Eu e um amigo estavamos a discutir sobre o futuro dos empregos e de como o sistema sobreviveria com uma grande massa “parada”, “não gerando nada” e possivelmente “não consumindo”. Mas aí ele falou uma coisa apartir dessa pre-suposição, que foi:
" - Essas pessoas provavelmente estão gerando algo, não apartir de um emprego, mas sim apartir de atividades não-remuneradas na internet."
E foi aí que pensei, seria interessante que essas “atividades não-remuneradas” feitas através da internet sejam remuneradas?
Parafraseando a sentença “Quando o preço é zero, o produto é você”, eu diria “Quando o teu trabalho é voluntário, o escravo é você”. Tá, soa meio radical, mas a gente precisa saber colocar limites entre colaboração para o bem comum e dar seu trabalho de graça para uma grande corporação lucrar. Mesmo que esse limite seja tênue…
Não acho que haja um “limite”. Mas eu vejo que seria uma opção “aceitavel” em um futuro onde os humanos ocupam poucos postos na maioria dos setores. Outra coisa á adicionar é que eu vejo que seria interessante adicionar ‘ver anuncios’ á esse bolo.
Eu sei que essa proposta que eu fiz bateria de frente com o open source, e provavelmente iria extinguir ou debilitar muito esse segmento.
O problema de não se gerar nada é que você passa a ser apenas uma fração que vai ter um tratamento padronizado, desprovido de identidade, com alguma bolsa de subsistência mínima, longe de atender dignamente à demanda.
A ideia de se produzir conteúdo ganhando pouco ou nada é algo que vai durar muito pouco tempo, é uma questão até esta segunda bolha .com explodir, especialmente porque há uma clara tendência de migração para redes sociais chinesas.
O modelo de trabalho moderno certamente terá que ser repensado para algo que envolva muito mais tempo em capacitação e menos tempo em execução. A questão é quem, e como, vai assumir a conta disto.
Eu não me refiro somente á criação de conteudo na internet, (apesar de que, a maior parte dos “trabalhos não-remunerados” online podem ser resumidos á isso) eu me refiro tambem á qualquer ato que possa ser considerado um “trabalho grátis”, como o simples ato de compartilhar algo.
Não vejo isto como trabalho. Compartilhar, por exemplo, é exatamente o contrário, todo um conceito tecnológico que num resumo permite uma rápida e fácil disponibilização de um conteúdo.
Tem o outro lado da história também. Se você começar a pagar, provavelmente receberá muito conteúdo que não gostaria que fosse.
Não conheço o mundo todo, mas falando em termos de Brasil, nosso problema não é falta de trabalho. Mas falta de capacitação para exercer muitos dos trabalhos que o mundo hoje exige. Em praticamente qualquer área de atuação haverá uma demanda reprimida muito grande ou, no mínimo, algum potencial de crescimento. Mas sempre há o entrave de pessoas capacitadas.
Dou um microuniverso: obras públicas. Quantas ruas são plenamente acessíveis, que contam com condições adequadas de saneamento, estética, iluminação, infraestrutura e acessibilidade? Mesmo nas que tem, imagina possibilidade de implementação como ciclovias, melhores vias para pedestres, passagem subterrânea de cabos etc.
Indo para iniciativa privada, o trabalhador da construção civil que mais ganha é o que trabalha com acabamento. Entretanto, é um trabalho que exige perícia, treinamento e experiência. É uma peneira na qual poucos chegam até o final.