Valve recomenda Manjaro para interessados em desenvolver para Steam Deck

Bom, como desenvolvedor que já trabalhou em vários projetos, a falta desse suporte me faz torcer o nariz, eu sei que é algo recente e eles tem tempo para corrigir isso, mas na minha avaliação, em um projeto novo a plataforma deles não seria um alvo a ser suportado, ficaria mais para, "se os testes que validarem no Windows resultarem em algo que pode ser instalado no steam deck, ótimo, senão, ótimo passaram em todas as validações para a plataforma alvo’.

Ou o produto é recente e a empresa está lutando com cronogramas para tudo desde sdk, devkit até qualquer outra coisa. É o que eu espero, porque se estiverem com medo de alguém julgar o produto com base no que está em uma ISO de desenvolvimento… As coisas não vão bem.

Como eu havia dito antes, a Valve apostou bastante nessa parte de o Steam Deck rodar o que já estar na loja, seja para Windows ou não. E isso não é uma prática estranha. Na verdade é bem mais antiga do que imagina. O Commodore Plus/4 e Commodore 128 tinham uma peculiaridade. Ambos eram compatíveis com hardwares alternativos e até sistemas alternativos. O Plus/4 era compatível com o Commodore 16 e o 128 era com o 64. Isso permitia que desenvolvedores fizessem seus jogos para o 16 e o 64, sabendo que iria funcionar nas máquinas mais recentes de qualquer jeito, ainda mais porque o Commodore 64 foi um fenômeno em seu tempo, então já era uma plataforma que tinha público.

Eu vejo que a mesma coisa está acontecendo com o Deck. A Steam é a mesma. Os jogos são os mesmos. O que vemos é um hardware novo que está rodando algo que já existe para outras plataformas e se garantindo nisso. Não é necessário desenvolver para o Deck em específico porque ele já roda o que tem para PC normalmente, então é desenvolver para PC, mesmo para Windows, e o Deck roda. Essa é a parte genial da coisa. As Steam Machines tinham essa idéia de ter que desenvolver para essa plataforma em específico, no caso, Steam OS, que é Linux. Mas o Deck não. Agora os desenvolvedores só precisam desenvolver para uma coisa. Steam. Nâo é Steam OS, não é Steam Deck. É Steam, independente se é para Windows ou dedicado para Linux.

Não lembro onde li, então não tome por garantido, mas lembro de ter aparecido um artigo no Google Discover uma vez, da Valve respondendo para onde eles querem que os desenvolvedores criem, se para Proton ou para Linux. A resposta foi interessante. Contanto que a experiência seja boa, tanto faz, embora se puder fazer para Linux, seria legal, mas não obrigatório.

Continuo achando que a Steam precisa melhorar bastante isso, é um produto muito ainda “ah tá, ele existe e não é um fiasco antes de lançar”. Se depois de lançado continuar sendo essa a filosofia, “deixa a vida me levar e que seja bom se puder”, o fuzuê vai baixar e vai ser só mais um deck no mercado.

As coisas que eu digo que a empresa precisa fazer, ainda é aceitável, mas se daqui a 1 ano um ecossistema mais vantajoso do que “apenas mais um deck portátil não surgir” o caminho é o mesmo dos VR, legal, mas não muda nada.

Creio que aí está o pulo do gato. A Valve não precisa competir no mercado de consoles nem no dos portáteis. A Steam já está consolidada como a maior plataforma de jogos nos PCs no momento. Mesmo o Valve Index, a solução VR da Valve, tem poucas coisas diferentes da concorrência, no caso o “knuckle controllers” que permite ter leitura dos dedos individualmente. E o Deck é mais uma forma de jogar o que está na Steam mas com várias funcionalidades que são vistas mais em consoles, como o “Quick Resume” para retomar jogos de onde pararam ao invés de ter de procurar um ponto de salvamento. Outras coisas como Thumbsticks capacitivos que reconhecem quando o dedo está neles por causa disso, touchpads, acelerômetros/giroscópios, coisas que normalmente não é visto nos PCs mas ela está trazendo. O mercado de jogos está estagnado nesse ramo, com só a Sony trazendo Gimmicks e a Valve mostra que há outros usos que podem ser interessantes.

Isso e como o sistema do Deck vai substituir o antigo Big Picture, Steam OS 3 sendo lançado para o público, parece que a Valve realmente está incentivando a concorrência a melhorar seus produtos. E eu não vejo nada de errado com isso. Concorrência é saudável para o mercado e se para isso é necessário que o Deck eventualmente perca seu lugar nos holofotes, parece que a Valve está disposta a isso, até porque esses outros hardwares estariam rodando a Steam mesmo. Eu aplaudo a Valve pela postura que está tomando com o Deck desde já, e isso inclue o direito de reparo que eles falaram abertamente no vídeo que eles fizeram, abrindo o Deck (Garantia nula apenas sobre danos causados pelo usuário, não se o usuário abrir o Deck). Isso só mostra que a Valve não é mais uma Apple ou mais uma Nintendo ou Sony. Pode ser o Steam OS 3 mas também pode ser o Windows se quiser, ou mesmo o Manjaro. O Hardware é o mesmo e eles são abertos em dizer que pode fazer o que quiser com ele.

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Eu nunca disse que o futuro da Steam depende do Steam Deck, o futuro desse produto é que depende da Stem >>>sair da zona de conforto<<<. Se arriscar e gastar mais criando algo que não seja só “aparelhinho legalzinho que funciona bem mas muito parecido com um notebook + Joystick”.

Eles precisam, primeiro, torcer para isso vender bem nesses primeiro ano após o lançamento, e segundo e mais difícil, diferenciar e criar um ecossistema de desenvolvimento, ou vai ser como um Oculus, muitos reviews positivos, vendeu bem no lançamento e todo mundo esqueceu 2 anos depois.

Nesse ponto eu não tenho o que discordar. Mas mesmo VR é um nicho, embora dure um pouco mais do que o 3D do Nintendo 3DS. Mas mesmo por ser um nicho, a Valve foi a primeira em apostar em uma experiência completa nesse mercado com o Half-Life Alyx. Antes dele, não tinha grandes jogos além de tech demos bem longas ou jogos que tinham um modo tradicional além do VR. Half-Life Alyx foi o primeiro a ser completamente VR, sem opção a jogabilidade tradicional. Então o jeito é esperar para ver aonde a Valve vai levar o Deck. Se depois de lançado, não tiver nada de novo, muito provavelmente vai acontecer o que você disse.

Mas eu também sou contra a idéia de revelar toda uma estratégia de marketing de uma vez só, criar espectativa e arriscar ser esmagado pela concorrência antes do lançamento ou ainda pior, receber backlash do público por não ter imaginação o suficiente e ver como algo pode funcionar até que seja feito na prática. A Valve pode estar com planos para esse novo Deck, planos esses que não foram revelados oficialmente ou ainda não chegaram aos ouvidos dos leakers. E honestamente, me dá um alívio saber que o Deck existe, trazendo uma experiência decente com jogos recentes ao invéz de apostar completamente em cloud para trazer jogos para o mundo móvel. E o fato de ainda ser um desktop completo, torna o Deck muito mais útil do que os portáteis focados em jogos.

Eu não quero saber nenhum segredo de marketing, eu quero um business real, só isso. Mais da metade da industria já oferece ecossistemas 200% mais sólidos a céu aberto em tudo que é área de TI, para todo mundo ver e ninguém pensa que estão “revelando estratégias”. Enfim… o Stem precisa disso para não ser só mais um hardware avulso e de fato virar um produto/serviço. Por enquanto eles tem desculpa, daqui a ~1 ano nem tanto.

Talvez seja sólido o suficiente para o propósito dado a ele pela Valve. Se me permitir entrar no campo especulatório, já que não faço parte do time desenvolvedor do Deck, pode ser que o real produto/serviço seja a Steam, não o Deck por sí só.

Pensa só. PC tem várias lojas. Temos a Microsoft Store, Epic Games Store, GOG, Humble Bundle, Origin, Ubisoft e a Steam. O que todas elas tem em comum? São storefronts que vendem produtos/serviços, então são todas um meio para um fim. Agora o que a Steam tem de especial em relação a todas elas? Ocasionais promoções? Bem, então temos um problema, porque a Epic Games Store está dando jogos de graça regularmente.

Em minha especulação, o que o Deck estaria fazendo é vender uma plataforma com um produto que faz bom uso dessa plataforma. Por isso que somente a Steam tem runtimes e camadas de compatibilidade, além de configurabilidade dos controles de Teclado/Mouse e Gamepads para jogos, e agora essa função de pausar jogos para, se possível, continuar de outra máquina, algo que eles demonstram estarem trabalhando para trazer até para a Steam normal. Isso é Networking, e não deixa de ser um serviço.

Outra prova de que a Steam é mais do que uma loja e sim uma plataforma comparável a consoles, é a adição da Steam no pacote do EA Access. Eu poderia continuar em minha especulação e dizer que a Valve quer desatrelar a Steam dos PCs e criar um sistema que vai além deles e se tornar independente do Windows de uma vez só mas aí já é teoria da conspiração. O ponto é, existe sim um produto/serviço sendo vendido com o Deck. O que falta agora é desenvolver em cima dessa plataforma Steam. Existem muitas variáveis nessa equação.

Outra delas é barulho. A Microsoft voltou atrás com sua idéia de Windows como serviço e lançou o Windows 11 para movimentação de mercado e a graça das OEM. E por quê a Valve não pode fazer o mesmo com o Deck? Assim, eu não vejo essa fixação com o Deck ser único e nem mesmo a Microsoft vê com os Surface. Para mim, os Surface são um dentre tantos mas ainda são vendidos para seu público alvo. O mesmo pode ser com o Deck. E o que há de errado? Que venha a concorrência! O mercado de hardware nesse ramo precisa de novidade! O Deck pode não ser o último de sua linhagem.

Eu ainda não vejo produto algum além de um hardware avulso e a boa e velha loja, as Steam Machines também tiveram devkits, isso é o mínimo. Por enquanto eu diria que é uma barganha de hardware melhor que os projetos antigos, mas isso é pouco a longo prazo.

Loja é apenas a coisa em comum entre todo mundo nessa industria, empresas tem ecossistemas Melhores quando elas fornecem coisas como github, firebase azure elastic search, SDKs, IDEs, devkits testing farms etc.

Mas como eu disse, é um produto novo e é aceitável não ter nada além do hardware, só que precisa ir além no futuro.

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