Às vezes, um hardware antigo simplesmente se recusa a morrer. Com uma pequena ajuda da IA, um driver do kernel Linux, esquecido, fez um retorno triunfante. O driver ftape foi amplamente utilizado na década de 90 para operar unidades de fita QIC-80 através do controlador de disquete.
Durante décadas, quem precisava recuperar dados dessas fitas era obrigado a inicializar distribuições desatualizadas, como o CentOS 3.5, apenas para realizar a tarefa. A última versão oficial do kernel Linux a incluir o ftape foi a 2.6.20.
A situação mudou quando o desenvolvedor Dmitry Brant, engenheiro-chefe na Wikimedia Foundation, recorreu ao Claude Code, um assistente de codificação de IA para modernizar o ftape, fazendo com que o driver compilasse nos kernels Linux atuais, especificamente no 6.8.
Após alimentar o Claude Code com os erros de compilação e analisar os registros (logs), a IA sistematicamente substituiu as APIs do kernel que estavam obsoletas, criou um sistema de compilação adequado e produziu um módulo .ko totalmente funcional.
O mais surpreendente não foi o seu funcionamento, mas a velocidade com que aconteceu: apenas duas noites de trabalho. O Claude identificou problemas e sugeriu soluções em um ritmo que seria impossível para uma pessoa trabalhando sozinha.
As primeiras versões não eram totalmente funcionais, mas os registros detalhados do dmesg revelaram os problemas. Uma vez corrigidos, o módulo foi carregado corretamente, reconheceu o hardware e conseguiu extrair dados de fitas de teste.
Isso era algo que não era possível em um sistema Linux moderno há décadas. Atualmente, vinte e cinco anos após sua remoção do kernel, o ftape está rodando novamente em uma distribuição atual. No caso de Brant, o Xubuntu 24.04.
Embora o driver não tenha um grande valor prático hoje, o experimento levanta uma questão intrigante: estamos nos aproximando de um ponto em que a escrita de código manual pode se tornar algo do passado?
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