HarmonyOS chegou ao PC — e me lembrou da "Convergência" da Canonical

No início do mês, a Huawei apresentou seu HarmonyOS para PC – ainda a ser lançado, mas prometido “para breve” – e a primeira coisa que me veio à cabeça foi a “Convergência”, em que a Canonical investiu tempo, trabalho, dinheiro, a partir de +/- 2011, e abandonou em 2017: – «Desenvolvendo o Ubuntu para nuvem e IoT, em vez de telefone e convergência».

O que a Huawei apresentou é isso – só que, muito mais.

Um resumo – que nem é novidade:

  • HarmonyOS Base: inclui o kernel próprio da Huawei, motor gráfico Ark Engine, arquitetura de segurança StarShield, além das ferramentas de desenvolvimento ArkTS, ArkUI e DevEco.
  • HarmonyOS Ecosystem: suporte a mais de 150 aplicativos exclusivos para PC e integração com mais de 2000 apps universais do ecossistema.
  • HarmonyOS Experience: garante compatibilidade com mais de 1000 dispositivos externos, entre eles 800 periféricos padrão e 250 acessórios secundários, como impressoras e scanners.

A Canonical pretendia apenas “entrar” no mercado de celulares, com um SO + interface – mas nem sonhava em substituir o Google – que naquela época controlava, não só o Android, mas também os principais aplicativos e serviços, sem os quais o SO era só uma casca vazia: navegador, busca, email, mapas, vídeos etc.

A Huawei está fazendo isso – aliás, forçada pelos EUA, através de milhares de sanções, proibições e tudo mais – e além do Google, substitui também a Meta (Facebook, Instagram, WhatsApp.), Microsoft (Windows, Office), Apple, Amazon, e outras menores, que em conjunto representam o “softpower” dos EUA sobre o mundo inteiro, por seu alcance, influência, capacidade de manipulação, vigilância e controle.

Isso nem foi tão difícil, pois já tinham presença cada vez menor na China. – Mas em qualquer outro país aonde chegarem os celulares e PCs da Huawei, o deslocamento do “soft power” dos EUA será muito facilitado.

Diante disso, os esforços desencontrados da Europa para impor limites – ou de alguns Estados alemães, para substituir o Windows e o MS Office por distros Linux e LibreOffice (só nos serviços públicos) – não são mais do que esperneios desencontrados.

Outra coisa que também me chamou atenção é o quesito “curva de aprendizado”. – Usei Windows por mais de 20 anos (1994-2016), além do Linux, e nada no Android pareceu “óbvio”, nem “intuitivo”, para mim. – Pelo que já vi dizerem, a geração que começou pelo Android também não acha óbvio, nem intuitivo, usar Windows.

No caso do HarmonyOS, essa barreira simplesmente não existe.

Trouxe essas considerações, porque minha primeira providência foi pesquisar aqui no Fórum, mas encontrei pouca informação recente. Um tópico do mês passado despertou pouco debate. Outro tópico, de Outubro do ano passado, também. Em Janeiro 2024, eu tinha pesquisado alguma coisa, mas só sob o aspecto “Kernel não Linux”, que me pareceu má-tradução, ou má-interpretação, pois se tratava na verdade de “Kernel não-Android”.

Pesquisando agora sob o ângulo “HarmonyOS para PC”, encontrei muito mais informações – até porque finalmente foi apresentado o tal PC – mas boa parte dessas informações já eram conhecidas (apenas, em Janeiro 2024, eu não vi).

Vi outras, mas acho que esses links já são suficientes.

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Eu li a matéria que colocaste para o site da Huawei, e me intrigou parágrafo no final:
“Depois de concluir a verificação de segurança, basta ligar o interruptor “Find Device”. O recurso funciona até mesmo quando o dispositivo é desligado. O HarmonyOS PC também suporta apagamento de dados remotos que protegem seus dados de serem vazados.”

Me pergunto se o Governo Chinês já não tinha essa tecnologia e só agora autorizou a Huawei disponibilizar em massa controlada.

O Google tem isso:

  • Find my device
  • Erase all my data
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