O WordPress, que é a plataforma mais usada para criar sites e depende de um único repositório central para a distribuição de plugins e temas. Isso significa que se algo der errado com esse repositório central, ou se houver problemas de controle, todo o ecossistema do WordPress pode ser afetado.
Para contornar esse problema, a Linux Foundation anunciou o lançamento do FAIR Package Manager (FAIR), um novo projeto federado e independente de repositórios para descentralizar a infraestrutura de plugins e temas para o WordPress. Em vez de depender de uma única fonte, terceiros terão mais opções para encontrar, distribuir e gerenciar plugins e temas.
O FPM quebra a dependência do WordPress como única fonte de plugins e temas, permitindo que várias fontes confiáveis distribuam esses pacotes. Com a distribuição descentralizada e o uso de recursos como “cryptographic salts”, o FAIR visa fortalecer a cadeia de suprimentos de software, tornando-a mais resistente a ataques e adulterações.
Isto vai melhorar a forma como os plugins e ferramentas interagem entre si, tornando o ecossistema de publicação web mais inovador e acessível, com maior controle aos desenvolvedores e empresas de hospedagem sobre as ferramentas que usam, promovendo a inovação e protegendo a continuidade dos negócios. Também visa garantir a sustentabilidade de longo prazo da plataforma de gerenciamento de conteúdo de código aberto.
Sendo hospedado pela Linux Foundation, o projeto terá uma governança neutra e transparente, incentivando a participação ampla da comunidade, funcionando como um substituto direto para a infraestrutura centralizada do WordPress, para verificações de atualização e feeds de eventos.
WordPress x WP Engine
O FPM veio à luz porque há uma disputa disputa pública e legal entre o cofundador do WordPress, Matt Mullenweg, que também é CEO da Automattic, a empresa por trás do WordPress, e a WP Engine, um dos maiores provedores de hospedagem gerenciada de WordPress.
Em setembro de 2024, Matt Mullenweg, acusou a WP Engine de ter muito lucro com o WordPress, de código aberto e gratuita, sem fazer as contribuições “adequadas” de volta à comunidade. Também a acusou de uso indevido da marca “WordPress”, apresentando seus serviços como se houvesse uma associação com o projeto WordPress, sugerindo que ela deveria pagar 8% de suas receitas pelo uso da marca.
Como parte dessa escalada, a Automattic, liderada por Mullenweg, bloqueou o acesso da WP Engine a recursos críticos do WordPress, incluindo o repositório oficial de plugins e temas. Isso teve um impacto direto nos clientes da WP Engine, que ficaram impossibilitados de receber atualizações de segurança e funcionalidades para seus plugins e temas, colocando seus sites em risco e causando grande inconveniente.
A WP Engine contra-atacou com processos judiciais contra Mullenweg e a Automattic, alegando “práticas comerciais injustas”, “abuso de controle da plataforma” e “extorsão”, argumentando que Mullenweg usou sua posição de poder no WordPress para prejudicar a concorrência e forçá-los a pagar somas de dinheiro.
Um tribunal americano concedeu uma liminar ordenando que a Automattic e Mullenweg parassem de bloquear o acesso da WP Engine e removessem quaisquer medidas discriminatórias, como verificações de login específicas para usuários da WP Engine. Essa foi forçou-os a restaurar o acesso da WP Engine.
A disputa acendeu debates sobre o que constitui uma “contribuição adequada” para um projeto de código aberto, quando empresas comerciais lucram com ele. A questão do uso de marcas registradas no ecossistema de código aberto, especialmente por empresas que constroem negócios em torno de projetos como o WordPress, tornou-se um ponto de discórdia central.
As tensões e a batalha legal geraram incertezas e preocupações na comunidade WordPress. Muitos desenvolvedores e usuários expressaram receio de que as ações de uma única pessoa pudessem desestabilizar uma plataforma que sustenta uma enorme parcela da internet. O que mostrou a necessidade de uma governança descentralizada para o WordPress, um dos motivadores por trás do lançamento do FAIR Package Manager pela Linux Foundation.
No início era o código…
Em essência, a disputa entre Matt Mullenweg e a WP Engine é um choque de visões sobre como o ecossistema de um software de código aberto deve funcionar, especialmente quando grandes empresas comerciais estão envolvidas. Isso levou a uma busca por alternativas mais descentralizadas e robustas, como o FAIR Package Manager, para garantir a sustentabilidade e a independência do WordPress a longo prazo.