O que leva um brasileiro a comprar um MacBook e como é usar um?

Normalmente os fãs de Mac são fiéis adeptos dos produtos da empresa. Para vocês que são proprietários e usuários de Mac, o que há de diferenciado no hardware e software dos Macs que os faz preferi-los em relação à outras máquinas?

3 curtidas

Em resposta a TiagoCardoso (tópico fechado e resposta transferida para cá):

Normalmente os fãs de Mac são fiéis adeptos dos produtos da empresa. Para vocês que são proprietários e usuários de Mac, o que há de diferenciado no hardware e software dos Macs que os faz preferi-los em relação à outras máquinas?

O preço… :scream:

Bom, já que proprietários e usuários não se manifestaram até agora, lá vai um pitaco de um não-usuário.

A primeira enorme diferenciação que vi, em 1987, foi o “ambiente gráfico” ─ numa época em que o chamado “PC-IBM” + MS-DOS só lidavam com um “gerador de caracteres” em tela preta ─ umas 23 linhas de 80 letras mono-espaçadas, ou algo assim. (Esqueci os detalhes. Seriam 40+ linhas?)

O chamado “PC-IBM” (16bit) era mais comum em empresas, pois a maioria dos usuários domésticos ainda usavam uma variedade de marcas de 8bit.

Como as peças podiam ser facilmente compradas, centenas ou milhares de empresas montavam computadores “PC-IBM”, em vários países, bem como máquinas de 8bit. ─ No Brasil, o Apple II plus era montado por CCE, Unitron, Dismac; e a Spectrum lançou um Apple IIe.

Para tentar impedir essa proliferação generalizada, a IBM criou o PS2, de “arquitetura fechada” ─ cujas peças não poderiam ser vendidas a terceiros. ─ Falhou por completo, e graças a isso o “padrão IBM” se consolidou como padrão universal. Todo mundo continuou montando “PC-IBM”, que ocupou o espaço com o fim das marcas de 8bit.

A Apple tentou o mesmo, com o “MacIntosh”, e teve sucesso. ─ A Unitron fez uma “engenharia reversa” e conseguiu produzir o único “Mac 512” não-Apple do mundo. ─ Não havia base jurídica para impedir isso, então a Apple recorreu à influência política dos EUA para pressionar o Brasil a capitular fora do “direito”.

A decisão foi tomada numa reunião do Conin (Conselho Nacional de Informática), formado por vários ministros, e alguns representantes da sociedade e do setor privado (Gradiente, se não me engano, que vendia o MSX Expert, de outra linha, não-Apple), no governo Sarney. O ministro da Ciência e Tecnologia, Renato Archer, votou contra a pretensão da Apple. O ministro das Comunicações, ACM, votou pela pretensão dos EUA. Outros ministros acabaram votando contra a Unitron, pois as retaliações dos EUA poderiam causar estragos em várias áreas, em especial na da Fazenda.

Os detalhes da reunião foram vazados, em off, pelo assessor de um dos participantes para vários jornalistas do lado de fora. Se não me engano, foi publicado num jornal local e no JB. N’O Globo, a matéria não saiu, pois ACM ligou para Roberto Marinho, à noite, e substituíram por outro texto, ditado por telefone.

Morreu ali minha expectativa de comprar um Mac Unitron, que nunca foi lançado. O Mac da Apple era muito mais caro, na época.

Aquele antigo padrão-IBM tinha uma limitação ao aumento da RAM (endereçamento), que foi contornado com uma gambiarra, devido à opção da IBM de sempre manter a compatibilidade com as versões anteriores, para não afugentar os produtores de software (suponho que o MS-DOS, em primeiro lugar) e, desse modo, não espantar os clientes. ─ O resultado era meio capenga, e naquele momento o Mac mostrou mais uma vantagem, pois não tinha aquele problema.

Uma terceira vantagem do Mac, claro, é que bastava o sistema operacional funcionar em poucas variações de hardware, rigidamente controladas pela Apple.

Não posso citar várias outras vantagens comparativas, porque realmente me desinteressei do assunto, e não acompanhei em detalhes. Sobre a mudança do sistema operacional a certa altura (Next?), por exemplo, só estou vendo agora, em retrospecto, inclusive em algumas postagens recentes aqui no forum.

Havia outro projeto de ambiente gráfico, GEM-Xerox, mas não foi pra frente. O Windows acabou chegando na frente, e na concorrência com o Mac a Microsoft foi beneficiada pela ampla difusão do “padrão-IBM” no mundo inteiro, a preços bem inferiores aos do Mac.

No final dos anos 80 ou início dos anos 90, um primo do papagaio de um conhecido me demonstrou uma alternativa interessante ─ um PC super-parrudo, com OS2 (acho) que rodava Windows em algo como uma VM. ─ Uma maravilha, mas vi que o preço pedido por ele se baseava na minha ignorância. Também vi que, depois de embolsar a grana, o cara não me ajudaria em nada. Eu ficaria com um sistema totalmente fora da minha compreensão.

2 curtidas

Olha, citaria inúmeras coisas. Não sei se o preço que se cobra no Brasil é justo, é um produto mais caro, premium, mas aqui se exagera. O meu último, citado lá em cima, comprei a 70% do “preço de tabela”.

Duas coisas fundamentais:

  • a engenharia da Apple é muito adiantada em relação ao restante. O tipo de solda, a disposição dos componentes, a inteligência da distribuição são uma coisa de louco. Posso dizer isto a partir do momento que criei um “fusion drive genérico” que tive que desmontar, literalmente, todo um Mac Mini (porque não é para fazer isto kkk). Eu diria que nos Apples que tive, o padrão de conexão, solda e miniaturização é uns cinco anos à frente dos concorrentes.

  • suporte. Existe o suporte padrão, o bom e o alto nível. Esqueci de citar que por muito pouco tempo fui dono de um Airport, que também vendi a preço de custo. Tanto o Macbook white como o AIrport tiveram problemas. No caso do white, já vencida a garantia, meu gabinete rachou (caso clássico do produto). A Apple nem discute com você: pega o produto, arruma e dá nova garantia porque sabe que foi um defeito de projeto. No Airport, mesma coisa… Por algum motivo não dava boa conexão 5GHz, eles nem tentam arrumar. Só verificam, fazem testes para ter certeza, e aí quando viram que tava bichado me deram um novo, lacrado. Neste nível de facilidade de dialogar e não me sentir enganado, só tive experiência comparável com Avell (tenho um que é de 2012, ainda o utilizo para trabalhar).

2 curtidas

Bom, eu moro na Inglaterra, aqui as coisas são diferentes, eu sei. Eu sou usuário de MacBooks desde 2015, não por opção, mas porque as empresas que eu trabalhei sempre me deram um MacBook Pro e a cada 2 anos quando recebemos novos equipamentos, os funcionários têm a opção de comprar o antigo por um preço reduzido ou devolvê-lo. Meu último Macbook Pro 2018 eu paguei £400 em 2020, que é equivalente hoje a R$ 3.200,00. Um usado semelhante pode ser encontrado usado no eBay.co.uk pelo dobro do preço.

Um fato que eu acho que passou despercebido até agora neste tópico, é o produto real vendido pela Apple. Existem muitas empresas de Tecnologia com departamentos de Marketing, mas a Apple é uma empresa de Marketing, com um departamento de Tecnologia.

O produto principal vendido pela Apple, não é o computador, o telefone ou o tablet, é o status. É como a Ferrari, que nunca produziu os carros mais velozes, porém sempre os mais desejados. Com isto em mente, é preciso lembrar de que este Status não seria entregue, se o produto não funcionasse corretamente. Daí vem toda a filosofia da Apple.

Os computadores não são os mais rápidos ou melhores, mas eles “funcionam”, um sistema altamente travado com controle absoluto que só aumenta a cada ano, é muito mais “fácil” pra apple entregar hardware e software que funcionam em conjunto, uma vez que ambos são produzidos pelo mesmo time.

Eu já tive Hackintosh em casa mas hoje tenho um desktop mais parrudo pra rodar o OSX sob o qemu quando preciso, então escolhi rodar archlinux como distro principal. Isso me permitiu aprender bastante sobre o funcionamento interno do MacOS, como configuração e instalação de drivers não-oficiais e na minha opinião, o sistema não é nada de mais. O Darwin é um excelente kernel, sem dúvida, mas ainda acho o Linux superior em diversos aspectos, e o FreeBSD é um bom sistema, mas um usuário com conhecimentos avançados de GNU/Linux consegue configurar e otimizar qualquer distro a ponto de entregar uma experiência bem próxima, desde que seja utilizado um hardware bem testado e com um bom suporte.

No mais, eu imagino que dirigir uma ferrari deva ser uma experiência espetacular mas pelo preço, se eu pudesse pagar, eu optaria pelos suecos Koenigsegg. Podem não ter o mesmo glamour e oferecer o mesmo status, mas são máquinas muito superiores.

10 curtidas

Acho a comparação injusta. A Ferrari é uma marca que de fato pega só em marketing. Como carro, é uma droga, diz que não roda 10.000 km sem precisar de uma oficina.
Um Apple não é isto, e em algum momento da história ele teve máquinas destacadas, embora a força esteja no conjunto hard-software.
Como sistema, o OSX é algo bom que parou no tempo. Tem muita coisa nele que hoje performa muito pior do que há uma década, especialmente na indexação dos documentos.

2 curtidas

O @thiago_uk está comentando com visão lá na Inglaterra, então é justo oque ele falou. A Ferrari projeta carros para a Europa e lá, ruas, estradas, rodovias, a qualidade não se compara com aqui no Brasil que é no minimo péssimo. Por isso carros como Ferrari, não aguentam muito aqui. Aqui tem de ser veículo de guerra, estilo o VW Schwimmingwagen. :joy:

Falando do Tópico, onde eu trabalhava era por questão de segurança. Os Diretores e Gerentes cada um tinha um Apple. Como 90% do sistema da rede era Linux based ou Windows OS, um ataque, invasão nos Apples era algo mais difícil… Eles se sentem mais seguros fazer reuniões, analisar dados em ambiente Apple invez de quaisquer outros concorrentes.

:pray:t2:

2 curtidas

Eu gosto bastante do design dos laptops da Apple e, aparentemente, eles tendem a ter boa durabilidade. Contudo, em termos de preço no Brasil, acho inviável. Lá no exterior a diferença de preço para os concorrentes não é tão grande como ocorre aqui.

Além disso, não considero uma boa empresa - em termos de práticas - e acho que a definição do @thiago_uk é bem precisa. Eu, pessoalmente, jamais compraria, mesmo que o preço fosse justo. Uma empresa que se posiciona abertamente contra o “Right to Repair” não é boa coisa.

3 curtidas

Para mim o que levam a maioria das pessoas no Brasil a comprar um Mac são:

  1. Ter dinheiro de sobra;
  2. Status que os produtos trazem;
  3. Qualidade do ecossistema.
6 curtidas

Tirando a parte financeira e o Status… realmente a qualidade e design dos produtos Apple chamam a atenção…

Você pega aqueles Macbooks com aquela maçã acesa na tampa e já faz toda a diferença, enquanto tu olha pra algum note tradicional com aquele logotipo sem graça colado…

Uso um teclado Apple A1243 em uma das minhas máquinas e já por ele dá pra ter uma idéia… 2 portas USB (1 em cada ponta)… acabamento todo em aço escovado… e com um peso de mais de meio quilo (dá até pra usar como arma se alguém invadir a casa)

Isto é um preconceito bobo.
Existem alguns produtos que tem bom custo benefício, pelo menos nalguma fase do ciclo de vida.
Lembro que meu macbook white saiu por nominais 2.799, quando um note básico estaria na faixa de 2 a 2.200. A diferença é que ele tinha 3h30min de autonomia fora da tomada, quando o comum no resto era duas horas e olhe lá, e com um sistema de indexação da Apple que nem apps pagos do windows proporcionavam.

A Apple não tem produto básico, o mais simples deles já seria uma linha intermediária, aí não dá para fazer a comparação.

Outra coisa que lembrie de um colega meu é a questão da acessibilidade. Ele tinha uma certa deficiência que a Apple tinha larga vantagem sobre os demais.

Minha resposta é só abrir o site da Apple e olhar os preços, poucos brasileiros tem dinheiro de sobra assim.

2 curtidas

Se for para gastar 6 mil ou valor próximo em um laptop, eu vou comprar um Thinkpad. Ao meu ver, o contrário não faz sentido, a não ser em um caso específico.

2 curtidas

Em termos de laptops novos, difícil alguma coisa da Apple compensar no mercado nacional. Os laptops deles geralmente comem muita poeira de outros concorrentes em faixa de preço semelhante. No mercado de usados até pode ser. Os novos chips M1 também podem ajudar, pois o desempenho é excelente.

Tem umas coisas absurdas… Por exemplo, R$ 8.300,00 em um Core i3 dual core com SSD de 256GB? Isso é hardware de entrada: https://www.kabum.com.br/cgi-local/site/produtos/descricao_ofertas.cgi?codigo=114210

Lá no exterior a diferença de preço não é tão grande e alguns modelos têm um custo x benefício até bacana. Esses novos Macbook Air e Pro com chips M1, por exemplo. Aqui não dá para entender o que acontece… Vai ver a ilusão de “status” faz as lojas jogarem os preços lá no alto.

1 curtida

Será que teremos Thinkpads com ARM em breve também? Será que posso sonhar com um com teclado mecânico ou óptico um dia?

1 curtida

https://www.ipsos.com/pt-br/perigos-da-percepcao-2017

Essa pesquisa já é um bom começo para entender o que acontece no Brasil sob diversas perspectiva.