As tecnologias educacionais não ensinam?

Olá, gente. Bom dia a todos do fórum.

Recentemente, eu estava conversando com minha vovózinha sobre tecnologia e educação. Ela estava defendendo o que o grupo da igreja colocava: que a tecnologia prejudica o aprendizado das crianças.

Eu comecei a dizer que não era bem assim, que muitos colegas que estudaram comigo tinham aprendido inglês porque queriam jogar nos fliperamas dos botecos do morro. Com isso, eles começaram a correlacionar frases com o português.

Ela contra-argumentou que era uma minoria que conseguiu fazer isso. Eu concordei e expliquei que esses meus amigos, mesmo pobres e favelados, tinham famílias que sempre valorizaram o estudo.

Então, ela disse que na pandemia, as crianças não aprendiam nada. Novamente, eu concordei, mas argumentei: “Vó, de fato, estudos do MEC mostram que 60% das crianças não continuaram as aulas durante a pandemia, mas o curioso é que dos 40% restantes, apenas 50% não conseguiram acompanhar os estudos com facilidade. Logo, metade de quem conseguiu tinha os elementos necessários para as aulas online.”

Ou seja, os alunos que tinham uma base educacional familiar conseguiram desenvolver seu aprendizado. Aí, minha vó lembrou dos netos e de sua amiga que é doutora: realmente, todos os jovens que não tiveram sua educação afetada tinham uma base educacional familiar bem estabelecida.

No final do nosso debate, eu e ela chegamos à conclusão de que as tecnologias educacionais ensinam, mas se o aluno não tiver uma base educacional familiar estabelecida, não adiantará ter o melhor computador, pois ele não vai desenvolver seu aprendizado.

E agora, eu quero saber de vocês sobre o tema. As tecnologias educacionais não ensinam?

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Acho que sua avó e vocês estavam discutindo coisas diferentes (acontece direto com meu pai):

Existe duas coisas aí:

  • Tecnologia para educação (Google Classroom por exemplo)
  • Educação por tecnologia (Manual do Mundo por exemplo)

A primeira não vai ensinar, mas como você notou pode dar a via de acesso necessária para educação

O problema é que sua avó estava focada no segundo ponto, além da desigualdade de acesso (que afeta os 2) você precisa de um guia, ao mesmo tempo que temos o Ciência todo Dia ensinando, tempo o Inteligentista deliberadamente desinforma pessoas por dinheiro

Mesmo que a família tenha uma boa intenção em educar usando tecnologia, o Brasil não é conhecido por ter uma boa educação de base então mesmo sem perceber os pais (e pasme até professores) podem direcionar mal as crianças então a tecnologia pode ajudar muito pode ser extremamente destrutiva no aprendizado… e olha que eu estou colocando dois canais em uma única plataforma que se propõe a serem educacionais (sabemos que o Inteligentista não é mas vamos fingir que é porque o apresentador se coloca como tal) ainda tem as armadilhas do algoritmo pelo caminho

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Creio que “tecnologias educacionais” são nada mais do que ferramentas. Pensar dessa forma deixa as coisas mais claras.

Abandonar as crianças com elas, sem orientação alguma, é como largar as crianças numa biblioteca antigamente. Parece uma coisa boa a princípio, mas não é.

A observação de que somente uma minoria vai aprender, se aplica nesse exemplo da biblioteca também, sem orientação, mesmo numa biblioteca, nada impede que a criança leia apenas quadrinhos ou algum material menos edificante, por assim dizer.

Qual era o objetivo a intenção de deixar alguém na frente de um PC ou de um punho de livros? Descoberta? Se for isso mesmo, tudo certo. Se não for, a falta de um objetivo vai gerar qualquer resultado, muito provavelmente inclinado ao que a pessoa já tenha desenvolvido de intelecto até então. Se ela não se desenvolveu muito, não vai se interessar pelo complexo em nenhum momento.

O que muita gente espera erroneamente é que “largando a criança” na frente de um computador ou Smartphone com qualquer App educacional, este tome a responsabilidade pelo aprendizado, o que é se iludir, para dizer o mínimo.

As pessoas aprendem de formas diferentes, e autodidatas sempre levam alguma vantagem em situações onde o ensino precário, porque eles tendem a reduzir o gap que existe entre saber e não saber algo, ainda que possa aprender algo de forma equivocada.

É comum que a maioria aprenda por explicação teórica, prática e repetição, se esse terceto não existir, não realmente importa se se usam ferramentas tecnológicas ou quadro e giz, as pessoas não vão aprender da mesma forma.

Há de se observar que diversas atividades também dependem diretamente do uso da tecnologia atualmente, então, desconsiderar elas nem é uma opção. Uma pessoa atualmente não iria conseguir trabalhar num escritório da mesma forma que faria nos anos 70, saber tecnologia é essencial, não saber “o básico” alienaria ela possivelmente.

As pessoas com “gana por conhecimento” sempre darão um jeito de extrair o máximo de qualquer situação, elas são minoria, a tendência do comportamento humano é encontrar um ponto de equilíbrio e conforto.

Aprender é se tirar da zona de conforto o tempo inteiro, e maioria dos humanos só faz isso por necessidade. Na escola muitas vezes é a nota, nem sempre é pelo desejo de realmente saber como funciona algo. Apaixonar o aluno sobre as coisas é uma das tarefas mais importantes de um professor.

Na época da pandemia, as crianças que não conseguiam se dedicar para aprender, possivelmente não conseguiriam se dedicar 100% no presencial também, o estudo via internet só evidenciava isso mais, ou pior, era usado como desculpa, para apontar um culpado inevitável, já que não existia outra opção.

Quando você está sozinho e obstinado a se desenvolver, não há como “ir com o grupo” ou “ser empurrado para passar”, como eventualmente ocorre no estudo tradicional em turmas e salas de aula. Obviamente é bem mais difícil também, mas a sua métrica de sucesso passa a ser o domínio do conhecimento de fato, e não a sensação de aprendizado.

Assim como você comentou, eu sou um dos que aprendeu inglês graças a tecnologia, mas tive, na época da escola, 7 anos de aulas de inglês, que davam a sensação de aprendizado, mas que não realmente ensinavam.

Não culpo meus professores por isso, eles provavelmente fizeram o melhor que podiam, é uma pena que foi o suficiente.

No fim, a menos que a própria pessoa reconheça a importância de aprender e se dedique, não adianta ter o melhor professor, com as melhores ferramentas tecnológicas. Aprendizado assim depende das duas partes, mas considerando o autodidatismo, certamente mais do aluno.

Sempre vai ser escolha do aluno deixar a aula acabar quando o sinal tocar, ele pode chegar em casa em expandir o que aprendeu através de outras fontes pela internet, ou pode não fazer nada disso.

Infelizmente só depois adultos é que a maioria de nós percebe o quão preciosos eram aqueles momentos da escola, e com a mente mais madura, poderíamos ter aproveitado muito mais aquela jornada.

Imagina só, poder gastar praticamente todo o seu tempo para modelar a sua inteligência? É uma oportunidade que a maioria das crianças não percebe, sei que eu não percebia.

Tecnologia pode ser um fator positivo ou negativo, já que se trata de uma ferramenta, mas é secundário, porque tudo depende de como é aplicado antes de mais nada.

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:wave:t2:

Eu acho muito complexo esse tema, pode depender do fator cultura. Tem a cultura de uma nação, tem a cultura de um grupo, tem a cultura de uma família e etc… Aqui um pouco da história e o porque eu acredito que as Tecnologias Educacionais e Tradicionais são muito importantes desde que sejamos guiados e estejamos nos lugares certos.

Quando eu tinha 12 anos abandonei a escola e comecei a trabalhar nas barraquinhas do mercado com eletrônicos, informática, video games, filmes, músicas, equipamentos, etc… (Abandonei a escola por ser extremamente bulinado e eu apanhava dos outros por sentar na primeira carteira, então para evitar de apanhar eu comecei a sentar na fileira das paredes mais no meio).

Morava com minha avó e ela percebendo que eu tinha abandonado a escola me sugeriu cursos no SENAI. Com 13 anos eu comecei a fazer cursos de Eletrônica no SENAI com minha avó investindo em mim. Mas ela faleceu 2 anos depois, e ninguém investiu mais em mim. Eu tentei com o ganho das banquinhas mas não era o suficiente.

Dito isso e comparando Escola Pública com SENAI, eu amei o SENAI, eu estudava Eletrônica e já queria fazer CNC, CLP, MIG, MAG, etc… Já a Escola Pública eu odiava. E eu gostava muito das banquinhas também.

Então a era da informática e internet começou a ser mais inclusiva nas nossas vidas (perfeito). Estudo Inglês, Francês, Espanhol, Informática e Educação Financeira, por mim mesmo e faço cursos e treinamentos que o Carrefour me disponibiliza, através das plataformas deles (trabalho no Carrefour Atacadão).

Um pouco do que contei aqui, mostra como é complexo os caminhos que as pessoas vão seguir e depende de N fatores mas, na minha opinião e no meu caso, a Tecnologia Educacional é extremamente útil e ensina mais que as tradicionais.

Tem mais coisas para comentar, por exemplo, “Porque filho de rico não fica pobre?” Eu acredito ser por eles terem Educação Financeira desde criança e hoje em dia Tecnologias Educacionais Financeiras estão mais presentes e muito mais de fácil acesso do que nunca.

Acredito que o ser humano toma suas próprias decisões, mas se ele for orientado e incentivado com fatos e argumentos válidos e tiver um excelente líder influenciador na sua vida e jornada, ambas as Educações, Tradicionais e Tecnológicas ensinam e muito.

É complexo a resposta…

Concordo mas aí eu fico pensando, se muitos adultos só percebem isso quando mais maduros, porque eles não aplicam, replicam essa maturidade nos filhos, nas crianças deles? Em mim não foi aplicado quando eu era criança. Ainda, muitos deles sabem mas continuam sem estudar, inventando argumentos fúteis, arcaicos mesmo as Tecnologias Educacionais estarem em massa e de extremo fácil acesso, grátis, na internet.

A Cultura de uma Nação. Mudar ela é muito difícil…

Eu estudo e pratico muito todos os dias, e replico para as pessoas ao meu redor, como no serviço, com aqui no fórum, na internet, etc… Mas muitas vezes sou taxado de chato…
Foquem em Educação, mas especialmente em Educação Financeira, a tecnologia está ae para isso.

Aproveitem as Tecnologias Educacionais ao máximo!

:vulcan_salute:t2:

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Essa é realmente uma questão profunda, mas acho que a resposta é simples, assim como em qualquer outro âmbito da vida, saber o que fazer, e fazer, são coisas diferentes.

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Há também o fator de literacia familiar na primeira infância. Não sou da área de psicologia nem de pedagogia, mas sou fã de filosofia e, nas minhas leituras, os pais e mães da psicologia foram acrescentando informações sobre a teoria do mimetismo de Aristóteles.

Basicamente, a educação é movida pela arte. Na Grécia antiga, era comum os jovens da idade do maternal assistirem peças gregas que ensinavam sobre coisas da sociedade e da ciência. Aristóteles percebeu que quanto mais cedo os jovens começavam a analisar através de encenações artísticas, maior era a gana por aprender. As peças gregas, além de uma atuação fenomenal, usavam tecnologia mecânica para criar efeitos especiais incríveis, como os autômatos de Heron de Alexandria, que davam “vida” às estátuas de criaturas como dragões e colossos.

Com o passar do tempo, surgiu o termo “literacia familiar”, que se refere à capacidade da família ensinar a ler, escrever e disseminar informações aos jovens membros. Mesmo assim, a ideia de Aristóteles de usar a arte junto com a tecnologia na primeira infância (do maternal até o início da adolescência) ainda é utilizada hoje, muitas vezes sem percebermos. Os livros digitais só têm a “magia” quando são lidos pelos pais às crianças, da mesma forma que, na Grécia, havia teatros com estátuas robóticas que cuspiam fogo, onde os pais incentivavam os filhos a ir ao teatro.

Portanto, a base educacional familiar é o estímulo principal. Se a família não pode oferecer isso, é dever do professor. No entanto, sei que isso é muito difícil de colocar em prática por vários fatores.

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