Você está se sentindo intoxicado? Eu estou

Eu também acho que não existem só conteúdos que tem apenas o propósito de servir como um “entorpecente audio visual”.

Mas meio que ficou claro aqui, pelo menos para mim, que 90% de nós ficamos intoxicados simplesmente garimpando algo que preste. Por esse motivo eu preferi nem me dar ao trabalho… É certo que não vai prestar, pelo menos é o que eu acho.

Talvez seja primeiro preciso processar e ressignificar o que a pessoa busca garimpando esse mercado. Eu passei a voltar a alimentar meu hobbie artistico de pintura. Ler mais, e sair mais, com pessoas de carne e osso.

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Quer um resumo de tudo isto? Pegue o youtube lá nas origens, e o primeiro (ou um dos) primeiros criadores de conteúdo a dar certo: Guilherme Zaiden. Parece-me que ali já havia sinais do que veríamos mais para frente, nele amplificados por ter escalado muito, e muito rápido, para os patamares daquela época.
Youtuber virou profissão, e não vejo nenhum problema nisto. A questão é que a plataforma deixou de ser um lugar de inovação há tempos. Na verdade, todo o mundo repete a fórmula repetida do Pew Die Pie para monetizar. E aí vejo umas situações curiosas:

  • Canal que nasceu para fazer “resumo” se repetindo e enchendo linguiça;
  • Inserções cada vez mais chatas e desarrazoadas de propaganda (no meu caso, vira e mexe aparece um estilo musical que abomino, e brinco que só pode ser para eu assinar o premium);
  • Gente que apareceu por um tempo, e da mesma forma fácil que apareceu, foi embora;
  • E o pior de tudo: gente que chegou “ontem” e já se acha a última bolacha do pacote.

Dos canais que acompanhava mesmo, vejo que as únicas estratégias bem montadas são de alguns comediantes (poucos), e em termos mais sérios, Manual do Mundo, Space Today e menção honrosa ao Rogério Vilela.
Os científicos, especialmente o Manual do Mundo, quando parece que vai dar uma escorregada, cair na tentação do caminho fácil, parece que o Iberê percebe e retoma uma linha muito interessante, quase que um novo Beakman. E o Vilela, desde o tempo de mundo canibal, saca muito bem como funcionam as ondas da internet, e se às vezes não cria um estilo, sabe tirar o melhor do que está na moda, faz bem feito e também a hora de pular fora.

E vejo que isto é muito ruim para os criadores de conteúdo. Vira e mexe, me pergunto se um cara como Winderson ou o Luva de Pedreiro não eram mais felizes antes da fama, e quando foi que poderiam/deveriam ter parado.

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Consciência e disciplina também são parte da natureza humana.

Não disse que é fácil e simples lidar com essa torrente pesada da comunicação de massa e da comunicação digital. Por isso é importante a disciplina.

No mundo em tempos em que não recorríamos tanto a mecanismos de busca (ou, simplesmente, não recorríamos), as pessoas construíam por si mesmas suas fontes de referência, trocando informações entre si, dialogando, colecionando. Esse comportamento retrô pode ser uma saída.

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As redes sociais são as principais culpadas na atualidade. Os algorítimos incentivam conteúdo que provoque ódio e medo pois é o que gera mais engajamento – e consequentemente mais tempo dos usuários na rede e mais dinheiro de anúncios.
Por esse motivo abandonei as mais famosas (Facebook, Instagram e Twitter) em 2020.

Recentemente estou fazendo um teste no tiktok e já vejo como isso tem me afetado. Depois de certo tempo consumindo videos e mais videos vem um sentimento de cansaço por ter passado muito tempo com a rede social fazendo o cérebro produzir dopamina o máximo possível.


O que eu recomendo é um detox digital: Passar um tempo longe das redes ou da internet em si. Pode ser o tempo que tu achar necessário. :v:

Ter disciplina é fundamental para uma vida mais adequada e, de fato, faz parte da natureza humana. Mas o problema é o outro lado da nossa natureza: não somos tão racionais quanto pensamos que somos. E as empresas já sabem disso há tempos e sabem muito bem como utilizar nosso lado emocional e nos prender nessa armadilha colorida, maravilhosa e fantasiosa que é o mundo virtual.

Em resumo, somos seres influenciados pelas circunstâncias da vida (medos, ansiedades, crises diversas - coisas naturais à vida humana) tentando lutar contra uma indústria multibilionária que investe bilhões e bilhões de dólares todo ano para descobrir formas cada vez mais eficazes de nos deixar presos nessa armadilha.

Um dica que o livro Minimalismo Digital dá, é que é preciso adotar uma filosofia de vida em relação ao uso da tecnologia, com valores profundos e não baseado em força de vontade e resoluções vagas, para que assim vc consiga determinar quais ferramentas tecnológicas são mais necessárias a você e como vc deve usá-las. Outra dica é preencher a vida com uma vida de lazer mais estruturada,

“Para muitas pessoas, o uso compulsivo do smartphone preenche o vazio criado por uma vida de lazer parcamente estruturada. Reduzir a distração fácil sem o preencher pode tornar a vida desagradável - um resultado que provavelmente minará qualquer transição para o minimalismo.”

No fim, a gente não deve evitar esses momentos de lazer na vida, mas tentar substituir esses prazeres fáceis por coisas mais significativas e profundas e aí sim, associar isso à disciplina, resultando em nosso lado emocional e racional em equilíbrio.

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tem 3 anos que deletei todas as minha mídias sociais. mantenho apenas uma conta no instagram para conferência online do meu chefe (que, ainda bem, são raríssimas). de resto, sou feliz que nem pinto no lixo. n tenho necessidade de face, twitter etc.

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@Ana qual a referência completa desse livro? Título/autor/editora? Fiquei curioso, fui pesquisar e achei vários livros com esse título, tanto em inglês quanto em português.

No contexto desta discussão pode ser interessante ler o artigo “Como o Facebook está destruindo a Internet”, do Gabriel Torres, partes 1 e 2:

  1. Como o Facebook está destruindo a Internet - parte 1 - Redes - Clube do Hardware
  2. Como o Facebook está destruindo a Internet - parte 2 - Redes - Clube do Hardware
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O problema é que ainda nem sabemos como essa quantidade de super estimulação e bombas de dopamina afeta o cérebro. Já temos várias discussões de como a atenção está piorando, me incluo nessa.

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Pois então, assim como qualquer virtude, eu acho que a disciplina verdadeira, mesmo, é uma coisa não tão abundante como a irracionalidade, o desejo, etc… Me faz pensar nesse mar de pessoas sucedidas no facebook e imaginar que também vale para a honestidade e inclusive a disciplina… As vezes a gente diz ser disciplinado, mas quando você está ali a 1 da manhã no celular, a disciplina já foi para as cucuias…

E eu estou falando de pessoas adultas, quando eu vejo os filhos de muitos conhecidos, deixados totalmente livres com um tiktok na mão, aos 12 anos…

Eu também percebi que a infância vai ser somente a primeira fase onde a pessoa é vulnerável a esse novo mercado, eu tenho visto cada vez mais idosos perdidos no celular e na jogatina (e muitos deles conscientes disso). Moro em um prédio com muitas pessoas idosas, algumas sozinhas… 2 já me comentaram que na aposentadoria só sobrou ficar no celular a maior parte do dia, e com frequência madrugada a dentro…

Eu acho que me afastei porque essa é a “disciplina” que eu acho que funciona, parar de consumir estas coisas, “tirar a droga do sistema” e consumir coisas qualitativamente melhores, livros, pintura, conversas na rua com os amigos.

Tem estudos mostrando aumento de depressão na infância, provavelmente devido ao gradual transformação do reforço de atenção em um vício que leva a fases de abstinência e bom… Todos já leram sobre os efeitos da abstinência em um viciado… Se não me engano foi uma das coisas que levaram estes famosos como o Jobs e Gates a afastarem seus filhos dos eletrônicos.

Também existem estudos mostrando que até mesmo 1 hora de uso por dia pode reduzir o desempenho escolar, resultar no não completamento de tarefas escolares, redução no interesse por aprender coisas novas, etc.

Mas um efeito que eu acho mais preocupante e que realmente pouco sabemos é a retroalimentação cultural disso que pode gerar um ambiente pior ainda no futuro, como o instagram molda a percepção sobre beleza, como o tiktok molda as relações sociais… O caso dos entregadores da Amazon forçados a dançar na frente das portas dos clientes para não levarem pontuação baixa, crianças fazendo danças do tiktok sempre que são filmadas, adolescentes dançando no tiktok ao lado da mãe em com câncer…

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Acho que essa percepção de intoxicação acaba sempre chegando, pois como já falado as redes sociais acabam te viciando nelas e em determinado ponto a pessoa percebe isso.

Aí vem o segundo ponto, onde alguns abandonam de vez e outros diminuem bastante o tempo de exposição a elas. Eu me encaixo no segundo grupo, por vezes passos vários dias sem entrar no facebook e Instagram. Já o Youtube eu vejo todo dia, mas eu aprendi a ter uma força de controle extremamente grande para clicar em um vídeo. Analiso muito bem se aquilo será interessante para mim, pois sei que ao menor deslize e clicar em algo violento/sexualizado/clickbait o algoritmo será feroz em me bombardear mais desse conteúdo que considero lixo.

Mas o ponto principal é lembrar que a vida acontece na maior parte fora das redes sociais, com aquelas atividades simples de interação com as pessoas ao nosso redor. Vejo as redes sociais somente como uma ferramenta para manter um contato distante com pessoas queridas que não se encontram mais no nosso círculo, pois as redes sociais se tornaram hoje algo distante do que pretendiam ser no passado. Passado → as pessoas conhecidas vão interagir pela rede. Presente → Interação é no máximo um like, enquanto se é bombardeado por “influenciadores” e robôs.

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Eu acho que é uma questão de controle mesmo. Veja: Eu consumo Filmes, Series, Animes, Mangás, Jogos, Musicas e livros. N tenho absolutamente nenhum dos problemas que vc citou justamente por ter pratica no “controle” de consumo dessas mídias. Tipo, n vejo por obrigação e sim por entretenimento, n tenho pressa em ver aquele ep q acabou de sair (vejo quando tenho tempo pra aquilo), ou leio por ler e etc. N tento consumir a obra paralelizando a mesma com aspectos sociais ou procurando sentido naquilo pra vida no mundo real. Consumo como deve ser: Entretenimento! Puro e simples. E a consequência que tenho de separar precisamente trabalho de diversão é que não tem nenhum tipo de problema como ansiedade, depressão, insônia e etc. Considero minha vida bastante equilibrada nesse sentido.
Então respondendo a pergunta: Não! Eu não me sinto intoxicado.

Eu não acho que seja tão simples como isso, claro, ainda não é uma epidemia, é uma minoria apenas que realmente chega a casos extremos, mas eu acho interessante ver a discussão além de nós mesmos e projetando no futuro.

Eu acho que o autocontrole é uma ótima ferramenta, seja ao evitar ou diminuir, mas eu também me pergunto, será que o auto controle tem mostrado que está vencendo em outras batalhas parecidas e mais antigas? Por exemplo, o mercado de fast-food?

Isto sequer é uma guerra justa. A depender do quanto de informação um celular consegue de você, ele sabe até o momento “certo” de lançar aquela vontade de te deixar viciado pela dopamina.

Celular é um problema danado: é câmera, acelerômetro, sensores e outras coisas que podem saber mais sobre nós e nosso subconsciente do que a própria consciência.

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Eu também acho isso, e numa guerra suja não há limites, eu não duvido que haja trabalho proativo para encontrar meios de retirar de você o poder de escolher algo que não seja viciante e intoxicante.

Basta ver o mercado de fast-food americano, hoje em dia é muito mais difícil conseguir alimentos saudáveis lá do que aqui no Brasil, embora ambos os países sejam enormes produtores de alimentos.

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Minimalismo Digital - Carl Newport
Editora Alta Books

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Concordo 100%… tem bastante estudo em casos de anorexia em meninas tb. Nesse lado dos padrões de beleza as meninas são as que mais sofrem, é uma pressão constante.
Bullying digital também, ou o fato de crianças estarem postando sua vida na internet e ninguém pensa nas consequências disso quando esse ser crescer. Essa tonelada de material pode ser usado para tanta coisa errada que eu nem consigo começar a listar.
Quanto mais eu trabalho com tecnologia, menos eu me envolvo com isso. Meu telefone é tenebroso de ruim, tenho menos de 300 seguidores no instagram e é isto, tenho twitter mas uso de uma forma mais profissional e ainda frequento alguns subreddits. Cada vez mais tenho vontade de apagar tudo

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Tenho acompanhado o questionamento inicial e as 48 postagens até agora – mas hesitei muito em participar, por vários motivos. – Em resumo, há muito tempo me coloquei “fora da competição insana” à qual somos levados, mesmo contra nossas vontades.

O início (ou o agravamento) dessa “competição insana” tem data – que varia de um país para outro. – Muito antes de chegar até nós, no Brasil, lembro de ter visto algumas reportagens de TV sobre alunos japoneses que se suicidavam (quando isso ainda soava estranho, entre nós).

Não tenho muita certeza – mas acho que alguns morriam imprensados pelo fechamento automático e inexorável dos portões das escolas – por tentarem entrar, quando não não era permitido.

Me parece que vi alguma coisa assim por volta de +/-1986 – daí, minha dúvida em afirmar com alguma certeza. – Está longe demais, na minha memória. (“Não era comigo” – a “desculpa” mais comum, para ignorarmos problemas humanos, quando não nos afetam diretamente).

Por motivos assim, não consigo atribuir essa questão à internet (que mal engatinhava nos EUA), muito menos às “redes sociais”, que só apareceram muitos anos depois.

Sim, por volta de 1960, atribuíam-se muitas culpas às “histórias em quadrinhos” (gibis, para os íntimos) – e fui ameaçado com várias proibições, limitações, sanções etc. – e alguns anos mais tardes, “a TV” assumiu a carranca do “mal”.

Acontece que havia “uma espécie de guerra” no mundo. – Hoje, sei que é muito mais antiga. – Aliás, cada um de nós pode imaginar uma data diferente, para o “início” dessa “espécie de guerra”. O final da II Guerra Mundial, em 1945? O “Crash de 1929”? Qualquer outra data, entre 1500 e 1800? – Sintam-se à vontade, para escolher qualquer data.

É muito raro, recebermos qualquer informação sobre o “New Deal”, que não sejam as informações “aprovadas”. – Sobre os EUA, gosto de ler autores norte-americanos (de todas as épocas) – e percebo que os anos imediatamente após o Crash de 1929 foram uma “quase guerra civil”.

Em resumo, o New Deal foi recebido pelos conservadores, como o diabo em pessoa! – Quase uma “ditadura comunista” – mas a revolta popular era tão “perigosa”, naquele momento, que o establishment não viu como deixar de aceitá-lo (e de historiar como algo positivo).

Terminada a II Guerra Mundial (1945), o próprio establishment teve de propor e implantar o assim chamado “Wellfare State” (o Estado do Bem-Estar Social) – verdadeiro anátema! – para impedir que “as massas” pudessem ser seduzidas pelo fantasma do “comunismo”.

Os EUA investiram zilhões na “reconstrução” da Europa (capitalista) – o Plano Marshall – e corromperam Deus e o mundo, para impedir que partidos “socialistas” ou “comunistas” chegassem ao poder no Japão, na França, na Itália, e sabe-se lá onde mais.

Foi nesse Wellfare State (o Estado do Bem-Estar Social) que nasci, me criei, cresci, me tornei adulto, e assumi meus primeiros empregos. – Minha “família” insistia muito para que eu “prestasse concurso” e “garantisse” o meu “futuro” com algum emprego no Banco do Brasil, no Congresso etc. – Não precisava! Qualquer emprego na iniciativa privada oferecia “perspectiva de futuro”. – Se você fosse um funcionário “sério” etc., você “subiria” na empresa e, no final da vida, teria uma aposentadoria à altura dos degraus conquistados.

Não era mentira! – Eu vi. – Era assim mesmo (com as exceções de sempre).

Feliz ou infelizmente, eu não me engajei nessa “expectativa” – nunca quis me “acomodar” (pois era isso que o Estado do Bem-Estar Social propunha) – e isso me poupou de muitas decepções, no período que se seguiu.

Na faixa de 1987 a 1991, o “bloco comunista” já dava sinais de fraqueza – e Thatcher e Reagan já davam amostras grátis de que, sem medo da “sedução comunista sobre as massas”, o capitalismo não precisava mais ter a menor preocupação com o “bem-estar social” do populacho ocidental.

Nessa época (e por mais alguns anos), eu tentava seriamente levar à frente um “negócio pessoal” (ou algo assim) – por isso, lia com atenção todas as “ideologias” alardeadas para os bravos empreendedores: – Downsizing, Just-in-time etc., além das dicas menores do Sebrae, associações comerciais locais etc.

Levei tudo aquilo a sério, sem a menor dúvida – até me render por completo à percepção de que nada daquilo me levava a nada, em 1996. – Aí, me dediquei à minha vida pessoal (uma possibilidade fácil à classe média, que 99% da população não tinha).

Deixar de querer ser “empreendedor”, e voltar à vida de “empregado” – mal pago, mas com tempo livre para ler e pensar, após bater o ponto no final da tarde – me permitiu examinar as coisas, sem me considerar “dentro” daquele (suposto) maravilhoso momento.

Ali, começaram a ser destruídas todas as “perspectivas” de “estabilidade”, “aposentadoria” etc. – seja na iniciativa privada, seja em empresas estatais. – Para os 100+ mil funcionários do Banco do Brasil, por exemplo, foi um tapa de perder o rumo. As cifras de suicídio foram uma coisa terrível (e eu lembrava bem, de como vários parentes e amigos se sentiam “garantidos”, até ali).

Na iniciativa privada, vi vários amigos serem demitidos – após se dedicarem às suas empresas durante anos, décadas, na expectativa de continuarem subindo e, um dia, se aposentarem.

Uma turma de TIs (ainda não havia essa denominação) do BB aproveitou a indenização do Programa de Desligamento Voluntário (PDV) para criar a Conectiva Linux – que alcançou relativo sucesso – mas finalmente perceberam que era melhor vender à Mandrake (origem do Mandriva), antes de darem com os burros n’água.

Outros amigos, despejados sumariamente da iniciativa privada – onde tinham investido suas vidas, na expectativa de crescimento e por fim a segurança da aposentadoria – tentaram, cada um, um projeto qualquer.

Mas foram exceções à regra. – A maioria jamais tinha planejado nada. – Aquele momento em que “o chão sumiu debaixo dos pés” jamais tinha sido previsto, nem sequer, imaginado.

Como jamais quis “seguir carreira” – nem na “estatal”, nem na “privada” – aqueles altos e baixos não me afetaram psicologicamente. – Fali, aceitei um emprego (mal pago) para respirar e descansar alguns anos… e me adaptei aos novos tempos, com certa facilidade, pois nunca me havia “acomodado” a nenhum esquema rígido de expectativas de futuro.

E foi nesse intervalo, mal-pago porém com algum tempo livre, que comecei a ler coisas que nunca tinha lido, e fui formando um “quadro” do que havia acontecido – no mundo inteiro (e, com algum atraso, no Brasil).

De 1996 até 2022, as coisas só se aceleraram – e nem vale a pena entrar em detalhes. – O essencial, está no que disse até aqui. O resto, é só “sequência”.

Para os da minha geração, que levaram um baque medonho entre o final dos anos 1980 e o início dos anos 1990, o pior já foi enfrentado. – Ou sobreviveram, ou acabaram se acomodando a uma “sub-vida”, ou…

Para os amigos aqui do Fórum Diolinux, que entraram na vida adulta e profissional em anos mais recentes, as coisas podem parecer um tanto confusas. – Receberam outra “formação”, outras “ideologias de vida” – e mesmo assim (percebo por esse tópico), não está sendo mais fácil, nem tampouco “confortável”.

Dou só 1 exemplo: – Nos últimos 20 anos, procurei organizar um “suporte de vida”, composto de “frutos do meu trabalho” (autônomo) + aposentadoria (também fruto do meu trabalho, mas de modo mais demorado) + rendimentos do que pude guardar, ao longo desse tempo.

Nos últimos 15 anos, o fruto do meu trabalho (atual, atividade, tendente a gerar ou manter empregos) foi aumentando, até certo ponto (enquanto o rendimento da poupança permanecia pífio). – Nos últimos anos, e em especial nos tempos mais recentes, decaiu muito – enquanto o rendimento da poupança (sem aumento da base) cresceu sem nenhuma razão ou mérito.

Conclusão: – Nos últimos anos, se tornou mais proveitoso viver de “juros”, do que de qualquer trabalho capaz de gerar ou manter empregos.

Quem tem zilhões em “aplicações” deve estar sorrindo de orelha a orelha – mas quem tenta fazer alguma coisa “útil” deve estar se sentindo muito mal.

Quanto à aposentadoria – que paguei durante décadas – não aumenta, mas também não decaiu (por enquanto!). – Portanto, só posso aconselhar que os colegas evitem colocar “todos os ovos numa cesta só”.

Poupem (por mais difícil que seja: fujam do apelo para gastar o que conseguem ganhar) – invistam em algum trabalho útil (pois a “política econômica” muda, a cada tantos anos) – e nunca desprezem a contribuição ao INSS (que até pode “ser falido”, mas isso ainda não conseguiram fazer, nas últimas 6 décadas).

Mas, acima de tudo, fujam da “necessidade de consumo”. – Mais de 2/3 daquilo que parece “uma necessidade”, na verdade não passa de uma isca – e o peixe morre pela boca.

Vi muitos colegas, no auge da “monetização”, acharem que aqueles ganhos eram “garantidos”, e que só iriam “aumentar” (jamais, diminuir). – Felizmente, eu já tinha vivido vários ciclos econômicos, e várias “políticas econômicas”, e sabia que nada é garantido, nada é “estável” (muito menos, um “crescimento” momentâneo).

Neste momento, ou o atual ciclo se mantém e se agrava – ou se inverte – e tenho certa expectativa de que, ou me mantenho por um lado, ou pelo outro.

Porque só existem 2 alternativas: – Ou ganham os rentistas – ou ganham os que “produzem” alguma coisa (aí incluído os que prestam serviços e, de algum modo, geram ou ajudam a manter empregos).

Do mal-estar causado pela competição cada vez mais estressante, não posso falar – pois já fiz minha parte; agora estou fora. – Mas recomendo que não atribuam isso às “redes sociais”, nem “à TV”, e muito menos aos gibis de histórias em quadrinhos.

Os operários que se voltaram contra as “máquinas” – e tentaram destruí-las, no século XVII – estavam apenas mirando o alvo errado.

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Que texto ótimo :pinched_fingers: :clap:

Fiquei bastante reflexivo agora haha

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