O Ubuntu Phone foi uma tentativa ambiciosa da Canonical em trazer a experiência do desktop Linux para os dispositivos móveis, prometendo uma interface intuitiva, personalização profunda e a liberdade que os usuários do Linux apreciam.
A ideia era criar um ecossistema unificado, onde usuários pudessem transitar facilmente entre seus smartphones, tablets e computadores, todos rodando o Ubuntu. Era o conceito de convergência.
O sistema operacional Ubuntu Touch era 100% código aberto, incentivando a colaboração e o desenvolvimento de novos recursos pela comunidade. O primeiro smartphone comercial foi o Aquaris E4.5, fruto da parceria entre a empresa e a fabricante espanhola BQ.
Seu lançamento representava a materialização de um projeto ambicioso: trazer a experiência do Linux para os dispositivos móveis. Foi o primeiro smartphone a rodar o Ubuntu de forma comercial, abrindo caminho para um novo ecossistema.
O Ubuntu Scopes era a interface gráfica principal do Ubuntu Phone, especialmente no modelo Aquaris E4.5, que buscava oferecer uma experiência de usuário mais intuitiva e personalizada, diferenciando-se das interfaces tradicionais de smartphones.
Os “Scopes” eram pseudo mini-aplicativos ou “atalhos visuais” que forneciam acesso rápido a diferentes funcionalidades e informações. Cada Scope era dedicado a uma tarefa específica, como ouvir música, acessar as redes sociais etc.
Eram projetados com uma interface visualmente atraente e fácil de entender, utilizando ícones e cores para representar diferentes funções. Os usuários podiam personalizar a ordem e a aparência dos Scopes, adaptando a interface às suas necessidades e preferências.
Podiam se adaptar ao contexto do usuário, apresentando informações relevantes de acordo com a localização, tempo e outros dados, e estavam integrados entre si, permitindo manuseio fluído entre diferentes tarefas.
Representavam uma quebra com a interface tradicional de smartphones, baseada em aplicativos individuais. A interface era projetada para colocar o usuário no centro da experiência, facilitando o acesso às informações mais importantes…
Fim do sonho… da Canonical
Mas, como nem tudo são flores nessa vida, em 2017 a Canonical encerrou o desenvolvimento do Ubuntu Phone, concentrando seus esforços em outras áreas, como serviços em nuvem e internet das coisas, que eram considerados mais promissores do ponto de vista comercial.
Embora diversos fatores tenham contribuído para esse fim, a reestruturação financeira da empresa desempenhou um papel crucial. Com verba limitada, ela precisou priorizar seus projetos, já que o Ubuntu Phone não gerava a receita esperada para justificar investimentos contínuos.
O mercado de smartphones era dominado por gigantes como Apple e Samsung, e conquistar uma fatia significativa desse mercado exigia investimentos massivos em marketing e desenvolvimento, algo que a empresa não podia arcar.
Isso dificultava a atração de fabricantes de hardware interessados em produzir dispositivos com Ubuntu Phone e o ecossistema do Ubuntu Touch mostrou-se cada vez distante.
Manter um sistema operacional móvel atualizado e competitivo exige muito desenvolvimento e a Canonical precisava alocar recursos para corrigir bugs, adicionar novos recursos e garantir a compatibilidade com novos hardwares.
Apesar de todo o potencial, o Ubuntu Phone enfrentou diversos desafios que impediram sua popularização, como a concorrência com Android e iOS, o catálogo limitado de aplicativos disponíveis e a falta de um hardware tão potente quanto os concorrentes.
A comunidade assumiu o projeto e desenvolveu o UBports, que também serviu de inspiração para outras iniciativas, como o postmarketOS, que busca oferecer uma experiência Linux completa para smartphones; o PinePhone, smartphone modular de hardware livre que roda diversos sistemas operacionais, e o LineageOS.
Lembro apenas de dois projetos que tentaram emplacar em smartphones, um era o deste artigo. O outro, o Firefox OS, que será abordado no próximo trabalho, ambos open source. E fracassar neste ramo não é demérito nenhum, onde até a Microsoft naufragou com seu Windows Phone.
E pelo andar da carruagem, creio que ninguém se aventurará nesta área tão cedo, ao menos sem muito, mas muito dinheiro para gastar nessa brincadeira.
Quem viver, verá!
Fontes: links no testo e na imagem
