Olá, como novo no linux notei que aparentemente o wayland causa alguns problemas, sendo assim x11 aparenta ser melhor.
Mas também tem muito falado que o wayland vai substituir o xorg, então pergunto todas as distro vai usar wayland como padrão ?, sendo assim o usuário tera que trocar se for necessário ?
O Wayland nasceu para substituir o X11, mas esse processo tem sido lento e complexo, pois não depende apenas do Wayland em si, e sim de todo o ecossistema envolvido. À medida que o Wayland foi adotado pelo KDE, ele somou forças com o GNOME, acelerando o desenvolvimento e a adoção.
No entanto, tudo precisa ser reconfigurado e redesenhado em nível de sistema para funcionar exclusivamente sem a dependência do X11.
Isso porque o Wayland não é uma modificação do X11 — ele foi concebido do zero para superar as limitações do antigo sistema de janelas. Ainda vai levar algum tempo até que o Wayland seja adotado 100% por todo o ecossistema, que é formado por várias camadas, como compositores, servidores gráficos, drivers, bibliotecas, ambientes de desktop e aplicativos. Quando projetos como GNOME e KDE alcançarem total compatibilidade com o Wayland, teremos um ecossistema completo e independente do X11.
Até lá, versão após versão, as coisas continuam melhorando. Hoje, esses ambientes de desktop já oferecem um suporte bastante robusto ao Wayland, tornando possível usá-lo no dia a dia com estabilidade na maioria dos casos de uso.
Daqui uns 5 anos teremos um cenário meio parecido com o que temos hoje quando falamos de toolkits como Qt que ainda tem coisa de qt3, qt4, qt5 e sendo portados ainda para o qt6. O mesmo acontece com o Gtk e por vai se vai uma lista de coisas que evoluem numa velocidade gigante que é muito difícil acompanhar a nível de desenvolvido das aplicações e projetos.
O que me impede de usar Wayland é algo bem simples: aplicações em QT não possuem um gerenciamento de janelas consistente, com bordas definidas. Dá pra configurar que o desenho das janelas de aplicações QT será feito pelo protocolo xcb do X11, mas se é pra usar Wayland com as coisas sejam desenhadas pelo X11, não obrigado, vou esperar resolverem isso.
É comum ouvir que aplicações Qt no Wayland não têm bordas ou gerenciamento de janelas consistente — mas isso não é uma limitação do Qt6 em si. No Wayland, quem define e desenha as bordas é o próprio aplicativo (client-side decoration), e não o compositor. Se um app Qt aparece sem borda, é porque ele não implementa ou não ativa essa decoração — não porque o toolkit seja incompatível.
Tanto Qt6 quanto GTK4 estão hoje em níveis equivalentes de suporte ao Wayland. A diferença que muitos percebem está no ambiente: GNOME saiu na frente por ter sido o foco da Red Hat, que criou o Wayland. Já o Plasma 6, com apoio recente da Valve (especialmente via Steam Deck), tem acelerado muito sua maturidade com o compositor KWin.
Hoje o foco da transição não está mais nos toolkits. Está nos compositores.
Quem usa Arch ou acompanha changelogs vê o KWin recebendo atualizações constantes para se firmar como compositor Wayland puro, enquanto o Mutter (GNOME), mesmo ainda em GTK3, é sólido e estável há anos.
A compatibilidade total está próxima. O desafio agora não é GTK ou Qt — é padronizar o comportamento entre os compositores, principalmente na forma como lidam com decoração de janelas, input e protocolos como xdg-shell.
O trabalho é pesado, tem anos de trabalhos já percorridos e mais alguns anos ainda para percorrer. Sem contar a aderência padrão de alguns drivers como o da NVIDIA.
Dei uma pausa. Mas em breve teremos novidades. Pois quando você faz algo nunca imagina que alguém vai dar atenção e aí com o volume de uso precisa de tempo para o suporte.
Sim, é inevitável que programas originalmente criados para X11 sejam adaptados ou relançados para funcionar nativamente em Wayland, mas isso depende diretamente do esforço dos mantenedores e da comunidade envolvida. A tendência é que, com o amadurecimento do ecossistema, a maioria dos softwares relevantes migre naturalmente para o Wayland.
No caso do VibrantLinux, já existem indícios de que o suporte ao Wayland está em andamento. O repositório oficial no GitHub (libvibrant/vibrantLinux) mostra bastante movimentação nesse sentido. No entanto, vale lembrar que alguns dos efeitos visuais que o programa oferece exigem permissões e acessos que o Wayland, por design, não oferece da mesma forma que o X11 — isso exige novas abordagens técnicas.
Minha visão pessoal é que ferramentas como o VibrantLinux tendem a ser descontinuadas com o tempo, não por falta de utilidade, mas porque o propósito do Wayland é justamente eliminar camadas intermediárias e promover uma arquitetura mais direta, segura e integrada. É provável que, no futuro, os efeitos e ajustes que hoje dependem de ferramentas externas sejam implementados nativamente nos toolkits (como GTK e Qt) ou diretamente nos compositores e drivers.
Enquanto isso, temos o XWayland, uma camada de compatibilidade que permite rodar aplicativos X11 sobre o Wayland. Ele faz uma espécie de “tradução” entre os dois mundos, mas naturalmente isso implica em limitações e maior complexidade.
Quanto à adesão ao Wayland, acredito que um dos grandes entraves nos primeiros anos esteve no mesmo fator que marca muitas transições dentro do universo Linux: o timing estratégico da Red Hat. Assim como ocorreu com o systemd, o PulseAudio e outras iniciativas, o Wayland enfrentou resistência por ter sido lançado e defendido antes de estar realmente maduro — o que gerou críticas, hesitação e adoção lenta. Mas hoje já é possível enxergar com mais clareza a direção e os ganhos dessa mudança.
Atualmente, nem todas as distribuições Linux usam o Wayland como padrão, mas existe uma tendência crescente nesse sentido, especialmente entre as distribuições mais populares e modernas. Aqui está um panorama atualizado (até 2025):
Distros que usam Wayland como padrão (em geral):
Fedora
Uma das primeiras a adotar o Wayland como padrão com GNOME.
Ubuntu (desde a versão 22.04 LTS com GNOME)
Usa Wayland por padrão, mas ainda oferece opção para X11.
openSUSE (Tumbleweed e Leap)
GNOME usa Wayland por padrão; KDE Plasma também está migrando.
Red Hat Enterprise Linux (RHEL)
A partir do RHEL 9, Wayland é o padrão no GNOME.
Debian (a partir da 12 com GNOME)
GNOME inicia com Wayland por padrão.
Distros que ainda usam X11 por padrão ou oferecem os dois:
KDE Plasma (até versão 5)
Ainda usa X11 como padrão na maioria das distros.
O Plasma 6 (lançado em 2024) está mais focado em Wayland e muitas distros estão mudando.
Linux Mint
Usa Cinnamon com X11 como padrão. Não tem suporte oficial a Wayland ainda.
XFCE, MATE, LXQt
Ainda baseados em X11, com algum trabalho experimental em Wayland.
Distros voltadas para desempenho em hardware antigo (ex: AntiX, Puppy Linux)
Continuam no X11 por ser mais leve e compatível.
Tendência futura:
Wayland será o padrão na maioria das distros grandes, especialmente com GNOME e KDE Plasma 6.
Algumas interfaces ainda vão demorar mais (XFCE, Cinnamon).
X11 deve continuar existindo por muitos anos, como opção ou fallback, especialmente para compatibilidade com aplicativos legados.