Usando o Debian 10 (Buster) o Arch Linux em dual boot por 3 meses (minha experiência)

Já vou avisar, quem tem preguiça de ler que pare por aqui kkkkkkkkkk porque o tópico vai ser bem grande.

Obs¹: Lembrando, o tópico reflete ÚNICA E EXCLUSIVAMENTE MINHA EXPERIÊNCIA, por ser que você, com ambas as distros, tenha uma experiência diferente. Não estou aqui para condenar e nem exaltar nenhuma distro, cada um usa a distribuição que achar melhor ou que atenda as suas necessidades de forma mais simples ou mais adequada.

Obs²: Estou utilizando EXATAMENTE os mesmos programas em ambas as distros. Uso coisas como Audacious, Smplayer, SoulSeek, Firefox, Falkon, VirtualBox, Psensor, Libreoffice, Engrampa, tenho alguns emuladores para quando a criançada vem aqui (Desmume, Mgba, Mupen64Plus Zsnes) etc.

Obs³: provavelmente o texto vai apresentar alguns erros, porque ficou muito grande. Assim que sobrar um tempo vou reler, corrigir e adicionar mais coisas. Ah, pelo tamanho, não vou entrar em muitos detalhes. Caso contrário, o post vai virar um livro.

Uns três meses atrás e sem nada para fazer, resolvi instalar o Arch em dual boot com o Debian. Que é minha distro principal, e nunca mexo nela. Raramente, (e é raramente mesmo, esse ano acho que só fiz isso uma vez) troco a outra distribuição que tenho em dual boot com o Debian, que é o Mageia. Já tive uma longa experiência com distros rolling release (Manjaro e Antergos), mas nunca tinha instalado o Arch no meu notebook, apenas em máquina virtual. Para a instalação, resolvi usar um método disponível na wiki do Arch, que consiste em instalar o Arch a partir de uma distribuição que você já tem instalado, nem criar um dispositivo bootável é necessário nesse método. Para quem se interessar aqui está o link: Install Arch Linux from existing Linux - ArchWiki

Ao longo do tempo, fui intercalando o uso das distros. Houve semanas em que usei cada distro um dia, outras que usei o Arch a semana inteira e na outra só usei o Debian etc. O que não fiz, alias, só fiz uma única vez (por causa de um problema com o light-locker) foi trocar entre as duas distros mais de uma vez no mesmo dia.

Sempre vejo uma boa quantidade de tópicos aqui no fórum com temas parecidos. Como, por exemplo, um recente que teve falando das vantagens de distros fixed relese e rolling release. Outros falando se tal distros (Manjaro, Arch ou alguma derivada) são boas e valem a pena serem usadas em detrimento de outras .deb etc. Quando respondo a esses tópicos, que são poucas vezes, sempre bato na mesma tecla. O uso de qualquer distribuição, independente da filosofia, do ciclo de atualizações etc. é extremamente pessoal e é impossível você escolher pelos outros. Mas é possível você dar dicas e apresentar sua experiência. Acredito que é isso que este tópico vai mostrar, minha experiência com duas distros com propostas completamente opostas. Enquanto o Debian tem um ciclo de atualização bem mais lento e um processo de incluir pacotes muito mais específico em seus repositórios. O Arch tem a proposta de ser bleeding edge, ou seja, atualizou um pacote dali a pouco ele estará disponível no Arch, se quer novidades de forma rápida, é o Arch que você procura :slight_smile:

Apenas para deixar algumas coisas claras, usei as duas distribuições com o Xfce de ambiente gráfico. O meu hardware é um notebook com as seguintes configurações: Intel i3-3110M 2.4 GHz, 4 gb de memória ram, placa de vídeo onboard da intel e um hd da Seagate de 500 gb. Para ser mais específico é um notebook modelo NP270E5G da Samsung.

Apenas um problema eu tive nas duas distros, uma atualização do lightdm (na verdade, o problema era mais no light-locker) que estava travando ao fazer o login após bloquear a tela pela segunda vez. Por incrível que pareça, na primeira vez que você bloqueava ele funcionava normalmente. O erro/bug/travada só ocorria a partir da segunda utilização do light-locker. Consegui resolver no Debian, no Arch ainda não encontrei uma solução definitiva. E, obviamente, já testei a solução do Debian no Arch, mas o pacote do Arch é uma versão bem mais recente que o do Debian e, provavelmente, é por isso que a solução não funcionou. Por outro lado, tive esse problema (e vi vários relatos na internet também) logo que fiz a mudança do Debian 9 (Strech) para o Debian 10 (Buster). Resolvi criando um arquivo na pasta /etc/X11/xorg.conf.d. Ou seja, o mesmo problema ocorreu nas duas distros, porém com um tempo razoável entre as duas. A solução encontrei no bugs.debian.org, li vários relatos do bug e um deles mencionava essa solução, tentei e resolveu meu problema.

No uso do dia a dia não vejo praticamente nenhuma diferença entre as duas distribuições, apenas na quantidade de atualizações e, um pouco, na “velocidade” dos dois gerenciadores de pacotes (falarei disso no próximo parágrafo). Outra coisa, o Arch usa a última versão stable do kernel, logo eu tenho atualizações bastante frequentes (acredito que toda semana, praticamente) das versões do kernel, atualmente estou com a 5.3.12 instalada. Confesso que isso está me dando um pouco de preguiça. Estou pensando em instalar uma versão LTS. Não sei ainda, estou resolvendo que ou fazer.

Não entrarei na discussão se algum gerenciador de pacotes é melhor que o outro, cada um utiliza o que se adapta e gosta mais. Porém, para quem tem preocupação com velocidade na hora de instalar pacotes, não que o apt não seja rápido, o pacman tem uma ligeira vantagem. Ele é bem rápido na hora de instalar e remover os pacotes. Por outro lado, antes da instalação ele (pacman) mostra um nome genérico do pacote, já o apt mostra tudo o que vem no conjunto, por assim dizer. O que quero dizer é que em relação ao que é instalado no pc, acho (MINHA OPINIÃO) o apt mais fácil de visualizar que o pacman, Porém, isso é apenas questão de gosto e não influência em nada o uso de ambos os gerenciadores de pacotes. Em relação a atualização dos repositórios, isso vária de acordo com sua internet, o mirror que está usando etc. A diferença real é apenas a quantidade de atualizações. No Arch é raro você usar um “# pacman -Syyu ou # pacman -Syu” e ele não exibir nenhuma atualização. Quando dei uma desanimada do Arch, fiquei uns 18 dias sem subir o Arch, no dia que dei boot por ele, tinha “apenas” 1.2 gb de atualização.

Em relação a utilização dos gerenciadores de pacotes, isso também varia de acordo com a adaptação e gosto de cada um. O apt tem os comandos mais compridos, por exemplo, para atualização os repositórios “# apt update”, para instalar um pacote “# apt install nome_do_pacote”, para procurar um pacote “apt search nome_do_pacote” etc. o Arch tem os comandos mais “simplificados”. O pacman usa apenas uma ou um conjunto pequeno de letras, para atualizar os repositórios “# pacman - Syyu ou pacman -Syu”, para instalar um pacote “# pacman -S nome_do_pacote”, para procurar um pacote “pacman -Ss nome_do_pacote” etc. Enquanto os comandos do apt mostram, no nome mesmo, de cada comando, o que eles fazem. O Arch traz a praticidade de poucas letras e rapidez. Novamente, isso é apenas questão de gosto. Um ponto positivo para os dois gerenciadores, se ler os manuais (man apt ou man pacman) no terminal, ambos são simples e claros de se entender. Claro, se você possuir paciência e vontade de entender, as primeiras vezes que li, entendia mais ou primeiros comandos, que são mais simples. Com o tempo a gente vai entendendo e vendo a vantagem de ler os manuais. O apt tem um material, literalmente, gigantesco na internet. Já o Arch tem, para mim, disparada a melhor wiki que se tem disponível para linux. Sempre recorro a ela, usando ou não o Arch. É impressionante a qualidade daquela wiki. Infelizmente, para quem tem dificuldades com o inglês, fica limitado. Porque os artigos mais atualizados estão todas em inglês (o google tradutor pode ajudar bastante nessa tarefa). Sempre recomendo sua leitura, independente da distro que você utilize.

Em relação aos problemas que tive. O primeiro, não é necessariamente um problema. Não consigo usar o virtual box ao mesmo tempo nas duas distribuições. Na verdade, consigo. Só que, por motivos óbvios, tenho que criar a máquina virtual no Debian primeiro e não no Arch. Isso ocorre por um motivo simples, as versões que tenho nas duas distribuições são diferentes e uma versão mais antiga, logicamente, terá dificuldades para ler um arquivo criada em uma mais recente. Não sei o motivo é só esse porque, em tese, o formato da máquina virtual é o mesmo. Se alguém souber o que pode ser, avise ai por favor.

Desde a instalação, logo que saiu o Debian 10, só tive um único problema, o light-locker estava travando e impossibilitando o desbloqueio da tela. Só conseguia voltar ao desktop entrando no modo texto, logando com meu usuário e matando o processo com um sudo killall light-locker. Resolvi pesquisando na página de reportar bugs do Debian (bugs.debian.org).

Curiosamente, alguns meses após instalar o Debian 10 e instalar em dual boot o Arch, o primeiro problema que tive foi, justamente, esse com o light-locker. Porém, ainda consegui uma solução definitiva. Já tentei a mesma solução do Debian, tentei fazer um downgrade no pacote e nada. A solução temporária que estou utilizando é mandar o gerenciador do Xfce apenas apagar a tela e não bloquear.

Outro problema que ocorreu no Arch foi com o Smplayer. Uma atualização do player deixou ele meio inutilizável. Eu conseguia exigir os vídeos. Mas as funções de play, pause, mudança de volume etc. não funcionavam. Ele reproduzia os vídeos, mas era como se as funções do player ficassem congeladas, impossíveis de acessar. Resolvi de forma fácil. Fiz um downgrade do pacote e, na atualização seguinte, o problema havia sido resolvido.

Conclusão

Ambas as distros são muitos boas, rápidas e supriram muito bem minhas necessidades. Porém, por uma questão de gosto, ainda prefiro o Debian. Mas, confesso, essa experiência me deixou muito com vontade de não deletar o Arch do note. Acho que vou ficar com essa experiência constante, essa relação interessante entre “sempre novidade” e “sempre estabilidade”. Não que o Arch não seja estável, os problemas que tive não afetaram gravemente o uso do sistema e foram, ao meu entendimento, fáceis de resolver. Fáceis pensando ema alguém que se interessa pelo Arch e entende que essas eventuais intervenções manuais podem ser necessárias por parte do usuário. Por fim, não acho o Arch uma distro difícil como muita gente fala. Só acho que é uma distro para quem gosta de ler e tem interesse maior pelo sistema. O que, de forma alguma, é demérito para a distribuição. Ao contrário, acho até um ponto positivo. Como já disse, a wiki do Arch é fantástica, sempre aprendo alguma coisa interessante por lá.

Enfim, por enquanto é isso. Vou atualizando o tópico quando achar que tenho alguma informação interessante para acrescentar. Ou, então, enquanto conseguir manter o Arch em dual boot, porque o tanto de atualização que tem as vezes, como já disse, me dá um pouco de preguiça hahhahahahahahhahaha Mas, devo confessar que, depois desses meses, até que estou me acostumando a essas atualizações todas. Não atualizo todo dia. Mas, costumo conferir as atualizações a cada dois dias e, obviamente, elas estão lá. Em alguns dias, uns poucos megabytes, outros umas boas centenas deles hahhahahaha

P.S: hoje atualizei o Arch e o problema do light-locker foi resolvido. Não sei o dia certo que saiu a atualização, porque já tinha uns 3 ou 4 dias que não atualizada o sistema.

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Costumo não ler quando começa assim, nem é por preguiça, mas por autoclassificação do próprio autor.

Mas, como tá bem formatado, vou correr o risco.

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kkkkkkkkk é porque hoje em dia o povo tem muita preguiça. Então, se não for ler tudo, já aviso que é para ir parando, para não ler apenas pedaços e tirar conclusões precipitadas.

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Olha, eu usei o Arch uns 6 meses, há uns 5 anos atrás, se não me falha a memória, pra ser sincero, não vi nada nele que me fizesse optar por usar em definitivo.

Desde sempre uso a base Debian, mas na maior parte do tempo tô no Ubuntu e seus derivados.

Uma observação, recomendo que vc deixe o título já no formato final, porque depois de alguns dias o site proíbe edição no post, eu fiz a burrice de achar que poderia editar sempre e fiquei com um poste escrito “Atualizado 19-04”.

Cara que show, já tentei usar o Arch também e sinceramente não vi nada nele que me fizesse ficar por lá

Belo tópico, eu gosto bastante no arch, já tentei utilizar o debian, mas por motivos de demora para atualizações isso me desanimava.

Eita, serio? Não sabia disso. Então vou acabar abandonando o tópico. Queria deixar um tópico grande e com exemplos, para tentar ajudar o pessoal. Porém, estou sem tempo para continuar a escrever. Como deve ter dado para perceber, acabo escrevendo muito hahhahahahaha

Ia adicionar mais algumas coisas interessantes. As vezes, se falar com alguém da moderação ou com o @Dio eles deixam editar depois.

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Boa sorte para vc, eu bem que tentei, pedi várias vezes, reclamei, e nada, só não abandonei o tópico porque as pessoas as vezes ainda fazem perguntas, e nesse momento ele está com mais 1.1k de visualizações, eu adoraria poder alterá-lo e atualizar as coisas por lá.

Os moderadores podem editar o tópico, independentemente do tempo. Caso queira, pode me avisar que modifico para ti. Isso vale para todos, incluindo você @ving2004, é só me sinalizar.

Acredito que você possa ter pedido diretamente ao Dio, nesse caso, pode ser que ele ficou de ver e acabou passando despercebido depois, devido a volumetria de tarefas e projetos diários. Quando for assim, pode me marcar que assim que estiver disponível eu ajudo no que puder :wink:

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Gostei muito do relato! Não sei se mais usuários Arch irão aparecer por aqui, mas gostaria de deixar uma dúvida. Eu gosto muito do Manjaro e tenho me interessado mais pelo desktop GNOME, apesar de gostar do Plasma.

Será que o GNOME é “melhor” no Arch ou no Manjaro e se, por exemplo, as atualizações do GNOME chegam antes no Arch? (porque até agora o GNOME 40 não chegou no Manjaro stable).

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O Gnome no Arch é, como as demais DE, “puro”, sem modificações, cabendo ao usuário configurá-lo ao seu gosto. No Manjaro, ele vem bastante mexido, como configurações pré-prontas (acessíveis pelo app Layouts, semelhante ao Zorin OS Core - por dá pra mexer em várias coisas, como ativar o Wayland)

Além disso, ele traz várias extensões já instaladas, como a conhecida Dash-to-Dock. Essa é uma das razões da demora do Gnome-shell 40 nele - estão portando tudo e repassando os erros pelos 2 repos que eles mantém antes de chegar ao estável. Por isso o “atraso”.

PS: Falam que o Manjaro é atulhado. Na versão Gnome eu não acho, basta ver a ISO em live que vem bem pouca coisa. Mas ainda há a opção de baixar a minimal e ir mexendo ao seu gosto

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Valeu. Nem lembrava mais desse tópico. Fui reler, o texto tá cheio de erros. Acho que vou corrigir e acrescentar algumas coisas, para deixar mais clara a minha intenção com essa brincadeira.

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