"Rolling-release dá problemas"... ou não

É muito comum lermos 2 afirmações, uma contrária à outra:

  1. “Distros rolling-release podem apresentar problemas”, ou: – “Arch Linux dá muito problema”

  2. “Nunca tive problemas com Arch Linux” (etc.)

A última semana parecia destinada a confirmar a 1ª afirmação – e mais uma vez comprovei que a melhor alternativa é “Keep Calm & Google Last Week”.

Arch Linux

Desde o Domingo retrasado, o comando yay -Sua resultava numa atividade tresloucada de compilação – e após meia-hora terminava em uma mensagem de erro.

Obs.: - Sempre faço primeiro a atualização geral dos pacotes oficiais pelo pacman – e só depois uso o yay para atualizar os pacotes do AUR. – As coisas não se misturam, e fica mais fácil identificar a causa de algum “problema”.

A proposta do yay era esta:

  499  2022-10-02_05-43-35 date; yay -Sua; date
...
dependencies after install? [y/N] y
  2 google-chrome                            (Installed) (Build Files Exist)
  1 python2                                  (Installed) (Build Files Exist)
...
 -> error making: python2
Sun  2 Oct 06:11:22 -03 2022

O Google-Chrome foi atualizado – mas não o python2, que apresentou aquele erro, após meia-hora tentando compilar.

Uma googlada rápida pelas palavras-chave mais relevantes (limite: última semana) indicou que muitas pessoas estavam enfrentando o mesmo problema – e que o python2 foi “deprecado” (ou algo assim). – Não quis removê-lo com todas as suas dependências, pois isso incluiria um plugin que gosto muito, do Gimp (e eu não queria perder tempo em longas pesquisas, naquele momento):

$ date; yay -Rc python2; date
Sun  2 Oct 07:14:36 -03 2022
checking dependencies...
:: libglade optionally requires python2: libglade-convert script

Packages (6) gimp-plugin-resynthesizer-2.0.3-2  pygtk-2.24.0-12  python2-cairo-1.18.2-4  python2-gimp-2.10.30-1
             python2-gobject2-2.28.7-7  python2-2.7.18-5

Total Removed Size:  84.94 MiB

:: Do you want to remove these packages? [Y/n] n
 -> exit status 1
Sun  2 Oct 07:15:20 -03 2022

Apenas deixei como estava, e continuei usando o Arch Linux até o Domingo seguinte – sem nenhum problema.

Ontem, voltei a evitar essa atualização “deprecada” – e continuei usando o Arch Linux – ainda sem qualquer problema:

$ date; yay -Sua; date
Sun  9 Oct 07:51:42 -03 2022
:: Searching AUR for updates...
 -> Missing AUR Debug Packages:  libkipi-debug
 -> Flagged Out Of Date AUR Packages:  libkipi
:: 1 Packages to upgrade.
1  aur/python2  2.7.18-5 -> 2.7.18-6
==> Packages to exclude: (eg: "1 2 3", "1-3", "^4" or repo name)
==> 1
 there is nothing to do
Sun  9 Oct 07:51:55 -03 2022

Outra fonte de angústia, dúvidas, medo e agonia, é quando o pacman faz uma perguntinha safada – daquelas que o usuário “comum” não entende, e teme as consequências.

No início, eu googlava as palavras-chave (limite: 7 dias) – mas depois me acostumei a sempre aceitar a opção-padrão sugerida – e isso nunca me causou qualquer problema:

# date; pacman -Syyu; date
Sun 19 Jun 08:45:20 -03 2022
:: Synchronising package databases...
 core                                               155.9 KiB   577 KiB/s 00:00
 extra                                             1716.9 KiB  12.9 MiB/s 00:00
 community                                            6.7 MiB  48.7 MiB/s 00:00
 multilib                                           169.8 KiB  4.88 MiB/s 00:00
:: Starting full system upgrade...
:: Replace kwayland-server with extra/kwin? [Y/n]  YES, Sir !

Bom… É claro que “problemas” sempre podem acontecer – inclusive, deletar uma partição por engano – e é por isso que pratico o dualboot desde 2009.

Isso me daria uma “bóia de salvação” caso o Arch Linux “quebrasse” – mas, lamento informar, até hoje isso nunca me aconteceu. – Há 5 anos, o Arch Linux tem sido o mais “sólido” de todos.

Manjaro

Ontem, o Manjaro parecia disposto a complicar minha vida. – O pamac (CLI) pediu que eu escolhesse entre 4 versões do openjdk, para atualizar o Google-Chrome e um tal ceph-libs:

Checking google-chrome dependencies...
Checking ceph-libs dependencies...
Choose a provider for java-runtime:
1:  jre-openjdk    18.0.2.1.u0-1   extra
2:  jre11-openjdk  11.0.16.1.u1-2  extra
3:  jre17-openjdk  17.0.4.1.u1-2   extra
4:  jre8-openjdk   8.345.u01-1     extra

Enter a number (default=1): 1

Escolhi a opção-padrão, como sempre. – Além disso, era a versão mais recente. – E ele resolveu instalar 127 pacotes, além de “compilar” o Google-Chrome e um tal de ceph-libs.

Tenho o mesmo hábito, de primeiro atualizar os pacotes oficiais pelo pacman – e em seguida os pacotes do AUR, pelo pamac.

A brincadeira começou a ficar séria, quando essa atividade tresloucada entupiu a partição-raiz de 30 GiB.

Googlei as palavras-chave mais relevantes (limite: última semana) e descobri que… “Provavelmente você nem precisa ceph-libs e pode removê-lo”.

# date; pacman -Rns ceph-libs; date
Sun  9 Oct 16:01:19 -03 2022
checking dependencies...

Packages (1) ceph-libs-15.2.17-1

Total Removed Size:  59.55 MiB

:: Do you want to remove these packages? [Y/n] y
:: Processing package changes...
(1/1) removing ceph-libs
:: Running post-transaction hooks...
(1/1) Arming ConditionNeedsUpdate...
Sun  9 Oct 16:01:29 -03 2022

(sim, ainda era o pacote “oficial”, pois o do AUR não chegou a ser compilado e instalado).

Removi todos os pacotes órfãos, limpei o cache de pacotes do pacman e do pamac, esvaziei a pasta da compilação em /tmp (o espaço ocupado em disco caiu para 14,8 GiB), e finalmente pude atualizar o Google-Chrome – em 1 minuto:

To build (1):
  google-chrome  106.0.5249.103-1  (106.0.5249.91-1)  AUR

Edit build files : [e]
Apply transaction ? [e/y/N] y

Redcore Linux

Aproveitando que o Arch Linux e o Manjaro já estavam alugando meu tempo, o Redcore Linux resolveu dar sua contribuição. – O comando sisyphus upgrade --ebuild rodou uns 40 minutos, sem chegar a nenhuma conclusão sobre o que precisava atualizar, e acabei interrompendo com CTRL+C.

Embora seja uma distro rolling-release (tecnicamente, um Gentoo com facilidades), acaba de lançar uma ISO com novo codinome “Ratanabá” – e tratei de ler as Release Notes – pois o Google falha vergonhosamente quando o assunto é “Redcore Linux”, e seu Fórum tem apenas uns gatos pingados (registrar-se no Fórum é tarefa insana) e quase nenhuma atividade:

  • bugfix: sisyphus não fica mais preso quando a lista de dependências é muito grande

Eureka! – Instalei a nova versão do sisyphus, em 2 minutos – e depois disso ele ficou lépido e faceiro, pronto para lidar com a mega-atualização:

# date; sisyphus install sisyphus --ebuild; date
Mon 10 Oct 09:58:53 -03 2022

These are the binary packages that would be merged, in order:

sys-apps/portage-3.0.38.1  app-portage/sisyphus-4.2209.1  app-portage/sisyphus-qt-4.2209.1

Total: 3 binary package(s)

Would you like to proceed? [y/N] y

O mega-upgrade – 1481 pacotes binários + 12 ebuilds para compilar – se realizou em exatamente 3 horas (das 10:02 até as 13:02), o que está dentro da experiência com esta máquina.

Conclusão?

Nesses 3 exemplos, o máximo que fiz foi: (a) Lidar principalmente com pacotes oficiais, limitando o AUR ao mínimo; (b) Usar comandos de modo “organizado”, para não embaralhar mil coisas; (c) Na dúvida, aceitar os padrões sugeridos; (d) Googlar as palavras-chave para encontrar colegas que acabam de enfrentar a mesma dificuldade na última semana.

Não citei o openSUSE Tumbleweed, porque não lembro quando foi a última vez que me vi perante dúvidas ou aflições com o zypper dup.

Também não citei o PCLinuxOS, porque nele não uso comandos (só o Synaptic) – mas neste caso basta ir ao Fórum. Em geral, um dos desenvolvedores já deu a solução exata. – A última vez foi em Agosto, quando uma atualização ameaçava remover UDisks2, ddcopy etc.

O Debian oferece muito mais emoções – mas, desde 2016, nunca parou de funcionar.

O Void, já não lembro se me deu algum susto, nem quando foi. – Por sinal, antes de algumas grandes atualizações, costuma atualizar primeiro o próprio xbps – e só depois atualiza o resto.

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Belo texto. :slight_smile:

Acho que o grande ponto é que ser rolling release, não necessariamente significa ser “bleeding edge”, e o Arch é o dois.

Rolling release somente quer dizer que os pacotes vão chegando naturalmente sem a necessidade de reinstalação do sistema quando um novo lançamento chegar, até porque eles nunca chegam.

Hoje em dia até existe o conceito de “semi-rolling”, que eu ainda torço um pouco o nariz para a definição, mas no fim das contas, o que importa é o que as pessoas querem dizer com isso, e geralmente é uma base que receberá lançamentos pontuais, geralmente em períodos espaçados de tempo, enquanto recebe diversas atualizações incrementais, como melhorias e bugfixes ao longo desse período.

Se for ver, é nessa pegada que Windows, macOS, Linux Mint e Pop!_OS costumam trabalhar, entre vários outros.

Ser bleeding edge, significa, pela própria natureza do desenvolvimento de software, “ser bugado”, ser “menos testado”, ser “experimental”, e por consequência, ser instável.

Existe um motivo para o Debian Sid, que é a versão bleeding edge do projeto Debian, ser considerável “instável”. E mesmo assim, muitas pessoas devem conseguir usá-lo sem problema.

A estabilidade, no entanto, é algo que pode ser sentida de formas diferentes por tipos de usuários diferentes, dependendo das atividades, pode ser que os softwares da pessoa nunca deem problemas, mesmo em um ambiente considerado bleeding edge.

E convenhamos que o pessoal do Arch ficou muito bom em minimizar e corrigir problemas rápido conforme eles acontecem, geralmente até conseguindo detectar os problemas que poderiam ocorrer antes mesmo de lançar o update, fazendo com que a distro, embora Bleeding Edge, ainda consiga rodar bem, especialmente na mão de pessoas mais técnicas.

Mas é tido como verdadeiro também que um sistema bleeding edge estatisticamente tem maiores chances de quebrar, e dependendo da complexidade das coisas, é esperado que usuários desses sistemas saibam lidar com essas situações por si só também.

Abraços!

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Certa vez ouvi que o Arch é tão estável (no sentido de não apresentar problemas) quanto o usuário desejar. Acredito que de fato faz sentido.

Não consegui usar o Arch recentemente em minha máquina, mesmo após uma instalação bem sucedida, devido a alguns problemas de hardware. Como eu pretendia usá-lo:

  1. Priorizar Flatpaks para minimizar alterações no sistema;
  2. Priorizar pacotes oficiais dos repositórios do sistema caso não houvesse opção em Flatpak;
  3. Só utilizar o AUR para o que fosse realmente necessário e não estivesse disponível nas opções (1) e (2);
  4. O mais importante: atualizar apenas nos finais de semana, rodando um sudo pacman -Syu, e sempre verificando a página inicial do sistema (https://archlinux.org/) com antecedência para analisar se alguma intervenção manual seria necessária.

Ao meu ver, seguindo essas diretrizes, a chance de ter alguma quebra no sistema seria bem próxima de zero.

Com relação ao Manjaro, diversos pacotes tendem a ser retidos por mais tempo para testes de estabilidade antes da liberação. Por um lado, isso confere maior estabilidade ao sistema. Por outro, pode gerar problemas ao utilizar o AUR, uma vez que o AUR tende a estar sintonizado com as versões de pacotes dos repositórios do Arch, e não do Manjaro (o que pode resultar em incompatibilidade).

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Ótimas dicas @KairanD!

Essa em particular é uma amostra do tipo de usuário que se espera que vá usar o Arch, ao menos, é o tipo de usuário que os devs do Arch parecem acreditar que deve usar o sistema; pessoas técnicas.

Querendo ou não, isso requer uma noção bem maior sobre a forma com o sistema funciona, e realmente nem todo mundo quer se dar ao trabalho ou tem tempo para tal.

Seguindo essas dicas que você passou, também acho que dá para ter uma experiência bem consistente com o Arch. :slight_smile:

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Atualizo o sistema diariamente. Como você indicou, sempre confiro na página oficial se há alguma recomendação de intervenção manual (utilizo também a extensão Feeder no Firefox e o aplicativo no celular para receber as notificações). Recomendo essa checagem na página oficial em inglês. A página oficial em português pode ter algum atraso na atualização das notícias devido à necessidade de tradução.

Prefiro atualizar diariamente com receio de ter algum problema com as chaves do sistema. Já vi relatos de problemas em atualizações com intervalos longos devido às chaves desatualizadas do sistema. Pode ser uma preciosidade da minha parte, mas faço atualizações diárias. Até o momento não tive grandes problemas com o sistema. Outra checagem que faço é se o driver da Nvidia ainda é compatível com a placa dedicada do meu notebook. O driver do repositório oficial do Arch Linux é a última versão lançada pela Nvidia. Para versões anteriores é preciso usar as disponibilizadas no AUR.

Prefiro utilizar também Flatpaks, Appimage e os pacotes dos repositórios oficiais. Utilizo poucos pacotes do AUR e dou preferência para os que contém boa avaliação (votos), estão atualizados (cotejando a data da última atualização com a versão oficial disponibilizada na web), possuem mantenedores ativos e verifico se nos comentários existe algum relato de problema com o pacote. Tenho pouco conhecimento em programação, mas examino também o PKGBUILD do pacote no AUR. O que não consigo entender, pesquiso para descobrir o que é.

Acompanho o grupo não oficial no Telegram informado na página Getting involved - ArchWiki. As mensagens fixadas nesse grupo são importantes. Há alguns meses o driver da Nvidia causou problemas para determinados usuários. Não foi postada mensagem na página oficial do Arch Linux devido esse infortúnio ser proporcionado pelo driver da Nvidia e não pelo empacotamento ou por alguma configuração da distribuição. No grupo no Telegram os administradores fixaram uma mensagem informando o ocorrido e as possíveis soluções. Depois o problema foi relatado na NVIDIA/Troubleshooting - ArchWiki . Recomendo acompanhar o site https://bugs.archlinux.org para encontrar possíveis soluções ou verificar problemas com determinados pacotes. O ideal, caso seja possível, é relatar bugs com pacotes nesse site. Existe o grupo no Telegram em português Telegram: Contact @archlinuxbr (International communities (Português) - ArchWiki). No grupo há usuários prestativos.

Em relação à Wiki recomendo verificar a data da edição da página pesquisada em português em comparação com a edição da página em inglês. Pode acontecer da página em português estar desatualizada devido à disponibilidade da tradução. Quem souber inglês e tiver interesse em contribuir com as traduções do projeto, pode contactar o pessoal no grupo no Telegram Telegram: Contact @archlinux_l10n_pt para mais informações.

Atualizo o sistema como recomendado na Wiki com sudo pacman -Syu e os pacotes do AUR, como utilizo o AUR helper Yay, os atualizo com yay -Sua. (o @frc_kde faz dessa forma também)

Utilizo a GNOME Software somente para instalar e pesquisar aplicativos flatpaks. Não a utilizo para instalar pacotes dos repositórios oficiais ou para atualizar o sistema. É muito importante verificar a saída dos processos da instalação dos pacotes e da atualização do sistema em buscas de erros, recomendações de configuração ou a sugestão de instalação de pacotes opcionais, entre outras coisas. Não é possível acompanhar essas saídas na GNOME Software. Por esse motivo não recomendo o uso da loja para instalação de pacotes ou para a atualização do sistema no Arch Linux. Para procurar pacotes utilizo o pacman (pacman -Ss nome_do_pacote - existem mais opções de comandos com o pacman para a consulta de pacotes) ou a página de pesquisa de pacotes do site oficial.

Os mirrors do Brasil que utilizo são os da UFPR e da UFSCar. Não tive grandes problemas com eles e consigo boas velocidades de download. Os mirrors da USP e da UNICAMP apresentam muitos problemas.

Tenho dois kernels instalados. A versão stable e a LTS. Uso a stable diariamente. A LTS está instalada para ser usada caso ocorra algum erro com a stable. Até o momento isso não aconteceu no meu hardware. Instalei o sistema em UEFI, com systemd-boot, sistema de arquivos EXT4, ZRAM, pipewire, wireplumber, Nvidia com driver proprietário e GNOME. Uso o GNOME com Wayland.

Tudo isso requer tempo e dá trabalho, mas estou satisfeito com o resultado. Depois que se acostuma, fica até rápido.

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Hoje, foi a vez do openSUSE Tumbleweed fazer sua tentativa de me desanimar:

Googlando as palavras-chave, acabei encontrando registros de vários usuários com o mesmo problema… só que entre 8 e 5 dias atrás:

Isso não me aconteceu no último Domingo (há 6 dias), portanto, a falha do repositório parece ser intermitente.

Não há pressa. Hoje eu só queria adiantar um pouco, para ter o Domingo mais livre. Mas pode ficar para amanhã, ou durante a semana.

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Ah, packman… Meu dedo nervoso no zypper dup sempre passava raiva…

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Na minha época de '‘I use arch btw’, o único update que tive que parar tudo para aplicar uma correção foi quando houve a mudança das pastas /bin e /sbin para dentro de /usr, virando praticamente um symlink.

Mas essa mudança foi descrita no arch news (Arch Linux - News), e como de costume, sempre acompanhava antes de realizar qualquer update, então não tive maiores problemas.

Sobre o python2, vale ressaltar que essa versão já foi abandonada pelos desenvolvedores do Python, aliás, desde de janeiro de 2020 que não recebe mais suporte e nem atualizações de segurança:

Por isso, já era previsível que em algum momento o update quebraria. No AUR, é até normal encontrar pacotes defasados e sem suporte algum, por isso é bom fazer um filtro, mesmo que de forma manual.

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Eu amo o Arch, odeio o Ubuntu e sou filho do Debian…

Tem muitas diferenças aqui na minha persona para os ambientes e tipo de atividades que executo no dia-a-dia.

Uso o Debian em servidores físicos, KVM e LXC, É excepcional e fantástica a base sólida do Debian. É prático, tranquilo e muito produtivo manter um ecossistema de serviços sobre o Debian, mesmo porque utilizo muitos programas desenvolvidos com finalidades específicas. Então não dá pra ficar mudando as dependências sem testar antes. Um bug crítico que cause indisponibilidade acaba disparando uma workflow de mitigação no meu suporte técnico. Cada hora é dinheiro que tenho que gastar que não deveria ser gasto.

Normalmente eu tenho uma política que atualizo os meus servidores 6 meses depois do lançamento das versões do Debian, pois consigo em ambiente deploy conferir se tudo funcionará bem, geralmente precisa de um ajuste aqui e outro ali dos meus programas. Além de sincronizar as versões de lançamento dos mesmos programas.

O Arch eu uso no meu Desktop, com KDE. Do AUR em 90% dos casos eu uso os PKGBUILD que puxam apenas binários, como é o caso do VSCODE, do CHROME, do JRE ORACLE, os applets do Plasma e alguma outra pouca coisa, O resto uso da comunidade e do core mesmo.

Uma outra coisa estranha que vejo muito é dar ao flatpak uma função que ele não tem. O objetivo do flatpak é você gerar os seus próprios flatpaks para a estrutura do seu ecossistema, acho que não existe nenhuma comunidade com uma documentação tão abrangente sobre os flatpaks como a do Arch. O pacman é 100% compatível para você gerar os seus próprios flatpaks e usá-los onde quiser. Mas às vezes as coisas tomam rumos diferentes e a desinformação toma conta diante de uma empolgação.

Por isso existem os Snaps que não é a mesma coisa que os flatpaks, assim como os AppImage.

Acredito que dê até um bom vídeo explicando as diferenças e os objetivos fins dessas 3 opções.

Mas voltando ao Arch, 90% sobre ele é lenda. Vou dizer o que faz um pacote ser instável e estável.

Primeiro a base sólida, segundo a programação dos bots que checam os pacotes. Ou ainda achamos que são humanos que ficam identificando erros em sistemas? Cada pacote que entra (para entrar já é um robô que faz o pacote a partir da fonte), ele passa por vários robôs que analisam e reportam problemas; com a linha do tempo os robôs são instruídos a resolver os problemas mais comuns.

Entendam que o humano nessas comunidades focam na programação desses bots e nas exceções. A regra é que mais de 99% das coisas não apresentem problema para o SO.

O que vai definir se uma coisa “quebra” é a política de empacotamento e não necessariamente a versão do pacote. Debian também tem os seus robôs, mas tem uma diferença enorme do propósito ente os bots do Arch e do Debian. O Arch é rolling então ele vai liberando, o Debian vai acumulando mas quando liberar tem que ser compatível com tudo pra trás.

Ou você acha que dá um apt dist-upgrade da versão 9 para 11 é algo simples? Tudo no Debian funciona de uma versão para outra. O congelamento do pacote nada mais é do que a preparação para o dist-upgrade. São 6 meses para tratar isso, haja robô e humano tratando as exceções.

O Arch não tem essa preocupação, porque vai funcionando a cada passo e o que não funciona naquilo que você mesmo desenvolveu, já sabe que precisa modificar o seu código para adaptar. Isso vai te fazer ter um sistema atual com tempo suficiente para atualizar nos seus servidores. Se você tem algo em constante desenvolvimento não terá preocupação alguma com isso.

Esse papo de Rolling-release ser instável não deveria ser abordado assim. Acho injusto associar isso a bug. Hoje tudo está mudando para rolling no front end, o mundo precisa de velocidade. Ou alguém aqui usa versão do Google Docs, drive, office 365? Ou apenas vai tomando conhecimento de atualizações de recurso.

Por fim o FEDORA é muito mais “louco” nas atualizações que o Arch, mas o FEDORA é uma forma do RedHat usar a comunidade para trabalhar pra eles de graça. Cai nessa quem quer.

Em resumo o que temos é o seguinte:

Debian é para usar a stable… o sid (unstable) e o testing no cado do debian tem propósito diferentes de um Rolling release, mas podem ser usados como se fossem, mas não é o propósito dessas divisões. Essas versões, sid e testing, tem o papel fundamental de atender os derivados dele, a própria comunidade participativa do desenvolvimento e os que suam Debian como base sólida de seus programas.

Arch sim é para usar em Desktop, não conheço uma distro melhor para essa finalidade. É enxuta, rápida, segura, poderosa e atualizada. Nem falo de Manjaro, porque o Manjaro é tipo um Ubuntu ou Fedora da vida, usam a comunidade para interesses escusos. Ainda não vi um usuário dessas distros para não sofrerem no desktop. Estranho é que do Arch você não houve dizer de quem já o uso a mais de 6 meses.

Acho muito injusto desvirtuar o propósito das distros com base numa visão de usuário de windows. O dia que que os apoiadores do Linux disserem: “abra a sua mente, vamos te fazer esquecer o Windows, aqui fazemos as coisas de modo diferente”, a comunidade agradecerá imensamente.

Eu, particularmente, não faço nenhum esforço para “trazer” um usuário do windows para o Linux (Deus me livre disso), vou ficar refém do cara do dois cliques rsss. Digo sempre: cara não tá bom? Tem outras coisas diferentes que você deve aprender a usar primeiro, é diferente.

Eita, vou parar por aqui, ficou grande demais o texto. Mas é isso!

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 Cara como eu sou apenas um Usuário de Linux,que veio do Windows,Sobre Rolling Releases vou ser bem direto - não me interessa,não sou programador,não sou beta tester,nada Canalry ou Beta me interessa.Pacotes que estão com instabilidade,atualizações,pra mim isso tudo tem um nome - Versão Beta.

isso me Lembra o tempo que eu gostava de Linux só pra ver quebrar,pra ver os defeitos,ahhh sem aquele bug não dava barato,nos tempos que eu baixava as isos Mal Gravadas do Kurumin,eu era um Neófito,cujo o unico guia era o Guia do Hardware.
Tem gente que gosta,usa o Linux pra quebrar,pra ver defeitos,pra querer consertar depois,não é minha praia mais.Do Open Suse instalei o Leap e está tudo ocorrendo bem.
Eu male Male gosto de Programação,eu bem que Tentei , C,C++,Python,Java Script,cara hoje eu não quero em passar perto,agora quem tem problema com atenção ou concentração recomendo virar um programador,voce vai errar pra caramba,até prestar atenção nos bugs e corrigi-los.Pra mim Programador é igual cirurgião,é o cara que vai cortar,abrir,costurar,dar remédio,por isso que eles tem de existir,eu já gosto do Troço Pronto,me sinto bem usando o Canva,ou Gimp,Inventando Moda,desenhando,Blender,do que escrevendo um livro pro pc,traduzindo o que eu penso pra o que ele pensa e saindo tudo errado.
Sobre trazer usuários de Windows pro Linux,pra mim é o maior barato,sou o Evangelista,eu passo a Consultoria,e acho bom quando trago mais almas pra São Torvalds ou São Shutterworth,Deuses Pagãos mas competentes.

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estou usando o opensuse tw, e é um sistema fantástico, não entendo como não é tão divulgado no brasil.

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