Por que privacidade?

Ok, pode parecer uma pergunta meio boba. Ainda mais que eu mesmo venho fazendo alguns esforços para me tornar mais anônimo na internet, como a utilização de softwares open-source e pouca exposição nas redes sociais. Porém, de fato nunca me importei tanto com isso e apenas agora é algo que estou buscando saber mais sobre.

Sei que nisso há vários benefícios, como estar mais protegido em relação a possíveis ataques de golpistas e hackers, saber que meus dados não serão processados em um banco de dados de uma big tech como a Google ou Meta, não servir se estatística para que tais empresas e governos tomem melhores decisões sobre como manipular as pessoas, etc.

Mas de fato se eu fosse explicar para alguém o porque de tudo isso, todos esses esforços que muitas vezes fazemos para não ficarmos expostos na web, não saberia explicar com propriedade. Por isso venho buscando me informar mais em relação a isso, mas ainda assim estou muito confuso. Exemplo:

  • Porque utilizar um navegador alternativo focado em privacidade, ou até mesmo um mecânismo de busca se eu não faço nada de errado na internet?
  • Qual o problema de receber anúncios e notícias relevantes para mim com base na minha atividade online?
  • Qual o problema do WhatsApp ou Gmail saberem o que converso se não falo nada de errado?
  • Não tenho nada sensível salvo no computador. Se me hackearem e criptografarem meus dados, não perderei nada. Além disso, por que me escolheriam?
  • Qual o problema de minha anotações ficarem salvas no banco de dados de alguma empresa, se também não tem nada de sensível ou errado nelas?

Enfim, esses são apenas alguns questionamentos que surgem quando penso nesses aspectos. Ainda não consegui entender direito a grande problemática de tudo isso, o cerne da questão. O porque dificultar tanto a vida digital para maior privacidade, e se de fato isso vale a pena. Até porque, tudo que já fiz de errado até agora está salvo por aí e é difícil reverter.

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Você pode não ter feito nada de errado de acordo com as leis atuais, mas nada garante que um dia o governo ou as plataformas (que muitas vezes são até mais cruciais para sua vida do que o governo) vão mudar a definição de “errado”. Geralmente vai ser de pouco a pouco, começando por pessoas que unanimemente são consideradas erradas, até que o famoso poema “então eles vieram e me levaram…” vira realidade.

Além disso, mesmo o “certo”, no contexto errado, tem grande poder de constranger, e não ter a paz de espírito que só a privacidade fornece resulta em autocensura. Afinal, mesmo quem diz “ah, aceito os termos, não tenho nada pra esconder” faz suas necessidades com a porta do banheiro fechada, e só reclama do chefe do trabalho entre amigos.

Ainda que você confie na empresa não jogar suas conversas no ventilador, elas estão constantemente na mira de hackers que vivem de invadir e vender o conteúdo de bancos de dados. Se mesmo bancos com muitos dados removidos permitem identificar uma pessoa, quem dirá dados “brutos”.

Atando esse último tópico com o segundo, leis que visam enfraquecer medidas de privacidade para investigar criminosos geralmente também enfraquecem a proteção contra ataques de hackers dos dados cidadãos “de bem” no banco da empresa.


Isso só responde aos itens 1, 2, 3 e 5, mas porque o item 4 é outro “modelo de ameaça”. Realmente é difícil um cidadão “comum” entrar na mira de grupos que farão questão de tomar seu computador e fazer pente-fino nos dados (em vez de só formatar e vender a um preço duvidoso em um camelô). Sei de pessoas que são paranoicas com a privacidade na internet mas que não andam com disco rígido criptografado justamente por não considerar isso uma ameaça realista para a inconveniência que dá.

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“Porque essas são formas de mitigar o rastreio online.”

“Porque a vida já é muito curta para perder tempo vendo propaganda.”

“Se você não tem nada a perder (dados), não tem do que se preocupar, e, se não tem nada que importe para alguém, muito menos.”

“Porque ninguém precisa ou tem que saber o que você está fazendo, não é só uma questão de se você faz algo de certo ou errado, fora que pode haver interesses escusos que essas empresas têm pelos seus dados.”

Manda assistir “O Dilema das Redes”, e se a pessoa continuar cética, deixa que a seleção natural faz o resto.

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Por que privacidade? Pelo mesmo motivo das paredes da sua residência serem de tijolo em vez de vidro transparente.

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Muito obrigado pelas respostas, venho pesquisando mais sobre isso e agora as coisas estão começando a fazer mais sentido.

É um bom argumento, ainda mais considerando a instabilidade política do Brasil e dos demais países da América Latina. Nada nos garente que daqui algum tempo o Brasil não se torne uma nova China ou Coréia do Norte.

Em relação a questão de roubo de dados, pelo visto o problema está muito mais em algum hacker invadir o banco de dados de alguma empresa do que meu computador. Em uma breve pesquisa verifiquei que até mesmo serviços populares de cloud storage como Dropbox e Mega já tiveram problema em relação a isso.

Obrigado pelas referências, esses conteúdos mais aprofundados ajudam e entender a real problemática de tudo isso. Conceitos como leis relacionadas a dados, criptografia, etc. não são tão simples de entender se não há algum esforço voltado a isso.

Partindo para questões práticas, por agora estou tentando buscar um equilíbrio entre conveniência e privacidade:

  1. Transição para serviços com foco em privacidade, de preferência open-source, local-first ou com criptografia p2p. Exemplo: Todoist para Super Productivy (local-first e open-source), Notion/Trello para Anytype (criptografia p2p), Google Passwords para Bitwarden, etc…
  2. Android com custom ROM baseada no AOSP e debloat do Windows (ainda preciso para algumas tarefas, mas uso Linux no dia a dia)
  3. Centralizando o resto apenas em serviços da Google (Drive, calendário, tasks, email), com a conta Google configurada para o menor armazenamento de dados possível. Isso até que eu monte meu homelab com Nextcloud.
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