. Infelizmene minhas máquinas 32 bits estão com problemas e uma gravíssima crise financeira me abstém de gastar nada além do estritamente necessário para minha sobrevivência.

Acredito que o suporte ao 32 bits só vai acabar se o Linux Tourvalds decidir descontinuar o suporte a nível do kernel, mas vejo que isso está sendo feito de forma relativamente lenta para CPUs de quase 40 anos atrás (!), então aquele Pentium III ou K6-2 ainda vai poder ter seus últimos momentos antes de virarem relíquia de museu, então será o momento quando a equipe do Debian será que abandonar o suporte a 32 bits.

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O Kernel é o de menos, visto que ele pode dar suporte a 32 bits. Porém e os milhares de pacotes será que vai ter este suporte por todo este tempo?

Sou contra esta pressão também, porém colocar isso na conta de hardware com uns 20 anos pelo menos de uso já é d+. Reconheço que tem vários sentimentos ou necessidade financeira que impedem de ter um hardware mais novo, mas na tecnologia é um remédio amargo que é necessário.

Vou pegar como exemplo o Windows, se a Microsoft não tivesse cortado o suporte do Windows XP, não teríamos novos Windows.

Eu mesmo estaria usando o Windows XP felizão da vida.

PS: Tenho um notebook antigo parado (Dell Inspiron 1525 com Core 2 duo :heart:)que me traz muita lembrança, porém sei que é necessário a evolução. Não acho que tinha que ser na velocidade que é hoje de ter um novo hardware a cada 6 meses por exemplo, gostava mais de antes em que era em média a cada 2 anos senão me engano.

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É por isso, que nunca marco nenhum compromisso para depois de 2037.

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Sou grande defensor do uso do hardware pelo maior tempo possível. E, na maioria das vezes, tudo o que um hardware antigo precisa para “brilhar” é um SSD Sata básico, talvez um pouco de RAM, e, é claro, manutenção de rotina…

Pessoalmente, ainda utilizo um laptop de mais de 10 anos para trabalhar diariamente. Por que não o troquei? Não vejo qualquer necessidade. O Core i7 3537U dele, um mero dual core com HT, ainda voa baixo para as tarefas que realizo. Meu desktop, por sua vez, começou a capengar em jogos depois de 10 anos de serviço. Troquei o velho Core i5 4670K por um Ryzen. Contudo, o Core i5 continua montado em outro gabinete, trabalhando firme e forte, e ainda vai longe.

É realmente absurda a visão que algumas pessoas têm sobre hardware com poucos anos de uso - ou até relativamente muitos anos, convenhamos - ser lento ou sem utilidade. Mas essa visão muitas vezes deriva, por exemplo, do uso de disco rígido mecânico (algo comum em máquinas antigas), ou de mero desconhecimento.

Por outro lado, devemos lembrar que a arquitetura de 64 bits chegou aos computadores pessoais por volta de 1999. Em pouco tempo, foi se tornando dominante. Ao falar de processadores restritos a 32 bits, estamos falando de hardware bastante antigo e limitado. É o tipo de hardware que tende a sofrer até mesmo para simples navegação na Internet.

Nessa situação, por mais que eu defenda a preservação de hardware antigo enquanto funcionar (tenho meu primeiro computador, de 32 bits, até hoje), acaba entrando a questão do custo-benefício. Manter o suporte a máquinas muito limitadas, usadas em situações bastante específicas (dadas as limitações), acaba se tornando muito custoso e difícil de justificar ao longo do tempo, especialmente se considerarmos sistemas Linux, onde pode já existir uma limitação de pessoal e recursos.

Em resumo, existem sim situações que forçam desnecessariamente a obsolescência programada (o Windows 11 é um exemplo). Mas não creio que a situação das máquinas de 32 bits se resume a isso… Elas simplesmente se tornaram muito limitadas mesmo.

Acredito que o Debian ainda deva manter o suporte durante um ou alguns lançamentos. Mas eventualmente deixará essa arquitetura de lado também.

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hardware i386 teve seu tempo e não tem mais espaço ou sentido assim como disquete, CDs…

Na minha opinião, talvez em alguns mini sistemas em que um SO de 32 bit já atenda, tipo algum mini robô, controle remoto, brinquedo…Como sistemas de Notebook/PC (sejá lá o que teremos por aí) pra uso semelhante ao que se faz hoje, acho difícil.

discutindo um pouco as questões de visão de futuro…

Você já parou para pensar que 15 anos em 2038, vão equivaler a ~1/6 de toda a história da computação aplicada? 15 anos atrás mal tinha surgido o primeiro iPhone. É interessante também, pensar no problema que vai ser dar suporte para 32 bits em 2038. Ninguém fabricando já à vários anos, no máximo, talvez, pequenos sistemas ESP32 e olhe lá.

Com tão poucas pessoas usando, por exemplo, todo ônus do teste recai sobre o desenvolvedor, ou, na melhor das hipóteses, se “compilou passou” e esta pequena base de usuários vai acabar recebendo apps muito mal testados e inseguros.

Além disso, estes softwares poderão acabar enfrentando casos especiais em diversas plataformas, seus componentes base (bibliotecas/frameworks), cada vez mais ou já terão abandonado este legado, ou estarão perto de abandonar, e logo os “ombros de gigantes” em que este desenvolvedor se apoiava, virarão o gigante no ombro dele, se você me entende. Onde ele apenas corrigia bugs do seu software, agora ele precisa fazer patches em bibliotecas/frameworks/etc que usava.

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O grande problema do hardware 32 bits é que eles são grandes, ocupam muito espaço e são barulhentos.
Eu mesmo já teria feito muitas coisas com hardware antigo, porém o tamanho e o barulho deles me faz desistir de encontrar alguma utilidade.

Aproveitando o gancho da obsolescência programada antes que o tópico morra. Estou com um PC de testes para poder testar módulos DDR4 antes de passá-los para frente. O PC quando se instala uma certa quantidade de memória, faz que o BIOS reconheça um certo valor, mas o sistema outro.

A princípio tentei instalar o Debian 12 com o Gnome. Tanto o Monitor de Sistemas do Gnome como o comando free -h reporta apenas a memória que o sistema reconhece, não quando o BIOS detectou. Não sei o comando equivalente no Linux que reporta a quantidade que a máquina enxerga instalado.

Infelizmente tive que apelar para o Janelas. Neste quesito, o sistema proprietário se sobressai ao detectar a memória detectada e utlizável, mostrando assim: RAM 8,00 GB (utilizável 3,99 GB) por exemplo.

Atualzei para a última versão do Janelas versão 10 22H2 e de repente começaram a surgir propagandas da última versão do sistema (Que para variar exige um processador Intel de 8 geração ou um AMD Ryzen de 2 geração). O PC de testes não é antigo asssim, é um i3 de nona geração, mas já aparece como Discontinued (EOL) no site da Intel.

Como o PC é apenas para fazer testes de hardware e depois passá-lo para frente, nem vou dar ao trabalho para colocar o Janelas 11 nele embora teoricamente ele tem os requisitos para fazer isso. Peço desculpas à comunidade do pinguim, mas preciso aprender mais alguns comandos no Linux para obter as informações que preciso. Estou em fase de transição. Foram anos usando o sistema de Redmond como principal.

De repente o sistema aparece um pop up com o link para o site da MS sugerindo a troca do computador (!!!):

Abaixo trechos do artigo e em parênteses minhas considerações

À medida que o PC envelhece, o estado de funcionamento e o desempenho podem diminuir. Se notar algum dos seguintes sinais, poderá ser altura de considerar mudar para um novo PC.

  • O ventilador do PC é executado com frequência ou causa muito ruído (Não basta limpar ou trocar para uma nova?)
  • A bateria não dura tanto quanto costumava (Não basta trocar a bateria?)
  • Encontra frequentemente erros do PC, por exemplo, ecrãs azuis ou pretos (Remover os drivers problemáticos ou mesmo Instalar uma distro Linux não seria uma alternativa?)
  • Demora muito tempo a iniciar ou encerrar o PC (Trocar de um HD mecânico para SSD SATA, já não resolveria a questão?)
  • A execução de tarefas comuns demora mais tempo do que antes para o PC. Por exemplo, pode demorar mais tempo a abrir aplicações ou a executar várias aplicações ao mesmo tempo (Remover bloatwares e passar um programa que remove malwares e programas que abram não resolveria o problema?)
  • O PC tem pouco espaço de armazenamento (Não basta trocar o disco para um maior?)
  • No Gestor de Tarefas, vê consistentemente uma utilização elevada da CPU, Memória ou Disco (Não basta fazer upgrade no componente atualizado?)

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