Concordo… e não concordo.
É um “modelo” eficiente em “organizar” conteúdos alheios… mas organiza em função de seus interesses, e não dos interesses dos consumidores.
Aliás, ser um “produto de consumo” já é, por si só, um problema. – Já faz algumas décadas que a “empresa jornalística” deu lugar a conglomerados – de “entretenimento” (passa-tempo), “espetáculo” (espetaculoso)… e de poder.
(Não quero desencavar arquivos dos anos 90, então vai “de memória”: – Todos os principais conglomerados de jornais e revistas fundiram-se com conglomerados de TV + TV a cabo + produção de filmes e desenhos + distribuidoras de filmes + esportes + games + empresas de telecomunicações + satélites + provedores de internet etc. – Dos anos 90 para cá, é claro que muitos detalhes já mudaram. Não existem mais redes de distribuição de “vídeos”, nem aqueles antigos “provedores de internet + portal de acesso + email”, mas isso não alterou nada para melhor, pelo contrário. – Com isso, todo o “noticiário” agora é “relações públicas” e instrumento de poder de todo esse conglomerado de seus próprios interesses entrelaçados).
Em suma: – Não existe mais a empresa especializada em “notícias” – e cujo “valor” dependia, unicamente, da qualidade e confiabilidade de seu noticiário (mesmo que apenas para setores específicos da sociedade – pois havia jornais “conservadores”, “liberais”, “trabalhistas” etc. – Hoje, toda a “grande” mídia tem um “lado” único).
Se antes a “informação” já era fortemente manipulada, agora simplesmente deixou de ser “informação”. – É apenas um negócio entre outros e, claro, totalmente subordinado àquele conglomerado de interesses econômicos. – Se antes o noticiário podia ser subordinado a grandes interesses “externos à empresa”, agora está totalmente subordinado ao seu próprio conglomerado de interesses (sem deixar de se subordinar a poderosos interesses externos, claro: em especial, setor financeiro e complexo industrial-militar, em conjunto).
Portanto, a eficiência da grande mídia em filtrar, organizar e nos apresentar um “produto pronto” não é uma coisa “positiva” – em contraposição a um caos de informações não-confiáveis e enganosas. – Pelo contrário. Se existe alguma chance de entender os acontecimentos, é buscando a informação nessa massa caótica, não-filtrada, não-organizada. Ok, é trabalhoso, é complicado, e talvez 99% da população não consiga bons resultados. Mas aceitar a realidade “organizada” pela grande mídia não é a saída.
Poderia ser! – No momento, infelizmente, não é. – Em muitos casos, tem sido uma força contra a democracia.
Claro que é para serem utilizadas… desde que a “mídia” não carimbe um “©” ameaçador. – Tenho muito trabalho, para conseguir chegar à “fonte” pública dessas informações – e documentá-la, para me garantir contra qualquer processo por “quebra de ©” de empresas… “criadoras de conteúdo”!
Concordo… e discordo.
Em um jornal ou revista, posso, sim, medir quantos cm² são cópia, e quantos cm² são “conteúdo original” – e fiz isso durante décadas.
Num “portal”, é claro que fica 1.000 vezes mais difícil, pois sua natureza é ser “labiríntico” – pois desse modo o “visitante” pode ser perder ali dentro, aceitar mil “sugestões” (de matérias dos últimos 10 anos!), e ficar preso ali dentro, até desmaiar de fome (rs). – Nesse aspecto, sim, concordo que é mais difícil “provar” o que afirmei.
A menos que você perca um tempo enorme fazendo um levantamento “objetivo”, é claro que sua afirmação tem validade… para aquele grupo de notícias que você escolheu – deixando de lado uma massa de “textos” que você, pessoalmente, não se interessou em ler. – Então, se você costuma escolher matérias “originais” (e ignorar o resto), é claro que você terá a impressão de que “boa parte” do material é… original!
Aliás, num jornal ou revista, você também tem uma visão nítida do que foi publicado como “manchete”, e do que está com “títulos menores”, notinhas num canto para preencher espaço etc. – Na internet, isso é muito menos óbvio. Uma “notinha” pode viralizar nas redes e chegar a zilhões de navegantes, enquanto uma “manchete” muitas vezes passa desapercebida de 99% dos internautas. – Não é um “caos” (porque foi “organizado”), mas é um labirinto, feito para aprisionar o visitante.
Nas redes, é possível desmanchar esse labirinto – desde que você examine e “siga” apenas “perfis” com determinado grau de conhecimentos gerais, lucidez, seriedade etc. – Desse modo, você se livra de 99% dos “conteúdos” irrelevantes e consegue acompanhar o que de fato interessa, sem submergir num caos “organizado” (por empresas cujos interesses podem não ser os seus).
Mas não se trata de ficar (só) no Facebook, Twitter, Instagram, Youtube, Tik Tok – e muito menos, de ficar clicando em “sugestões” dos algoritmos. (Para ser franco, raramente clico nessas “sugestões”). – É necessário explorar também outras redes, como Mastodon, Reddit, VK – e seguir vários links para examinar as “fontes” de qualquer postagem que, à primeira vista, pareça relevante, antes de considerar qualquer coisa como “possivelmente verdadeira”, ou “séria” etc.
Enfim, uma “rede” em que nunca mergulho é o Youtube. Entro para procurar alguma coisa, e saio imediatamente, depois. Se alguma informação é “verdadeira” (ou não), tem de existir algum “texto” informando aquilo – e é muito fácil avaliar um site ou blog pela qualidade dos perfis que o seguem, linkam, recomendam, ou são publicados por ele. – “Assistir” é sinônimo de “TV”, um ato eminentemente passivo (um não-ato, uma não-ação). “Ler” é mais rápido, objetivo, e deixa muito mais tempo para pesquisar, verificar etc.
Conclusão? – Ainda acho mais produtivo percorrer meia-dúzia de redes, seguir certo número de “perfis” mais “sérios” – e verificar pessoalmente.
Mas, cada um tem sua própria “estratégia” para se informar dos acontecimentos – e não posso afirmar que a minha seja “melhor” do que a de ninguém. – Apenas, expus o que pude aprender nas últimas 4 ou 5 décadas, em parte como jornalista profissional, mas em grande parte também como “observador do jornalismo profissional” (pois há muito tempo faço isso só para meu uso particular: "inclua-me fora do jornalismo “atual”).