Porque a crise na rede Freenode é um grande alerta para o open source?

As redes IRC fazem parte da história da computação, quando a internet não ainda não era madura o suficiente para suportar streamings e conferências em tempo real, redes de texto cumpriram o papel de permitir que desenvolvedores geograficamente distantes pudessem trabalhar como pares.

Estamos acompanhando nas redes sociais e sites de notícia sobre tecnologia como a rede Freenode, uma das mais antigas redes em atividade, vem passando por um caótico processo de reestruturação após uma companhia assumir os privilégios sobre áreas críticas para sua operação, o que levou grande parte do staff responsável pela estrutura da rede a deixarem seus cargos.

Conforme este artigo da ArsTechnica, vemos que o processo de tomada começou por ainda em 2017 e apenas foi escalando, até chegar ao ponto de crise em 2021.

De acordo com as informações divulgadas sobre o funcionamento da rede, diversas brechas e áreas cinzentas no projeto, foram utilizadas para permitir que contratos fossem unilateralmente assumidos, sem nenhum conhecimento ou aprovação por conta do conselho responsável pelo funcionamento da rede.

Porque isso é um sinal de perigo?

A rede Freenode, assim como muitos projetos de software livre, opera de forma geral graças ao esforço de dezenas, às vezes centenas de voluntários que dedicam seu tempo e esforço para manter o projeto ativo. E muitas vezes, dada a esse estrutura descentralizada e algumas vezes não profissionalizada de alguns projetos, sobram aberturas para processos ou tomadas hostis como essa.

Grandes projetos como KDE, GNOME, GIMP e tantos outros, possuem organizações legalmente fundamentadas, aparadas econômica e juridicamente em diversos níveis. Mas, não é difícil encontrar projetos relevantes que ainda são geridos como um hobby.

Profissionalizar os projetos pode ser uma necessidade urgente

O software, seja livre ou não, é um ativo valioso no mundo atual - diversas tecnologias podem de um momento para outro, se tornarem essenciais para nossa vida cotidiana. Vide o exemplo das vídeo-conferências e serviços de trabalho colaborativo remoto, que até poucos meses atrás eram importantes, mas não essenciais para a vasta maioria da população.

A discussão que surge com essa situação na rede Freenode, é que: será que os projetos que acompanhamos diariamente de software livre e código aberto, estão preparados para se defender neste cenário onde o software é um ativo cada vez mais valioso?

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