O “problema” da compatibilidade entre as suítes Office são majoritariamente dois: fontes e macros.
O Windows e o MS Office usa as fontes Cleartype como padrão (Calibri, Cambria, Candara, Consolas, Constantia e Corbel), e estas fontes não são livres, são protegidas pelas licenças do Windows e do Microsoft Visual Truetype. Eu sei porque já migrei varias empresas para o Linux e o MS Office (essa licença das fontes) é o grande calcanhar de Aquiles de o porque as empresas e pessoas não migrarem para o linux.
Os macros é um caso a parte. Dificilmente vão funcionar igual, mas se voce abrir documentos com macros feitas no office 2007 para traz, o LibreOffice funciona…
Para empresas, o que se pode fazer é sugerir a compra do pacote de fontes Cleartype (da ultima vez que vi era mais de 1.000 reais por máquina). Então, a maioria fica como está, usando seus MS Offices desatualizados em seus Windows desatualizados, afinal, migrar licenças de software é uma paulada em termos financeiros.
Mas vou dar crédito ao LibreOffice… a compatibilidade melhorou demais em relação a anos atrás… A recente reclamação da The Document Foundation tem total sentido… a MS sabe que as empresas não abandonam o Windows e o Office porque quem tem milhares de documentos já escritos, arquivados, não vai mudar para outra suíte ou sistema. Eles dificultam e vão dificultar o máximo que puderem.
São os fatos, quer gostemos disso ou não.
P.S.: Perguntei ao ChatGPT como funciona a substituição de fontes ausentes entre as suites Office… a resposta foi interessante:
Funciona como um “dublador improvisado” — quando a fonte original não está disponível no sistema, a suíte Office escolhe uma substituta que parece semelhante, mas raramente é idêntica.
O processo, tecnicamente, segue mais ou menos esta lógica:
1. Identificação da fonte ausente
- Quando você abre um documento (
.docx
, .xlsx
, .pptx
), o arquivo contém metadados indicando a fonte usada (nome exato e, às vezes, informações de peso, estilo e tamanho).
- A suíte (LibreOffice, OnlyOffice, WPS etc.) verifica se essa fonte está instalada no sistema operacional.
- Se não estiver disponível, aciona o mecanismo de substituição (font fallback).
2. Escolha da fonte substituta
-
Cada suíte mantém uma tabela interna de mapeamento — por exemplo:
- “Calibri” → usa “Carlito”
- “Cambria” → usa “Caladea”
- “Arial” → usa “Liberation Sans”
-
Se não houver um mapeamento explícito, o programa pede ao sistema operacional para indicar a substituta mais próxima visualmente (fontconfig no Linux, DirectWrite no Windows).
-
O critério não é só estético: leva em conta métrica da fonte (altura-x, largura dos caracteres, espaçamento padrão) para tentar manter o layout o mais parecido possível.
3. Efeitos da substituição
Mesmo com uma fonte “similar”, o resultado pode mudar:
- Quebras de linha diferentes (porque uma letra pode ser ligeiramente mais larga ou estreita).
- Desalinhamento de tabelas e imagens ancoradas.
- Diferença no espaçamento vertical (interlinha).
- Mudança no peso visual (a substituta pode parecer mais fina ou mais grossa).
Isso explica por que documentos “lindos” no Windows ficam “esquisitos” no Linux sem as fontes originais.
4. Como contornar
- Instalar as fontes originais (respeitando licenciamento).
- Configurar manualmente o mapeamento no LibreOffice (
Ferramentas → Opções → LibreOffice → Fontes → Substituição de fontes
).
- Usar fontes livres equivalentes já instaladas tanto no Linux quanto no Windows.
- Trabalhar com PDF para arquivos finais, evitando a reinterpretação de layout.
Resumindo:
A substituição de fontes é uma solução “melhor do que nada”, mas nunca perfeita. É como tentar cantar uma música sem conhecer a melodia exata — você pode acertar o tom geral, mas sempre haverá pequenas diferenças que um ouvido atento (ou um layout apertado) vai perceber.
Isso explica muita incompatibilidade que sempre costumam atribuir à “culpa do LibreOffice”.
Vida longa e próspera! 