Religião interferindo na atualização do Fedora?

A comunidade Fedora está discutindo a possibilidade de substituir o termo “karma” utilizado no sistema de atualização de pacotes, o Bodhi, para coletar feedback dos usuários sobre aquelas, com um sistema simples de votação (+1 ou -1).

Por que a mudança?

O termo “karma” tem origens religiosas e alguns membros da comunidade temem que seu uso banalize essas crenças. Também pode não mais descrever um sistema técnico, como o de atualização de pacotes.

Outros acham que pode gerar confusão e dever-se-ia substituí-lo por outro mais significativo, como “update feedback” é uma opção mais clara e específica; já “kudos”, alternativa mais informal e positiva.

O que isso significa?

A comunidade Fedora está buscando um termo que neutro, claro e respeitoso para representar o feedback dos usuários sobre as atualizações de pacotes. A decisão final ainda não foi tomada e o debate continua.

Mas qual o conceito de “karma”?

O karma é um conceito presente em diversas religiões e filosofias orientais, como o hinduísmo, budismo e jainismo. Simplificando, é a lei de causa e efeito que rege nossas vidas.

Cada ação que realizamos, seja física, verbal ou mental, gera uma consequência, positiva ou negativa. Consequências que se manifestam na vida presente ou futuras. Se você planta uma semente, colherá uma fruta. Se causa sofrimento, sofrerá no futuro.

A intenção por trás de uma ação também influencia o karma. Uma ação feita com compaixão terá um resultado diferente de uma ação feita com raiva. O karma não é uma punição, mas sim um ciclo contínuo de causa e efeito. Nossas ações moldam nosso futuro.

Ele ensina que nossas ações têm consequências e que podemos moldar nosso futuro através de nossas escolhas. Ao compreendê-lo, podemos viver uma vida mais consciente e significativa.

O karma na cultura ocidental

A compreensão do “karma” no ocidente difere da encontrada no oriente. O conceito se popularizou no Ocidente, muitas vezes simplificado e descontextualizado.

É frequentemente entendido como uma espécie de “lei do retorno”, onde boas ações geram boas consequências e vice-versa. Não está ligado a sistemas religiosos específicos, mas sim a uma busca por significado e justiça.

Muitas vezes, o karma é visto como uma força que opera rapidamente, com consequências visíveis na vida atual, uma explicação simplificada para os eventos da vida.

A Conexão entre o Cristianismo e o Karma

O cristianismo e o conceito de karma podem parecer bastante distintos; aquele, com suas raízes no monoteísmo, e o karma, envolvendo a ideia de reencarnação. Mas podemos identificar algumas semelhanças e pontos de contato.

No primeiro ponto de contato, tanto o cristianismo quanto as religiões orientais que abordam o karma reconhecem a existência de uma lei de causa e efeito.

No cristianismo, essa lei é frequentemente expressa em versículos como “O que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6:7). A ideia de que nossas ações têm consequências é um princípio fundamental em ambas as tradições.

Tanto o cristianismo quanto o karma abordam a questão da justiça divina. No cristianismo, Deus é visto como um juiz justo que recompensa os bons e pune os maus. No karma, as ações individuais determinam a experiência futura, nesta vida ou nas futuras.

Em alguns casos, o karma é confundido com fatalismo, onde tudo já está escrito e não temos controle sobre nossos destinos, podendo ser utilizado para justificar situações de sofrimento, como se as pessoas estivessem colhendo o que plantaram em vidas passadas.

Conclusão

Talvez a comunidade fedorense veja “desrespeito” no uso da palavra karma, baseado na percepção ocidentalizada do conceito homônimo.

Dificilmente a utilização da mesma comprenderia o real significado que existe no ocidente, o que não seria mal.

Associar a atualização de pacotes com “aperfeiçoamento”, “progresso”, “evolução” seria uma grande sacada para significar ainda mais o Bodhi karma

Fonte: links no texto

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Ahh pelo amor, se pelo menos fosse alguém das religiões que adotam o termo que estivessem se sentindo ofendidos ou coisa parecida eu entenderia, mas pessoas sem qualquer ligação? Fica ainda mais curioso se considerar que os poucos budistas que entraram na discussão, se posicionaram contra a mudança… Se a ideia é ser neutro, dá pra manter a temática com “3rd-newton-law”

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O que seria isso?

Seria a Ação e Reação de Newton, sendo aplicada a algo assim?

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Exatamente

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O Bodhi Linux está aí para servir a qualquer público, mas desde sempre tem forte inspiração no budismo. Se alguém se sente incomodado com isso, basta não usar. Existem, aliás, remixagens do Ubuntu e outros sistemas pensadas para adeptos de diferentes credos.

De todo modo, fica a curiosidade: por que o projeto do Fedora tem tanto interesse num ambiente gráfico tão específico quanto o Moksha do Bodhi Linux? Este é uma variação do Enlightenment, que está bem vivo em seu desenvolvimento. Por que o Fedora não vai direto ao Enlightenment? Ou está indo também?

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Moksha é uma versão polida do que seria Enlightenment 18, o Enlightenment passou por uma fase meio conturbada na transição da versão 16 pra 17, enviando pacotes parciais, documentação misturando recursos que não haviam sido implementados com recursos já abandonados, isso fez os usuários forkearem o projeto, inclusive eventualmente o próprio Enlightenment sofreu uma regressão extrema de Major pra se reestruturar mas aí o Moksha já tinha ganhado tração

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Que bom que as pessoas estão se importando mais com o que ofende as outras. Acho válido e maduro da comunidade do Fedora (Da qual faço parte) se preocupar com isso também.

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Acho que a tendência vai ser utilizar termos ditos neutros mesmo.

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