Depois de um bom tempo (uns 2 o ou 3 anos) resolvi testar uma distro nova. E como tava com tempo livre, resolve escrever esse pequeno review, que é mais a minha percepção da iso lite que um review em si. Já conhecia o Archcraft pelas ótimas personalizações do dev. Já usei em VM e instalado direto no pendrive. Recentemente, ele andou trazendo novos twm’s, uma iso com ambiente gráfico (xfce) e a iso lite, que é o assunto desse pequeno review. Quem quiser outros detalhes sobre a distro, é só procurar pelo tópico “Archcraft nova versão lançada setembro 2021” aqui no fórum.
Vamos ao que interessa.
Base: Arch Linux
Kernel: stable (versão 5.16.14)
DE/TWM/WM: Openbox
Shell: fish
Instalador: é um instalador feito em dialog. As outras versões, com xfce e a iso padrão (com openbox e bspwm), o padrão é o Calamares. Bem interessante, adoro esses instaladores. Lembra bastante o do Slackware e um pouco o Manjaro Architect (descontinuado). Bem simples de se usar, é só seguir todos os passos e fazer o que sempre se deve fazer durente uma instalação de SO, que é ler todas as perguntas e informações com calma e atenção. E isso vale para qualquer instalador, obviamente.
Proposta: uma iso “mini” (entre aspas porque a iso tem 1.6GB) com apenas aplicações básicas para quem quiser customizar o openbox ou instalar um sistema mais básico. A ideia, ao que me parece, é ser leve e simples ao mesmo tempo que trás alguns recursos da iso principal. Segundo o próprio dev, ele pensou essa iso para usuários intermediários/avançados.
Antes de começar, acho interessante deixar uma mensagem, ou melhor, um “alerta” bem engraçado disponível no github do projeto:
(!) This is a bloated distro. For People...
who think X is a bloat.
who think WM is a bloat.
who think Terminal is a bloat.
who think File Manager, Text Editor is a bloat.
As mentioned above, This is only for ADVANCED and EXPERIENCED users. It's for people who want a distro with a bunch of basic programs, So using that as a base they can craft their Arch.
Default username and password is liveuser.
Don't forget to hit the STAR if you like it.
A primeira impressão que tive foi de abandono da iso. Se olhar a data de cada uma delas, a iso principal tem data atual e é sempre atualizada, as do archcraft-lite e xfce são de uns 4 meses atrás. Não é atoa que ao tentar atualizar o sistem no pós-instalação tive um erro de assinaturas pgp. Rodei um pacman-key --populate pra ver se corrigia o problema. O archlinux-keyring não estáva instalado. Fiz a instalação e rodei o pacman-key --populate novamente para resolver o problema.
Estou usando com as configs padrão. Afinal, a ideia era testar a distro como vem de “fábrica”. Apenas instalei alguns programas básicos, Firefox, cmus, SMPlayer, Gimp e o Conky. A iso vem por padrão sem nenhum programa de uso mais comum, como suite office, navegador, editor de imagens etc. Talvez, com exceção do Xarchiver, Mousepad, Geany e Nitrogen, o resto são programas em modo texto (Ranger, MPlayer, Vim, Htop etc.).
snap, flatpak, appimage? Para quem é entusiasta desses novos formatos de empatocamento, terá que instalar. Não vem com suporte a snap e flatpak por por padrão. E também não vem com nenhum aur-helper. As outras isos vem com o yay ou o pamac, não lembro ao certo agora.
Facilidades? Já vem com dois repositórios extras habilitados por padrão. Um chamado archcraft que contém todas as personalizações do Aditya Shakya (o criador da distro). O outro é o chaotic-aur, que é um facilitador para utilizar o aur direto através do pacman. Em outras palavras, é um repositório que trás pacotes do aur pré-compilados. É bom frisar que esse repositório não contém todos os pacotes do AUR, é uma seleção feito pela galera que mantém o repo. Não cheguei a olhar ele mais a fundo, porque não costumo instalar muita coisa do AUR.
Como todo trabalho feito pelo Adayta, em relação a personalização e coesão dos temas, dispensa comentários. Mesmo essa iso sendo bastante simples, vem apenas com openbox, tint2 (painel) e o ulauncher no lugar dos vários power menus, feitos com o rofi, disponível na iso principal.
Quero fazer um parêntese aqui. Sempre usei apenas o bash, embora já tenha testado outros shell, foi a primeira vez que usei exclusivamente outro que não fosse o bash. Depois de uma semana, mais ou menos, ainda estou encontrando algumas dificuldades. As vezes o fish me incomoda um pouco porque, qualquer coisa que eu digito, logo ele autocompleta baseado no histórico. Isso, ao longo do tempo, tem ficado um pouco cansativo para mim. Porque, a qualquer hora e qualquer coisa digitada no terminal, ele exibi alguma coisa na tela. Fico com a sensação de que a tela está sempre meio poluída.
Lendo a documentação, acabei descobrindo o fish_config, que é uma opção que abre uma página na internet para configurar o prompt e outras coisas do fish. Mesmo com essa ferramenta, não consegui chegar na config que queria. Acabei editando o arquivo fish.config e finalmente consegui. Acho que é só questão de costume. Mas, fiquei meio perdido com o fish. Ele é um shell interativo, porém interativo demais para meu uso.
A única coisa que achei realmente vantajosa no fish, foi a opção de mover com as setas direcionais nas opções disponíveis do autocompletar. E para quem quer, uma forma fácil de customizar as cores e o prompt, que é a interface web que se abre com o comando fish_config.
Voltando a distro. Vem com o obmenu-generator por padrão. Então você não precisa modificar o menu ou gerá-lo novamente quando instalar uma nova aplicação. O obmenu adiciona uma entrada no menu “applications”/“aplicações” automaticamente toda vez que você instala um novo programa (que tenha uma entrada .desktop). Um destaque fica por conta dos menus do openbox, muito práticos e bem feitos. Três me chamaram mais atenção. Um facilitador do picom. Basicamente, ao invés de editar o arquivo de configuração do picom (~/.config/picom.conf), você edita as principais funções do compositor por esse menu. Essas personalizações são feitas com um fork do picom, chamado picom-ibhagwan. O dev do picom original está incorporando as funções do fork projeto original, a versão 9 já saiu com elas (bordas arredondadas, por exemplo). O outro, pelo que pesquisei é um script já antigo, que facilita a escolha da resolução da tela. É um script para o xrandr. E por fim, um chamado “screen recorder” ao que me parece é um script feito com ffmpeg. Com dois cliques você já está gravando a sua tela. Bem legal esse menu também.
Em relação a desempenho, tudo dentro do normal. O openbox é bem leve, quase não consome recursos do sistema. O Arch é uma distro tranquila de manter, pelo menos na minha experiência, com uma boa quantidade de atualizações e pacotes sempre em versões mais recentes. O que é esperado em uma distro arch-based. Dá quase para dizer que, o Archcraft-lite, é um instalador do Arch com openbox pré-configurado.
Resumindo, se quer uma distro com openbox pronto e minimalista, em relação a recursos e aplicações, tá ai uma boa pedida. Ou se é como eu, que prefere instalar algum programa do que remover. Estou gostando de usar um sistema mais simples, quase só com o básico. Ainda tenho um pouco de preguiça com o excesso de atualizações do Arch, mas isso a gente acostuma. Vou atualizar apenas uma vez por semana.
Se não quer instalar nada ou mexer no sistema, fique com as outras versões, a iso com xfce ou a iso principal (que vem com openbox e bspwm e com uma ferramenta de configuração da nvidia). Acho que, se comparado a iso principal, o que essa iso lite apresenta não compensa a instalação (pensando em um público que procura uma distro com um twm totalmente pronto para uso). A não ser que você esteja procurando um Arch com um instalador simples e com o openbox pré-configurado e, a partir dai, construir seu sistema. Como já ficou claro no “alerta” que citei no começo do texto.
É isso. Essas foram minhas impressões após um pouco mais de uma semana. Vou deixar um print com as pequenas modificações que fiz e uns vídeos do youtube sobre a distro. Afinal, quem usa algum window manager não resiste em dar aquela mexidinha nos arquivos de configuração.
Procurei no youtube e não achei nenhum vídeo sobre o Archcraft-lite. Para quem quiser uma noção mais visual, vale a pena assistir os três vídeos que vou deixar aqui em baixo, dois em português e um em inglês. Os três não mostram o menu de opções do picom porque, na época, ele ainda não estava disponível na distro.
Links: