Aparentemente o projeto KDE está em maus lençóis! A Qt Company – empresa responsável pelo QT – está prestes a matar a cooperação existente entre os projetos. Em sumo, a Qt Company está para limitar TODOS os lançamentos em QT APENAS para os desenvolvedores licenciados, afetando diretamente e deliberadamente o projeto KDE, pois o KDE vem negociando com a empresa em questão para evitar tal problema, mesmo que o diálogo não venha dando resultados.
Segue algumas informações importantes repassadas na publicação do projeto KDE sobre o assunto:
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Nos últimos dois anos, houve negociações para a atualização do contrato entre a The Qt Company e a Fundação KDE Free Qt.
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Mas, na semana passada, a empresa informou repentinamente ao KDE e a Fundação KDE Free QT que as perspectivas econômicas causadas pelo coronavírus coloca mais pressão sobre eles para aumentar a receita a curto prazo. Como resultado, eles estão pensando em restringir TODAS as liberações Qt a titulares de licenças pagas durante 12 meses. Eles sabem que isso significaria o fim das contribuições via Governança Aberta na prática.
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Esperamos que a Qt Company reconsidere. No entanto, essa ameaça para a comunidade Open Source precisa ser antecipada para que as comunidades Qt + KDE possam se preparar.
A Qt Company diz que só deseja reconsiderar a abordagem se oferecermos a eles concessões em outras áreas. Lembro-me, no entanto, da situação há meio ano onde tínhamos discutido uma abordagem para atualizações de contratos que eles repentinamente descartaram ao restringir as versões LTS do Qt.
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Também estou absolutamente certo de que as comunidades Qt + KDE continuarão a cooperação em novos recursos, correções de bugs e segurança, mesmo que a Qt Company decida renunciar aos benefícios da cooperação.
Convido a The Qt Company a ficar conosco. Vai valer a pena.
Não sei o que vai acontecer, mas estou desistindo do meu plano de usar o Plasma, fora os bugs que acontecem comigo e agora isso, vou ficar no GNOME mesmo.
Eu só vi a chamada da matéria falando que o Qt iria começar a cobrar pelas licenças, que nem mencionava o KDE, e na hora já pensei no problema que isso vai dar. Situação bem complicada, mas não muito surpreendente dado que o Qt não é um projeto OpenSource nativamente.
Na verdade, o QT é 100% Open Source, mas não é Software Livre. Open Source e Software Livre são duas coisas diferentes. Em sumo, enquanto você tem o Software Livre como algo liberal, você tem o Open Source que pode ou não ser liberal. Você pode criar um app Open Source e cobrar por ele, estabelecer regras, licenças etc. Foi isso o que a Qt Company fez. Entende? Todo Software Livre é Open Source, mas todo Open Source não precisa ser livre e sinceramente, é uma atitude um tanto ingenua por parte do KDE criar um Software Livre sendo dependente de um que não é.
Sim sim, eu sei a diferença entre as duas coisas, só usei a nomenclatura errada. Mas o cerne do problema é o mesmo, o KDE não pode simplesmente fazer um fork do projeto e usar o código da Qt como bem quiser. As consequências disso são previsíveis pra um projeto como o KDE.
E reescrever o software inteiro a cada release do GTK? Melhor evoluir o FLTK…
O Qt possui uma “versão” software livre que é a usada pelo KDE e DDE, o problema (aparentemente) é que os usuários open source vão ter um atraso de 12 meses para receber as atualizações
Quem mais vai ter problemas é a The Qt Company e o Wayland, o KDE vai continuar firme e forte
Essa “versão software livre” é oriunda de um acordo com a Qt Company, logo ela não é verdadeiramente Software Livre, é apenas uma tentativa de conseguir maior liberdade para o projeto KDE. Se a Qt Company meter o louco, as coisas podem ficar bem feias.
Duvido muito que a Qt Company vai sair prejudicada tanto quanto o KDE, porque quem vai ter que trabalhar para resolver esse problema é o KDE. A verdade é que a Qt Company por um bom tempo vem ditando as coisas do jeito que deseja, essa não é a primeira vez que o KDE precisa lidar com esse tipo de atitude unilateral. Já o Wayland só vai ser prejudicado no Qt.
Todo o KDE é construido sobre a GPL, desde 1998 (na verdade nem é o único) a Qt Company não pode impedir o uso dessa bifurcação, o que acontece (e eu só fui entender depois de conversar com alguns devs do KDE) é que o QT possui 3 versões:
GPL usada pelo KDE, DDE
LGPL usada pelo VLC e aplicativos Qt que usam QWaylandCompositor
Comercial
Os devs do KDE ajudam no desenvolvimento do Qt pela versão FOSS implementando funções, corrigido e reportando bugs e etc… se o acordo for rompido, o KDE continua usando a versão GPL podendo mudar a API por exemplo, sendo assim a The Qt Company vai perder os milhões de devs do KDE ao redor do globo, pode perder a compatibilidade com algum eventual fork… é uma ação potencialmente suicida ainda mais no cenário atual onde se clama por “Free and Open Source Software” na camada desenvolvimento, porque eu pagaria por algo sendo que tem essencialmente o mesmo FOSS desenvolvido por milhões de pessoas? O máximo que vai acontecer é o “QPushButton” se tornar “KPushButton”
Cara, não sou um grande conhecedor de licenças como o @Natanael.755 , mas já li um pouco. Pelo o que eu sei, se você lança um projeto sob a licença GPL, você não pode mais proibir o uso desse código depois. Talvez possam até mudar a licença do projeto (setodosos desenvolvedores concordarem) para a próxima versão, mesmo para uma proprietária, mas aquela versão anterior do código que era livre continuará livre.
O único diferencial do Qt é esse licenciamento múltiplo, mas a versão aberta do Qt é tão aberta quanto qualquer outro programa sob uma licença normal de software livre no meu entendimento.
Já pensou se o Qt fosse do jeito que você fala? Seria uma estupidez imensa por parte do time KDE (que tem um projeto titânico que é o Plasma) usar algo desse tipo que poderia ser negado a qualquer momento. Ninguém em sã consciência (especialmente em um projeto livre que é o Plasma) investiria anos e recursos numa tecnologia com um licenciamento desses que você está descrevendo.