Minha experiência ao migrar do Windows para Linux

EXPERIENCIA LINUX

Em outubro 2020 resolvi voltar ao Linux depois de uns 8 anos sem ter qualquer contato, e fazer um teste de adapatação. Ver se eu conseguiria usa-lo plenamente no meu notebook da empresa, uma vez que o Windows estava me fazendo umas raivas com atualizações e momentos de lentidão. Eu sou Analista de Projetos e basicamente faço quase tudo na nuvem, e uso algumas ferramentas como VPN, cliente MYSQL e conexão remota (RDP). Já usava o OBS no windows para gravar as calls e cortava em um editor opensource também (não lembro qual). Um detalhe importante da minha experiência é que eu já não fazia uso de software pirata no notebook da empresa, e ele possui licença paga do Windows.

Jà na minha máquina pessoal deixei com o Windows mesmo porque vez ou outra preciso usar o COREL DRAW pra fazer algumas coisinhas, e não vou migrar para o Inkscape, ele é muito inferior ao Corel ou illustrator. E também porque minha esposa usa meu note pessoal para estudar e no Windows ela desembola o que precisa sem necessidade de terminal ou ajuda kkk.

Escolhi o UBUNTU porque, além de ser o principal player do mercado, ele é o que possui mais “comunidade” no Brasil para eu solucionar os pepinos que apareciam.

Optei pelo 20.04. Na instação não tive qualquer problema, foi bem tranquila.

PONTOS POSITIVOS

  • A interface gráfica do Ubuntu é muito mais intuitiva e prática que o Windows, e mais fluída também, depois que se acostuma não quer mais largar. Nesse ponto estão de parabens. O menu principal, de apps é melhor que o menu Iniciar, mais limpo, rápido e organizado (assim como o do MacOS)

  • Não tive poblemas com aplicativos exclusivos Windows, tudo que precisei para meu trabalho tenho no Linux, alguns exemplos: Chrome(agora oficial do Google), Notepad++/Geany, OBS Studio, Zoom, Postman, Spotify, Discord, OpenVPN, DBeaver(Mysql), Kdenlive.

  • O consumo de mémoria é muito bem gerenciado pelo Linux, o sistema consome pouco, já os aplicativos nem tanto, usam muita memória RAM, mas ainda sim, é muita mais controlado que no Windows. Não me lembro de ter tido momentos de lentidão no Ubuntu, por memoria ou processador, algo as vezes recorrente no Windows (dependendo da máquina).

  • Microsoft Office não foi um problema! Eu uso bem pouco, prefiro o Google Docs, mas OnlyOffice é muito bom, rápido e compatível para arquivos offline. Fora a interface intuitiva. Anos luz melhor que o LibreOffice. Caguei se ele é proprietário (porém free), importante é que cumpre o que promete.

  • O calendário do sistema integrado com meu Google Agenda é bom demais, simples de configurar e extremamente útil.

NEGATIVOS

  • A loja de aplicativos do Ubuntu é ridicula, muitos apps importantes em versões desatualizadas, acabei sempre indo no site do desenvolvedor, a pesquisa é muito lenta honestamente não sei porque. Constantemente da pau, a fila de instalação não funciona, sempre trava, tem que ser 1 por 1.

  • O Ubuntu na minha máquina leva para iniciar, mais de 1 min, contra 20s do Windows. Em nenhum deles não fiz qualquer configuração especifica, está o padrão da instalação. Cada um em uma partição, gerenciados pelo GRUB.

  • Alguns aplicativos fechavam do nada (não os principais, alguns menores), não tenho tempo de procurar saber o porque kkkkk, meu dia é muito corrido.

  • A configuração inicial do meu ambiente de trabalho precisei acionar diversas vezes o terminal, achei que o ubuntu estaria menos dependente dele já na versão 20.04, mas ainda é muito recorrente essa necessidade. Ainda bem que os apps mais famosos disponibilizam pacotes .DEB, que deveria ser o padrão universal Linux/Debian, porque é prático, 2 cliques está instalado. Mas a comunidade não colabora(kkkkk), sempre tem um app que ou so instala via terminal ou o arquivo é um .tar.gz que voce precisa descompactar, dar make(quando não falta dependência), install…AFF, estamos em 2020 cara!

CONCLUSÃO
Em fim, queria compartilhar essa experiência com vocês, por enquanto sigo utilizando o Ubuntu no trabalho, já faz 45 dias, não sei se vou mante-lo, porque acabei chegando a conclusão que posso usar o Windows (que já tenho mais de 15 anos de experiência) junto com aplicativos opensource que já conhecia e também os novos que conheci usando o Ubuntu novamente, um exemplo disso é o DBeaver, que é muito bom e o OnlyOffice.

Qualquer coisa eu atualizo aqui sobre minha experiência e espero que sirva também para quem pensa em migrar e quer um feedback sincero. Abraços!

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Naturalmente ela deve se sentir mais a vontade no Windows, mas não há obrigatoriedade de utilizar linha de comando no Linux. Algumas distros levam isso mais a sério, outras nem tanto. O Ubuntu é intermediário, ele não tenta fornecer frontend para tudo, está mais no campo da integração e de defaults sãos.

Exemplos de distribuições que oferecem configuradores para facilitar a administração do sistema:

Acho que vale discutir mais aprofundadamente essa questão. Eu também não gosto da interface do Inkscape (mas também nunca gostei da interface do Illustrator também, preferindo o finado FreeHand), mas uso outro software da Corel na nuvem: Gravit Designer, que é mais simples do que o Draw (é um programa freemium, mas sou usuário antes da compra pela Corel, então não sinto tanto a mudança no modelo de negócio). Para diagramas, há a opção de utilizar o SmartDraw na nuvem (pago).

Paradigma. Existem políticas de versionamento e o Ubuntu não é uma distro bleeding edge. A versão não está desatualizada, ela está dentro de um ciclo de versionamento suportado pelos empacotadores.

No mais, eu também não gosto da loja, que é baseada no ferramental do GNOME. O problema se aplica a outras distribuições que usam soluções baseadas no mesmo código.

Usuários mais avançados ou tradicionais podem preferir o Synaptic, originalmente desenvolvido pela saudosa Conectiva, uma empresa brasileira pioneira na comercialização de produtos baseados em Linux.

Poderia detalhar?

Não existe universalidade em desenvolvimento no modelo bazar. É tudo amplo e aberto. A comunidade faz suas escolhas e as coisas fluem organicamente, mescladas com atores comerciais, que fazem suas apostas e sustentam parte do ecossistema.

Eu estou no ecossistema do formato RPM, que considero muito superior e prático (não empacotaria nada pra Debian, só se fosse muito bem pago). Para o usuário, qualquer formato atual (DEB, RPM ou outro do tipo) é fácil de instalar. Para o desenvolvedor, é preciso aderir a boas práticas e o resto é feito por uma infraestrutura que ele nem precisa manter (vide Build Service, que se o desenvolvedor quiser, gera pacote pra tudo quanto é distro). Quanto melhor integrado estar o desenvolvedor ao bazar, melhor o software será distribuído.

Poderíamos estar no ano 3000. Não existe software binário que não foi compilado. Se ele usa um Makefile, é porque um humano ou um software escrito por um humano produziu o Makefile. Se ele está compilado, é porque um humano ou um software produzido por um humano fez a compilação.

De novo, é uma questão de paradigma. Existe uma hierarquia do sistema de arquivos que é pensada em escala macroscópica, porque deriva das metáforas e idiossincrasias do Unix, algo que inexiste no Windows, que adota uma hierarquização arcaica e confusa, que remonta aos tempos do CP/M da Digital Research, criando, por sua vez, toda aquela dificuldade para manter o sistema, realizar atualizações etc.

Há ainda a questão do licenciamento. Existem licenciamentos que são problemáticos e colidem com os repositórios mantidos por fundações ou empresas.

Finalmente, entra de novo a postura do desenvolvedor, como já falei.

Tenho certeza de que, se você apontar os softwares com os quais está enfrentando dificuldades, a comunidade terá a maior disposição em te ajudar.

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Tu falou da pesquisa lenta e existe um jeito de acelerar. Olha com o link abaixo.

É um ponto, mas não creio que você precisa se limitar ao *ubuntu por causa disso. A maioria dos problemas que você eventualmente possa ter podem ser resolvidos por pessoas bem entendidas que usam outra distribuição.

Se você usar Manjaro, OpenSUSE, Solus, Mageia, etc, você ainda teria ajuda em fóruns generalistas como este.

E há muitas distribuições que são baseadas no *ubuntu, se você usa o Linux Mint normal, você essencialmente estará usando o *ubuntu LTS.

OBS.: Não sei se passei a impressão errada, mas não sou contra o *ubuntu, eu mesmo uso o Kubuntu 20.04!


Escolha sábia, pois esta é a versão LTS desse sistema operacional. A próxima versão LTS sairá em abril de 2022.


Só um toque, há diferentes interfaces gráficas disponíveis para o *ubuntu, bem como para qualquer outra distribuição Linux. O Ubuntu vem com o GNOME enquanto o Kubuntu vem com o KDE Plasma, o Xubuntu vem com o XFCE e por aí vai.


Você tem que entender uma coisa: o *ubuntu é uma distribuição fixed-release, de forma que os programas estarão presos naquelas versões. É claro que há uns que são constantemente atualizados (como navegadores) enquanto outros só recebem mais atualizações de segurança. Mas você pode fazer uso de PPAs (cuidado com eles), Snap, Flatpak e Appimages. Pessoalmente, prefiro as PPAs em primeiro lugar e os Appimages em segundo.

Se ter os softwares mais atualizados realmente é uma necessidade para você, creio que você deveria usar uma distribuição rolling-release como Manjaro ou Solus.

Nunca tive problemas de lentidão em procurar por programas nos repositórios do *ubuntu, mas eu uso o Synaptic para pesquisar e instalar programas.


Se eu não me engano, o Windows tem um sistema de que ele, na verdade, “hiberna” em vez de desligar completamente. Por isso que ele (re)inicia tão rapidamente.


Isso é raro, mas acontece mesmo. Sugiro que você procure instalar a versão snap/flatpak/appimage pra ver se esse problema persiste.


O que é que você está querendo instalar pra precisar fazer isso? Os repositórios do *ubuntu já possuem muitos softwares.

Um toque. arquivos .deb são só apenas pacotes. Pode ser que o programa que você instalou já esteja praticamente todo em um único pacote, mas pacotes .deb (assim como pacotes .rpm) são pedaços de um programa. O mais próximo de um .exe que você pode ter são pacotes snap, flatpak ou appimage, que inclusive estão disponíveis para a maioria das distribuições se não todas.

Você instalou o pacote .deb com dois cliques, mas o *ubuntu ainda teve que instalar as outras dependências (outros pacotes .deb) “por de baixo do capô” caso as dependências ainda não tivessem instaladas no seu sistema; você que não reparou esse processo.

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A interface gráfica do Ubuntu chama-se GNOME. Vai encontrar ela em várias distribuições Linux. Só informação.

Não é das melhores mesmo e tem gerado polêmica. No entanto você escolheu um sistema que tenta ser o mais estável possível dentro da proposta. Vai encontrar na loja os aplicativos mais testados e garantidos em suas versões. Há distribuições como Debian que vai encontrar versões mais antigas ainda porém dificilmente vai ter problemas - Debian é famoso por isso aliás. E há algumas distribuições onde vai encontrar versões mais atualizadas dos programas e junto mais bugs.

Fast startup ou Inicialização rápida. É bem isso, ele “hiberna”. Ao “ligar” o sistema “sobe” em segundos.

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se não quer ter problemas com aplicativos via terminal ou compilando os mesmos, sempre pesquise pelo nome do aplicativo seguido do formato que você deseja. Por exemplo:
“Firefox .deb”
Em um modelo de softwares de código aberto, qualquer desenvolvedor pode ir lá, e compilar um pacote para .deb, .rpm, AppImage, ou qualquer outro, e disponibilizar para download.

Tenho que concordar com você em uma coisa, que lidar com dependencias são um saco! Por isso nos últimos tempos tenho dado uma preferencia a AppImages, e os .deb estão ficando de lado.

Estou usando Linux já tem pouco mais de 1 ano e literalmente caguei pro terminal. Faço caminho contrário. Apesar de já ter assistido aulas de terminal e usado por curiosidade.

Exemplo, nem lembro o que era mas queria editar o dconf… fui na loja e achei um editor gráfico que resolveu. Outro que fui editar foi o grub e ele também tem editor gráfico. Ou seja, como usuário comum tá dando pra se virar perfeitamente sem. Foi mais rápido? Não, nem de longe. :rofl:

Canal Livre Labs tem cursos bem legais. Tem aulas longas ou até mesmo curso com aulas curtinhas de minutos e pontuais. 2 palitos e pega o jeito, eu também achei ruim no começo, algumas coisinhas são diferentes e no início estressam mesmo, mas rapidinho pega a manha: https://www.youtube.com/watch?v=BGn_LEdh-KI&list=PL9gh4rCqwQSeB8V7YEyVJ3MuB_47iKtlp

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Uma outra opção para pesquisa de pacotes, que eu descobri outro dia graças ao @Capezotte, é o Repology:

O Repology me lembrou o clássico RPM PBone (que, como o nome já diz, é para pacotes RPM):

http://rpm.pbone.net/index.php3/stat/2/simple/2

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