"Desbigtechlização" vale a pena?

Eu queria a opinião sincera de todos vocês referente a todos esse contexto envolvendo privacidade, venda de dados, big techs e etc.

Acabei de assistir um vídeo muito interessante do Lucas Zawacki no TeClas onde ele fala bastante sobre toda a infraestrutura geopolítica por trás da venda e compra de dados, idealização tecnológica e soberania digital.

Com isso em mente, eu gostaria de saber de vocês: vale sacrificar praticidade em prol de se “desbigtech/googlelizar”?

A aplicação é possível dentro de um contexto funcional e realizável pra uma rotina adulta orientada por uma realidade capitalista? Parar de usar serviços Google, aprender sobre como tracking é feito em navegações e etc.

Vale a pena? Somos importantes o suficiente pra nos hipervalorizarmos a ponto de achar que nossos dados são tão preciosos assim?

Existem guias práticos voltados pra implementação desses hábitos antitracking como estilo de vida?

Existem benefícios palpáveis no cotidiano ao adotar esse lifestyle?

Eu realmente gostaria da opinião honesta de vocês a respeito.

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Se você mora no meio do mato vale a pena, do contrário é digamos impossível.

Só uma lista simples do que você não poderá usar:

  • Celular android ou iOS
  • Apps de Banco
  • GPS
  • IA (este item aqui você será um homem das cavernas em alguns anos, e não estou falando apenas como uso de ferramenta de produtividade pessoal. Profissional só sobrará alguns serviços braçais por enquanto)
  • Buscadores de pesquisa (exceto alguns que ao meu ver são bem ruins em termos de resultados)
  • Serviços de streaming e afins (já testou usar o youtube em uma conta nova ou sem logar nenhuma conta? A experiência na entrega de sugestões é no minimo horrivel)
  • Redes sociais (este daqui da para viver sem, exceto o Whatsapp)
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Muito boa a sua pergunta.

Creio que a resposta reside um pouco na própria pergunta “vale a pena?”

“Valer” possui valor relativo. Os entraves e vantagens que valem para um, podem não valer para outros.

Eu não possuo instagram nem facebook. Não possuo nenhuma outra rede. Mas gosto de vir aqui e conversar com vcs. Interagir por meio dessas redes, é, para mim, desinteressante, exaustivo, problemático e muitas vezes chocante. Mas este é o valor que eu dou ao meu tempo. Cada pessoa valoriza isso de uma maneira diferente.

Então, sim, para mim é bom buscar um pouco de privacidade neste mundo maluco. Mas não deixo afetar minhas atividades bancárias e minha relação com minha família. Tento encontrar o equilíbrio em que a internet e o smartphone existem para me servir, e não eu para servir estas coisas.

Sim, algumas coisas ficam mais difíceis, mas de uma maneira relativa, pois para mim, é mais difícil aturar o facebook e instagram diariamente do que ter que vender algo sem dispor de redes sociais, por exemplo.

Do mesmo jeito que face e insta soem como problemas na minha cabeça, creio que existem pessoas que se sentem invadidas pelas bigtechs, e que acabem trazendo mais problemas para suas mentes do que soluções.

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Canal do camarada Zawacki é muito bom

No mais, respondendo aqui

  • Tenho dois celulares Android aqui, um Pixel que acabei dando pra minha esposa e um Redmi Note véio, ambos rodando sistemas Android sem NADA do Google. (GrapheneOS e Lineage). O Nubank funciona sem gapps algum, nem microG precisa, no graphene tem a opção de instalar o play sandboxed e funciona tudo normalmente, não vê nada dos teus dados.
  • GPS funciona tranquilo com MicroG e o serviço de localização da Mozilla. Inclusive funciona o próprio google maps. No GrapheneOS funciona como se tivesse com serviço do google tradicional.
  • DuckDuckGo já considero mil vezes melhor que as buscas toscas do Google, que retornam só resumo de IA e links patrocinados, nunca consigo achar de primeira o que eu quero, a não ser se for coisas para comprar.
  • Sugestões do YouTube são relativas, uso o NewPipe sem logar a anos e não me importo nada com sugestões, aliás, até desligo os vídeos relacionados porque são feitos totalmente pra prender a atenção do sujeito e sugar o máximo de dados possíveis, então acho esse até um ponto positivo. No mais, tudo que preciso tem no Stremio + Torrentio, inclusives dublados pras crianças com o Torrentio Brazuka. Sem moralismos, piratear é um ato de resistência contra essas pragas de industria predadora cinematográfica, além de gastar 0 reais.
  • Rede social dá pra usar o WhatsApp sem garantir acesso aos contatos, ou usando o scope do GrapheneOS pra liberar só os contatos que você acha necessário. De resto é tudo descartável e cai no mesmo argumento dos algoritmos que sugam seus dados e sua vida. Não usar rede sociais é um favor que você faz a si mesmo. Eu mesmo deletei tudo que eu tinha lá pra 2019 e não sinto a menor falta, só tenho WhatsApp por necessidade e com minha família só falo pelo Signal, consegui trazer todos que importam.

Ou seja, TL;DR, vale muito a pena “desbigtechzar”, a sensação de liberdade e a paz de espirito de não ter todos os seus passos (literalmente, não só na Internet) sendo observados é gratificante.

Claro que em troca você desiste de muitas praticidades e comodismo, mas é mera questão de costume. Eu uso LineageOS desde quando era o Cyanogen mod e nunca senti falta das comodidades das big techs. Acho até muito intrusivo, prefiro que o computador/celular me sirva, e não o contrário. Mesmo se aplica ao Linux e Windows.

IA você pode rodar localmente com os modelos open source, sem compartilhar dados. Claro que precisa de um hardware mais parrudo, mas com minha simples RX6600 já consigo rodar bastante coisa tranquilo.

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Pesquise sobre o caso da Cambridge Analitica, em resumo e uma empresa de marketing que usou dados do facebook para campanhas eleitorais, tendo participação na primeira eleição do trump e no brexit, tb influênciaram eleições na america latina. Então sim, VALE MUITO A PENA, proteger os nossos dados, mas isso tem que ser feito de forma coletiva e não individual.

Nem sempre “desbigtechzar” vai ser sinônimo de menor praticidade, por exemplo, o linux é mais prático do que windows e mac. Mas mesmo nos casos em que sao, ainda vale a pena

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O “valor” dos “prós” e dos “contras” é o “X” da equação – como bem notou o @sr_llucas

Eu acrescentaria um “Y da equação”: – “Com qual objetivo?”

Se for apenas para se opor ao uso generalizado de nossos dados…

… não adianta nada, apenas 0,1% de nós tentarmos escapar, como observou @Anhanga – O estrago (eleitoral, neste exemplo) continuará sendo feito com os dados dos outros 99%. – Talvez bastem 60%, ou até menos, conforme o caso.

Portanto, o “valor” só pode ser calculado a partir de um objetivo mais “palpável”. – Por exemplo: – “Segurança”.

Lembro que um morador do (Complexo da Maré?) manteve o mundo informado sobre uma mega-operação policial, pelo Twitter, alguns anos atrás. – Foi por ele que a “mídia” pôde acompanhar tudo, em tempo real. – Uma pessoa deu a ele uma dica de ouro: – “Desliga a localização no seu Twitter”.

É claro que, se a polícia, ou a CIA, ou o Pentágono tivessem um grande interesse, poderiam localizá-lo. – Mas deixar visível a localização no Twitter, o colocava à mercê de qualquer um, sem precisar ser o hacker do milênio, ou autoridade com mil recursos.

A maioria de nós pode nunca se ver numa situação de guerra, ou de desafio aos grandes poderes desse mundo. – Mas vale a pena facilitar que qualquer um saiba onde você está? – Seu patrão? Seu Madruga querendo lhe cobrar os alugueis atrasados?

Não basta “desbigtechlizar”. Já ensinou seus filhos a nunca darem informações por telefone? – “Quem tá falando?” – “O número que você ligou!” :rofl:

100 anos atrás, Sherlock Holmes traçava o roteiro de uma jovem senhôra independente, pelos locais onde eram descontados seus cheques de viagem. – Hoje, poderia acompanhar, milímetro a milímetro, pelos saques, compras ou pagamentos no débito, Uber etc.

Enfim, qualquer detetive de meia-tigela informa-se de toda sua vida, jogando conversa fora com seus vizinhos, padaria, boteco, academia etc.

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Cada um sabe o que é melhor para si, mas sinto lhe dizer que todo este trabalho que você teve apenas reduziu o nivel de exposição. Porque como eu disse, a menos que você more no meio do mato e não tenha interação com ninguém que tenha algum dispositivo conectado a internet, você estará sendo “monitorado”.

Alguns dados que você não tem controle:

  • Dados cadastrais do governo (a segurança dos seus dados pelo poder público é uma piada)
  • Transações bancárias (pix, cartão de crédito e afins, tanto do seu lado como de quem lhe vendeu algo na transação são compartilhados)
  • Interações com outras pessoas (no bolso ou bolsa delas tem um celular “escutando” e triangulando localidades em que teve o encontro com você)
  • Eu não sei qual a proteção que tem este GrapheneOS (sei que tem muita, ouvi sobre ele esta semana por acaso), mas com o numero do seu celular, cadastro em uma operadora e whatsapp, não preciso nem continuar

Eles não precisam monitorar você através do seus dispositivos, eles podem utilizar os que se aproximam de você, diminui o que eles sabem sobre você, mas mesmo assim acabam sabendo mais sobre você do que você mesmo.

Se isso ocorria a 100 anos onde não existia uma industria com muito dinheiro, imagina hoje o que não fazem sem a gente não ter a minima idéia.

Depois que eu vi alguns documentários, eu larguei mão de lutar contra esta “privacidade”. Me preocupo apenas com os golpes virtuais

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São os que têm maior potencial para nos afetar – de modo direto, concreto, imediato:

Na época em que ainda dependíamos de jornais e revistas – em especial, assinaturas com entrega via banca de revistas – bastava você avisar na banca para suspender as entregas por motivo de férias, para sua casa ou apartamento entrar no radar dos amigos do alheio.

Isso, porque a suspensão era recomendada, por segurança – pois o acúmulo de jornais e revistas na sua porta era um sinal ainda mais gritante de “casa vazia”.

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De fato, eu toquei exclusivamente nos pontos levantados pelo OP sobre big techs, não entrei no mérito de ser totalmente invisível a tudo ou em outros dados que outras entidades estejam monitorando. O ponto é que é possível reduzir bastante, principalmente na questão das big techs.

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