Agora falaremos um pouco sobre o firewall, especificamente no Linux, como surgiu, como age, sua importância e futuro desta incrível ferramenta. Vale a pena a leitura.
Como surgiu o firewall?
A origem do firewall remonta ao final dos anos 80, quando a necessidade de proteger redes de computadores tornou-se evidente. O conceito inicial surgiu em 1989 por Jeff Mogul, que desenvolveu um filtro de pacotes para restringir o acesso a endereços IP e limitar o tráfego de dados:
Na realidade não existe um pai. Mas uma quantidade enorme de gente que se envolveu com o conceito de firewall, como Paul Vixie, Brian Reid, Fred Avolio e Brent Chapman. Mas deixemos o Sr Mogul como representante oficial.
O desenvolvimento do firewall como o que conhecemos hoje é creditado ao israelense Gil Shwed, que teve a ideia de criar uma proteção para tráfego de rede.
Ele observou que, à medida que as empresas começassem a se conectar à internet, precisariam de uma forma de proteger suas redes contra acessos não autorizados. Em 1993, fundou a empresa Check Point Software Technologies e lançou o Firewall-1, revolucionando a segurança digital oferecendo uma solução simples e eficaz.
Shwed descreveu o firewall como uma barreira, semelhante a uma porta corta-fogo, que impede o alastramento de acessos não autorizados em uma rede. A ideia era escanear e analisar seu tráfego, criando uma solução personalizável e acessível para diferentes necessidades.
Desde então os firewalls evoluíram significativamente. A primeira geração focou em restrições básicas de acesso, enquanto as gerações subsequentes introduziram técnicas mais sofisticadas, como controle de pacotes e serviços proxy.
A evolução contínua da tecnologia e a crescente interconexão entre dispositivos, tornam os firewalls ainda mais relevantes na proteção das informações digitais.
Principais tipos de firewalls na atualidade
Como ferramentas essenciais para a segurança de redes, atualmente existem vários tipos que atendem a diferentes necessidades. Os principais são:
filtragem de pacotes - tipo mais básico, analisando analisando pacotes de dados com base em regras predefinidas e, assim, permitindo ou bloqueando o tráfego de acordo com elas;
firewall de inspeção de estado - monitora o estado das conexões ativas e permite ou bloqueia os pacotes com base em informações sobre aquelas. É mais avançado que o anterior, pois pois considera o contexto da comunicação;
firewall de proxy - funciona como intermediário entre usuários internos e a internet, filtrando o tráfego em nível de aplicação, aplicando políticas específicas para diferentes tipos de tráfego, fornecendo uma camada adicional de segurança;
firewall de última geração - combina as funcionalidades dos firewalls tradicionais com recursos avançados, como inspeção profunda de pacotes e integração com sistemas de prevenção de intrusões (IPS). São projetados para detectar e bloquear ameaças mais sofisticadas;
gateway de nível de circuito - verifica a conexão entre dois dispositivos, monitorando os handshakes TCP. Embora forneça um nível básico de segurança, não monitora o conteúdo dos pacotes;
firewalls híbridos - utiliza uma combinação de diferentes tipos de firewalls, oferecendo proteção mais robusta e adaptável às necessidades específicas da rede.
Mas somente isso não é o suficiente hoje em dia, muitos vindo com recursos extras como detecção e prevenção de intrusões, controle de aplicativos, segmentação de rede, integração com inteligência de ameaças, gerenciamento centralizado, proteção contra DDoS e relatório e análise avançados.
Por tudo isso que vimos acima, os diferentes tipos de firewalls são usados em contextos variados, desde proteção em ambientes domésticos até complexos de redes corporativas, cada um oferecendo um conjunto específico de funcionalidades para mitigar riscos cibernéticos.
E no Linux, como surgiu?
No pinguim o firewall opera filtrando o tráfego de rede com base em um conjunto de regras predefinidas, permitindo ou bloqueando o tráfego de dados de acordo com critérios específicos.
As funções de filtragem de pacotes, NAT (Network Address Translation) e registro de tráfego de rede é fornecido por um conjunto de módulos netfilter, permitindo a manipulação dos pacotes por meio de “ganchos” chamados durante o processamento de pacotes e executando as regras definidas pelo usuário.
Utiliza-se o aplicativo iptables para criar regras complexas que se baseiam em diversos critérios, como endereços IP, portas e protocolos, processadas na ordem em que são definidas e a sequência é crucial para a eficácia da configuração. Foi criado por um grupo de desenvolvedores liderados por Rusty Russell:
Mas nem tudo são flores
Um firewall é uma ferramenta essencial para a segurança de redes, mas em várias situações ele pode não ser suficiente para proteger especificamente um ambiente. Aqui estão algumas situações em que a proteção oferecida por um firewall pode falhar:
O primeira falha são as “ameaças internas”, as ações maliciosas de usuários internos mal-intencionados com acesso à rede, roubando dados ou comprometendo sistemas sem ser detectado pelo firewall.
Outra falha é a existência de um “malware já instalado”, pois o firewall é mais eficaz na prevenção da entrada de ameaças, não com os que já estão presentes, a menos que tentem se propagar na rede.
As “conexões não monitoradas”, ou seja, conexões diretas à rede e que não passem pelo firewall, como acesso discado ou VPNs mal configuradas, podendo ser exploradas por invasores
“Credenciais roubadas” são outro grande problema que o firewall não pode atuar, pois uma pessoa com credenciais legítimas de um usuário, poderá acessar a rede e seus recursos, contornando as defesas do firewall.
Os “ataques de engenharia social” idem, onde usuários são manipulados para revelar informações provisórias ou instalar softwares maliciosos. A segurança humana é uma parte crítica de que os firewalls não podem abordar.
Outra parte problemática são as “configurações incorretas”. Erros na nas regras de filtragem podem criar brechas de segurança graves e os invasores podem explorá-las para acessar a rede.
Novas ameaças e vulnerabilidades nem sempre são detectadas, se não foram catalogados anteriormente. Mesmo nos firewalls mais sofisticados.
Nas “limitações em filtragem de conteúdo” só o firewall não é suficiente para bloquear conteúdos indesejados ou maliciosos que já podem ser feitos por usuários autorizados, como spam ou downloads de sites comprometidos.
Embora os firewalls sejam uma parte crucial da estratégia de segurança cibernética, eles devem ser complementados com outras medidas de segurança, como antivírus, sistemas de detecção de intrusões e treinamento dos usuários. Uma abordagem em camadas é essencial para garantir uma proteção abrangente contra as diversas ameaças cibernéticas atuais.
Quais as vantagens/desvantagens do iptables?
O iptables é uma ferramenta essencial para a segurança de redes e sistemas operacionais Linux pela seguintes vantagens: controle granular do tráfego (filtragem com base em vários critérios), flexibilidade e modularidade (adição de funções adicionais), suporte a IPv6, proteção contra ameaças (prevenção de ataques cibernéticos), logging e monitoramento (logs detalhados das atividades da rede), estabilidade e confiabilidade e NAT.
Também apresenta algumas desvantagens que podem impactar sua eficácia e usabilidade, como configuração complexa, erros de configuração, interface gráfica primitiva e desatualizada, baixa performance com regras extensas, vulnerabilidades não corrigidas e - o principal - dependência de profundo conhecimento técnico para sua operação eficiente.
Ao contrário de ferramentas com interfaces gráficas, onde as mudanças podem ser visualizadas em tempo real, o iptables não fornece feedback imediato sobre as regras aplicadas, tornando mais difícil para os administradores entenderem o impacto de suas configurações.
Terminando…
O iptables é uma ferramenta poderosa parada no tempo. Sem interface gráfica intuitiva e fácil de usar e com front-ends dependentes de muito conhecimento, a definição das regras vai muito além do que está nos tutoriais encontrados na internet.
O futuro do iptables está sendo moldado por diversas tendências e inovações no campo da cibersegurança e gerenciamento de redes. Com a crescente adoção de modelos como Cibersegurança como Serviço (CSaaS) , espera-se que ele se integre a plataformas que oferecem soluções de segurança mais abrangentes e automatizadas, permitindo uma resposta mais rápida a ameaças emergentes
A implementação do modelo Zero-Trust será fundamental, onde cada usuário e dispositivo é selecionado rigorosamente antes de obter acesso à rede. O iptables terá que se adaptar para suportar essa abordagem, focando em regras mais dinâmicas e contextuais.
A integração com inteligência artificial (IA) pode otimizar a configuração e o gerenciamento do iptables, permitindo que ele aprenda padrões de tráfego e ajuste automaticamente as regras para melhorar a segurança e a eficiência.
A segmentação da rede se tornará ainda mais importante, com o iptables sendo utilizado para criar zonas de segurança específicas, ajudando a conter de forma visível e limitada o movimento lateral de ameaças dentro da rede.
Embora seja uma ferramenta poderosa, sua interface baseada em linha de comando pode ser um obstáculo. O desenvolvimento de interfaces gráficas mais intuitivas ou ferramentas de gerenciamento pode facilitar sua adoção por administradores menos experientes
No futuro deve-se incluir capacidades avançadas de monitoramento e registro, permitindo análises realizadas das atividades da rede e facilitando a identificação de padrões de ataque.
Com o aumento do tráfego e da complexidade das redes, melhorias no desempenho serão necessárias para lidar com um grande número de regras sem comprometer a eficiência.
Essas tendências indicam que o iptables continuará a ser uma ferramenta relevante no gerenciamento da segurança em redes, mas seu desenvolvimento torna-se necessário para enfrentar os desafios modernos da cibersegurança.
Não deixe de configurar seu firewall, mesmo com os front-ends básicos de hoje. E complete sua segurança ativando o firewall do roteador, se possível. Também recomenda-se instalar um sistema operacional especializado em filtragem de rede, como IPFire, OPNsense, Endian Firewall, pfSense e outros.
Fontes: