Se fosse mais um artigo especializado sobre o isfenicídio, não atrairia tanta atenção. Mas nãso, não é. O escrito acaba de sair na Revista Exame e aborda a crescente migração de órgãos governamentais e instituições europeias do Windows para o Linux. O artigo explora as razões por trás dessa mudança e suas possíveis implicações para o futuro do software e da tecnologia.
Há alguns pontos cruciais que explicam essa “debandada” e suas consequências. O mais importante é a busca por maior soberania digital, com governos preocupados com a dependência de empresas como a Microsoft, especialmente em um contexto geopolítico complexo. E o Linux oferece transparência e maior controle sobre o software, mitigando preocupações com backdoors, coleta de dados ou vulnerabilidades ocultas, além da capacidade de auditar o código e adaptá-lo às suas necessidades de segurança.
Embora o artigo não se aprofunde nos números, a redução de custos é um fator inegável. O Windows exige licenças de uso para cada máquina, enquanto a maioria das distribuições Linux é gratuita. Além disso, os custos de manutenção e a necessidade de hardware de ponta para o Windows podem ser maiores a longo prazo.
O código aberto permite que as instituições personalizem o sistema operacional de acordo com suas necessidades específicas. Isso pode incluir a remoção de funcionalidades desnecessárias, a adição de recursos de segurança personalizados ou a integração com sistemas legados.
O modelo de desenvolvimento do Linux, baseado em uma comunidade global de desenvolvedores, permite uma rápida correção de bugs e a constante inovação. Essa colaboração pode ser vista como um benefício em termos de resiliência e adaptação.
O artigo sugere que essa “debandada” pode sinalizar uma “nova era para o Linux”, não apenas na Europa, mas globalmente. Se governos e grandes instituições adotarem o Linux em larga escala, isso pode impulsionar o desenvolvimento de aplicações e ferramentas compatíveis, tornando o sistema ainda mais atraente para empresas e usuários comuns.
LibreOffice recomenda a troca do Windows 10
Italo Vignoli, da The Document Foundation, expressa apoio à transição para o Linux devido ao fim do suporte do Windows 10, que ocorrerá em breve. Juntos, o Linux e o LibreOffice são apresentados como uma alternativa poderosa, que prioriza a privacidade e está preparada para o futuro, em contraposição ao ecossistema Windows + Microsoft 365.
A organização se une à campanha “End of 10”, que visa promover o Linux como alternativa. Essa campanha sugere a realização de testes em partições secundárias, oferece consultoria para a transição e vem ganhando mais adeptos.
Para quem pensa em migrar, o artigo sugere verificar a compatibilidade de softwares com o Linux e o LibreOffice; criar documentação e organizar treinamentos para ensinar o uso do Linux e LibreOffice e encontrar um consultor para auxiliar no processo de migração.
Alemanha abandona Microsoft
O estado de Schleswig-Holstein segue os passos de outras regiões e cidades. O principal motivo é a preocupação com a soberania digital e a privacidade dos dados, o governo local acreditando que usar open source dá mais controle sobre a infraestrutura digital, evitando a dependência de uma única empresa e garantindo que os dados sejam processados de forma mais transparente e segura.
Mais de 25 mil computadores sairão do Windows para distribuições Linux, provavelmente o Debian. Haverá uma revisão completa de todos os softwares usados, buscando alternativas de código aberto para comunicação, gerenciamento de projetos e outras ferramentas. A meta é que 80% dos softwares sejam de código aberto até 2030.
Mas vai que…
Apesar dos benefícios esperados em termos de segurança e controle, a migração não será simples. Será preciso treinar os funcionários para usar os novos sistemas e softwares. A longo prazo, espera-se que a mudança traga economia e maior flexibilidade para o governo adaptar seus sistemas às necessidades futuras. Essa transição é um sinal de uma tendência crescente entre governos europeus de buscar independência tecnológica das grandes empresas de software proprietário.
A decisão da Alemanha e outros países na adoção do open source é um movimento estratégico para garantir mais segurança, controle e privacidade dos dados, além de promover a soberania digital em sua infraestrutura governamental.
Se dará certo, só o tempo para dizer.