Já escrevi este post umas cinco vezes, vamos ver se sai agora.
Não gosto do jeito que tratam o Kali Linux na comunidade Linux. Normalmente, tratam o Kali como uma distro mega “complexa” e que não pode ser usada diariamente. Quando atribuem a característica “complexa”, é porque a distro não vem com uma loja, não vem com programas de desktop pré-instalados, é uma distro RR e não tem versão LTS. Ou seja, esses fatores obrigariam o usuário a ter um conhecimento “maior” sobre Linux, que é o que o Linux Mint e outras distros se propõem a fazer: dar ao usuário um sistema completo. Contudo, eu discordo e concordo: concordo que você necessitaria de um conhecimento um pouco maior, mas discordo porque do jeito que falam, o Kali Linux é algo próximo ao Arch Linux, ao Gentoo, como se você tivesse que fazer uma faculdade para, no mínimo, deixar a distro rodando normalmente. Eu vejo diferente, vejo ele apenas como um Debian Test (até porque a base dele é essa). Lembro de ver um vídeo de um rapaz falando que, se o Kali der algum problema, você não pode perguntar para ninguém como se resolve, porque, por estar usando o Kali, você teria que saber de coisas muito avançadas.
Agora vamos para outro ponto, pegando gancho no final do último parágrafo: as pessoas tratam o Kali como uma distro mega única, como se ele tivesse uma originalidade inata. Sendo que, se uma pessoa que não sabe mexer nos programas pré-instalados, mas ela sabe mexer em Linux de modo geral, ou melhor, mexer em Debian, ela tira de letra o Kali. É claro que, se a pessoa não entender nada de segurança, ela não vai entender mesmo, assim como uma pessoa que não sabe russo, não vai conseguir ler um livro em russo.
Agora, o ponto mais problemático é que não se deve usar o Kali diariamente. Novamente, é a ideia de que o Kali vai quebrar a qualquer momento. Vamos separar esse ponto em partes: se a pessoa não entende nada de segurança, o máximo que vai acontecer com ela é que ela vai ter muitos programas para não fazer nada com eles, só isso. Se a pessoa for estudante de segurança, para mim, é o mais recomendado ela usar o Kali full time. O estudante tem que ter o máximo de contato com a diversidade do futuro trabalho dela. Por mais que tenha muitos programas redundantes e que não são usados com frequência, o estudante que usar o Kali full time provavelmente vai ter mais conhecimento do que o que pegou os programas famosos e instalou em outras distros. Porque o cara vai ver o mesmo ícone todos os dias, vai ler os nomes dos ícones. É só um passo para ele dar um “man ‘algumacoisa’” e ir aprendendo mais ferramentas sozinho.
Outro motivo para usar o Kali full time e não usar em USB ou não instalar os programas em outra distro, é que o Kali é referência nesse mercado. Então, novidades normalmente vão chegar para ele primeiro, ou vai ter mais atualizações, ou vai ter programas exclusivos.
Este post é para gerar discussão sobre o assunto. Entendo que possam usar esses argumentos para desencorajar algum iniciante a usar o Kali, já que provavelmente ele vai ter uma ideia ruim do Linux como um todo, não apenas do Kali. Mas esse é meio que o meu caso, só que o inverso. Comecei a mexer no Linux em janeiro de 2023 com o Linux Mint. Passou menos de um mês e fui para o Kali, já que é nessa área que pretendo atuar. No entanto, tantas advertências me levaram a usar o Kali de forma muito defensiva, acabando por tirar as vantagens de usar ele full time, como qualquer outra distro. Depois, migrei para outras distros como o Arch Linux e o Fedora. Após aprender mais sobre Linux, o Kali pareceu um sistema de criança perto do Arch. Então, aqui estou eu, fazendo este post, com a ideia de gerar uma discussão e um desabafo.