BitLinux - uma ReFiSeFuqui que ajudou a queimar o Linux no BR

Em 2008, a Bitway, tal como a Megaware 2 empresas remarcadoras* de computadores e notebooks, participantes do programa do governo Federal, Computador para Todos, eram clientes da remaster FeniX (em que eu trabalhava no suporte técnico), porém, seus gestores tinham a ilusão de que 100% dos usuários removiam o Linux e instalavam o XPirata. Logo acreditaram que estavam gastando atoa com a subscrição do FeniX e providenciaram a criação de suas próprias ReFiSeFuQuis: Bitlinux e Megalinux.

  • chamo essas empresas de remarcadoras e não fabricantes pelo motivo de elas importarem todas as peças da China e montarem tudo em galpões. Ou seja: não fabricam nada!

O que não faziam ideia era de que na FeniX eu desenvolvi todo um processo de convencer as pessoas a não trocar de OS, pelo menos não em 1 primeiro momento, ensinando a pessoa a usar o sistema (mais na questão de instalar programas e cuidados a tomar).
Com isso, os compradores de suas máquinas não ligavam para essas 2 empresas perguntando como trocar de OS, mas como usá-lo. Disso, ambas perceberam a burrada que fizeram e voltaram pra FeniX, pois teriam um alto investimento para criar 1 departamento de suporte.

Na imagem vemos o desktop do BitLinux (ah, vá! Não tinha nada escrito), baseado no Fedora com Gnome e quando você terminava de instalar, já tinham 41 pacotes quebrados.

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Só pra enriquecer a discussão, o termo técnico é Whitelabel

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Em castelhano, chamam-se “maquiladoras”, boa parte da “indústria” mexicana é isso

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Estamos no Brasil.

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Já vi esse termo em livros de geografia do Brasil também, aplicado a empresas como as do tópico tanto no México como na Zona Franca de Manaus.


A Positivo também teve remaster assim? Já contei da história da minha mãe com as distros Linux de um Positivo em outro tópico.

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Teve não, tem, os PCs Linux da Positivo vem com o Debian Woody (pesquisa pra ver a versão) modificado

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É o tal do Keep OS, certo?

Isso me lembrou do NAFTA…

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Rapaz, bateu uma nostalgia forte aqui com esse Gnome 2 e os ícones do Broffice :smiley:

Existiram várias iniciativas assim na época do “Computador para Todos” muitos não lembram mais porque 98% das empresas dessa época faliram, mas, tem umas grandes ai ainda vendendo para o governo, mercado gamer e corporativo cujo nome não citarei que apenas mudaram de prática.

Lembro do Satux que era desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia José Rocha Sérgio Cardoso, iTJRSC/AM e era adotado por empresas como CCE Info, Bluesky, Nextera e Acteon Digital. Não lembro se a Amazon PC adotava esse ou era outro…

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Pensando em algo aqui: eu não sei se tem mais empresas brasileiras de informática falidas (a maioria montadoras) ou distros brasileiras descontinuadas.

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Vinha com o FeniX.

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Felizmente o mundo Linux mudou bastante nesses últimos 10 - 12 anos. Mesmo as distribuições mais famosas sofriam para rodar, principalmente pela falta de suporte de hardware recente. Muita gente hoje ainda é traumatizada dessa época. Obviamente um sistema que terminado de instalar já tinha pacotes quebrados era ainda pior…

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Acredito que o Linux Educacional também colaborou em queimar o Linux no Brasil.

Na minha época de escola, eu ainda não usava Linux, mas tive alguns raros contatos com Linux Educacional, eu achava horrível, mas no fundo eu sentia que aquele Linux não era um sistema operacional “original”.

Tenho um amigo que usava esporadicamente Linux Educacional na escola, hoje em dia ele é usuário Linux também, e as vezes ele me diz o quão horrível era aquele sistema.

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E coloque horrível nisso. Linux Educacional me fez ficar longe do mundo linux por muito tempo

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Já eu tenho certeza!
Quando combinado Linux Educacional com os computadores compartilhando recursos aqui no PR, piorava muito a situação.

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Acrescentando ao que já foi dito. Para piorar, em alguns lugares que se utilizava linux, sequer tinha suporte. Lembro que na minha cidade tinha alguns lugares da prefeitura e algumas escolas que tinham pc’s com linux e, acreditem se quiser, era uma versão do Kurumin, que na época já tinha acabado!. Não é atoa que todo mundo reclamava. Era um sistema descontinuado, não tinha suporte para os usuários e, obviamente, as pessoas não conseguiam fazer praticamente nada. E sempre ficavam p*** da vida com o sistema.

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Tinha o Madrake modificado da Positivo na epoca nos Sim+(aqueles com a frontal curvada), aquilo ajudou com certeza ha deixar o Linux com fama de “■■■■■” na epoca
Ate hj tem gente que cita a experiência

Resumo da ópera: muito amadorismo e muita incompetência de “empreendedores” brasileiros pegando carona em projetos públicos horrivelmente geridos.

Há profissionais de sobra neste país para trabalhar numa base bem consolidada de Linux, como Debian ou OpenSUSE, e sair com distros ultraleves e práticas, que rodam fácil nas máquinas antigas e modestas que muito encontramos em escolas e órgãos públicos em geral (distros com WM, Trinity ou LXDE mesmo de ambiente gráfico — estão aí os Puppy, Dog Linux, Q4OS etc. para servir de exemplo).

E há profissionais de sobra para dar um bom suporte e um bom treinamento básico no uso dessas alternativas ao Windows. A grana dos projetos públicos deve ter sido mais que suficiente para bancar iniciativas amplas e de qualidade nessas duas frentes.

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Uma coisa que digo que é impressionante no nosso país é pensar sistemas públicos para uma plataforma fechada, estrangeira e cara.
Eu nunca tive coragem de ver quanto a Oracle não tira por ano só da União em contratos, para produzir seus bancos de dados com obsolescência programada e algo incrivelmente tosco como a plataforma Apex (rezo que você nem imagine do que estou falando, pois é algo que dá vontade de pegar o diploma, rasgar e jogar fora).

Sim, se este dinheiro fosse bem estruturado, por meio de projetos, contratações, terceirização ou uma série de modelos possíveis (eu daria uma infinidade de exemplos) poderíamos e deveríamos ter uma base de software público robusta e modelo para o restante do mundo, especialmente para países com problemas semelhantes aos nossos.

Infelizmente, falta visão de longo prazo e política pública.

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