Uma Explicação do que Aconteceu Comigo

Olá a todos da comunidade Diolinux.

Hoje eu estou vindo aqui para explicar para vocês o que aconteceu comigo nesse ano que deixou vocês sem mais notícias minhas do que o projeto do qual eu faço parte (o Ubuntu Unity) anda fazendo. O que eu irei colocar aqui agora se chama Carta Aberta para o Presente e o Futuro, um post que eu fiz pensado originalmente e diretamente para a comunidade Ubuntu e que depois de eu ter publicado ele hoje no Ubuntu Discourse, eu resolvi tomar a decisão de trazer ele aqui para que vocês o possam ler e entenderem o que de fato aconteceu:

Carta Aberta para o Presente e o Futuro

Esse tópico foi escrito e feito a partir de um celular antigo rodando o Android 6.0 - Marshmallow que eu consegui para uso temporário, até que eu consiga comprar um novo celular.

Olá a todos da comunidade Ubuntu.

Muitas coisas aconteceram e estão acontecendo nesse ano, posso dizer já de antemão que tudo isso têm sido muito complicado de se lidar. Com base nisso, hoje venho aqui ser direto ao ponto sobre a minha situação atual, o que irei tentar fazer no momento presente e um conjunto de intenções e propostas para o futuro que eu quero poder realizar quando toda esse panorama estiver em um momento favorável e estável.

# A MINHA SITUAÇÃO ATUAL

Como todos vocês sabem, eu precisei me afastar por conta que o meu antigo celular deixou de funcionar, junto do cancelamento do número que eu utilizava para acessar e logar no Telegram. Em meio a isso, eu não estava conseguindo resolver os problemas envolvendo a minha saúde física/mental e a minha vida real, o que fez com que eu ficasse alguns dias sem entrar na Internet, mesmo quando eu consegui o celular provisório que estou utilizando atualmente e acompanhasse muito de longe as notícias principais referentes ao Ubuntu e o mundo Linux. Fiquei doente, estou aguardando atualmente para passar no psiquiatra para tentar resolver os problemas referentes a minha saúde física e estou passando com a psicóloga, com o objetivo de poder resolver os problemas referentes a minha saúde mental. Também estou tentando procurar o primeiro emprego para começar a juntar dinheiro para comprar um novo notebook. É uma tarefa difícil manter a mente e o corpo em sincronia por conta de tudo o que aconteceu, a única coisa que eu posso ter certeza de dizer a vocês é: eu estou tentando ser forte e fazendo o meu máximo para que isso não desgaste mais a minha saúde como um todo, para que eu possa sair dessa situação recuperado e pronto para poder voltar em breve as atividades dentro da comunidade Ubuntu como um todo.

# COMO FICARÁ A QUESTÃO REFERENTE A TUDO O QUE ACONTECEU NO TELEGRAM

Nesse meio-tempo que passou, eu pude refletir muito as minhas ações, atitudes e o que eu estava fazendo referente as ideias e propostas que eu tinha e que queria fazer com outros membros. Da mesma forma como aceitei e reconheci as minhas falhas em torno de um evento, eu também reconheço que falhei em apresentar ideias e propostas melhor estruturadas, de modo que elas se tornassem mais viáveis e atrativas para a comunidade Ubuntu em geral. Eu vejo que muitas pessoas em redes sociais preferem expor situações de sucesso consecutivo e muitas vezes não admitem que erram e que também não estão 100% certas: eu me sinto assim. Eu não sou nenhum dono da verdade, tento escutar e melhorar para poder aprimorar o que eu já sei fazer e ver as críticas como feedback que possa ou não agregar a minha vida e ao meu desempenho dentro da comunidade Ubuntu em geral. Passei por momentos de perrengue em certas ocasiões, mas reconheço agora tudo isso como parte de um processo que vai me ajudar a lidar com o mundo ao meu redor futuramente.

# A MINHA DECISÃO SOBRE A QUESTÃO DA MINHA RELAÇÃO COM A COMUNIDADE UBUNTU PORTUGAL

Como todos vocês sabem, eu sou brasileiro e assim como em os outros países que possuem uma língua materna e franca, eu falo português. Quando eu falei aqui sobre o fato de eu não ter tido nos últimos meses a percepção de que eu tinha alguma importância dentro da comunidade Ubuntu Portugal, esse foi um tema que me deixou nesses meses que passaram uma questão pendente, na qual busquei respostas tanto na Internet quanto com a psicóloga que eu passo e bem, eu acredito que seja uma boa hora para poder falar abertamente sobre a minha relação na Internet com essa questão. Eu nunca tive e não tenho preconceito com ninguém, seja de nacionalidade, raça, gênero ou quaisquer tipos de coisas que são usadas na Internet para atacar, dividir e segregar ainda mais as pessoas. O que eu penso em relação a tudo isso é o fato de que a xenofobia existe vinda de ambos os lados, e é algo que é mais evidenciado quando se fala sobre questões como o sotaque, o estilo de vida, a preferência por conteúdo dublado (Brasil) versus conteúdo legendado (Portugal), entre vários outros gostos e preferências. O ponto principal referente ao que eu irei reforçar aqui é: existe muita falta de diálogo entre ambos, é algo que não se resolve da noite para o dia e envolve um conjunto de atitudes que necessitam se mostrar sendo recíprocas para que ambos os lados possam conversar sobre, debater e resolver questões pendentes referentes ao passado e ao presente. Eu sempre achei o sotaque português de Lisboa um sotaque muito bonito, tanto de se escutar como também de se ouvir, mesmo que seja falado um pouco mais rápido do que eu falo estando no outro lado do mundo. Eu não tenho nada contra eles e isso que aconteceu também me permitiu abrir os olhos para o fato de que, existirão sempre pessoas boas e ruins em cada lugar, o que eu posso fazer é buscar pelas pessoas boas e a partir delas construir pequenos laços de cooperação, sem pensar tanto no que irá dar e mais pensando como uma ajuda recíproca no momento atual que vivemos. Com base nisso, eu decidi que quando eu voltar, eu realmente só focarei nos meus projetos paralelos e no Ubuntu Unity em Português irei tentar ajudar de forma igual a todo mundo que entrar e ingressar nele. Irei deixar a comunidade portuguesa em paz, se as coisas não foram para ser, irei respeitar isso.

# O MEU PONTO DE VISTA SOBRE O GNOME E A COMUNIDADE GNOME BRASIL

Eu demorei muito tempo para aceitar o fato do Ubuntu ter adotado o GNOME Shell como interface gráfica padrão em 2017, em meio a esse processo eu resolvi deixar a minha amargura de lado e tentar me aproximar da comunidade local brasileira do projeto. Eu pude ver e constatar que o Ubuntu gera discórdia e debates acalorados que giram em torno do que aconteceu com o Ubuntu na mudança do GNOME Shell para o Unity em 2011. Muitos desses debates colocam o Ubuntu como uma distro que fugiu de tudo o que a comunidade GNOME esperava que ele fosse ser, o que faz com que exista uma exaltação e admiração constante em torno do Fedora, OpenSUSE, Debian e outras distros que usam o GNOME Shell e os aplicativos GNOME da forma como eles são feitos nativamente. Desde já, eu afirmo que a interface GNOME Shell é muito bonita e os aplicativos do projeto GNOME em si são aplicativos muito bons e diretos nas funções que buscam entregar para os usuários, isso faz com que tanto a interface quanto os aplicativos tenham milhares de fãs pelo mundo. Entretanto, a falta de tolerância, respeito a existência e a de usuários que usam outras interfaces gráficas acabam por diminuir o brilho que o projeto possui e gera mais debates nas redes sociais sobre a forma de como o desenvolvimento é conduzido. O mundo Linux é um mundo plural, um mundo em que os usuários possuem a liberdade de escolha e diversas opções para fazer uma ou mais coisas. Achar que centralizando os esforços de desenvolvimento em um só projeto vai resolver as coisas, só irá gerar mais controvérsias e atingir diretamente a essência da liberdade de escolha que o Linux representa para todos, desde quem usa distros focadas no usuário final como o Ubuntu até distros mais complexas como o Gentoo e o FreeBSD. Eu aceitei o Ubuntu do jeito que ele é, mas essa aceitação não significa que irei agarrar ele e deixar de participar do projeto que eu mais gosto, que é o Ubuntu Unity. Quando você respeita e aceita a liberdade de escolha e a existência das interfaces gráficas diversas, você se permite abrir para visões diferentes de como cada pessoa prefere organizar o seu dispositivo, de quais ferramentas essa pessoa irá utilizar no dia a dia e dar a opção de essa mesma pessoa querer testar aplicativos novos, abrindo assim a oportunidade de melhorias constantes e impulsionando a inovação. Eu gostaria de ver futuramente uma maior empatia e esforço de aceitação da comunidade GNOME Brasil e da comunidade global do GNOME em relação a esse tema específico, pois iria eliminar uma boa parte da toxicidade existente nos grupos e fóruns de Linux afora sobre essa questão.

# UM PEQUENO REFORÇO PARA O ULYSSES

O Ulysses é um coala que eu criei para ser o mascote oficial do Ubuntu Unity. O objetivo principal do Ulysses é transmitir a mensagem de acolhimento, reciprocidade e companheirismo que o Ubuntu Unity procura trazer aos membros que chegam vindos de outros sabores oficiais, da própria versão principal do Ubuntu em si e de outras distros do mundo Linux. Algumas coisas sobre o Ulysses que eu gostaria de contar a vocês são:

1 → Ele originalmente seria quadrilíngue (falaria em inglês, espanhol, francês e português), mas com o fracasso do Ubuntu Unity LA, ele atualmente é bilíngue (fala inglês e português).

2 → O principal motivo pelo qual ele foi batizado com o nome que possui é que a minha irmã da vida real escolheu o nome enquanto eu o criava. Ela considera o nome um dos mais bonitos e que mais combinam, principalmente por ser com a letra U.

3 → Atualmente ele vive no Brasil, juntamente com o Sorriso Feliz.

4 → As cores preferidas dele são o azul-escuro, o roxo e o verde.

5 → As coisas que o deixam mais feliz são o diálogo recíproco, a esperança de dias melhores e a amizade verdadeira.

Atualmente eu ando vendo se futuramente eu deva tentar ou não trazer novas imagens para ele, tendo em vista o grande significado que ele possa representar para o Ubuntu Unity como um todo. Se caso isso não se tornar possível, eu irei ver outras formas de como inserir ele nos posts especiais de ano e nos de divulgação do projeto aqui na Internet.

# O UBUNTU UNITY EM PORTUGUÊS

Para quem segue ou não a conta do Ubuntu Unity em Português no Twitter e o grupo local no Telegram, eu tenho duas coisas para dizer sobre eles:

  • A 1ª é que a conta do Telegram que eu utilizava foi deletada e eu não detenho mais o controle do grupo local. No caso de eu futuramente retornar ao projeto, eu irei tentar ver com a equipe do Telegram essa questão para poder recuperar de volta a administração e gerenciamento dele, de forma que eu possa realizar as atualizações necessárias e recrutar uma pequena equipe que ajude com o suporte local e na manutenção da atividade dele.
  • A 2ª é que a conta do Twitter foi congelada e pausada, com a thread de pequenos posts com os diálogos do Ulysses explicando a situação. A conta voltará as atividades assim que eu retornar de forma definitiva futuramente. Até lá, eu irei tentar fazer algumas manutenções mensais, de modo que ela fique próxima e reajustada com a conta principal em inglês do projeto.

Alguns dos planos em mente para o Ubuntu Unity em Português são:

→ Política E&R (Empatia e Reciprocidade): Prestação de suporte comunitário priorizando o Ubuntu Unity e no caso de membros da comunidade que usem a versão principal e outros sabores oficiais, fazer o redirecionamento adequado para cada grupo específico de suporte. Junto com essa ação, construir uma comunidade local saudável, onde o consenso e o diálogo possam se manter abertos para que cada um possa ajudar com o conhecimento que tiver do problema/questão.

→ Estabelecer pontes de diálogo com outras comunidades locais do Ubuntu e de outras distros Linux, visando resolver problemas comuns e fortalecer o papel da comunidade local na prestação de suporte e os laços dela com seus membros integrantes.

→ Estabelecer um diálogo aberto sobre questões referentes ao equilíbrio entre o uso de tecnologias digitais no dia a dia e a vivência da vida real.

→ Reprojetar a conta do Twitter para que seja menos técnica e mais pragmática/direta na apresentação de novidades, atividades desempenhadas pelo projeto/comunidade local e mais próxima dos internautas, entusiastas e seguidores.

→ Realizar um podcast de 1 hora com 12 episódios por ano (1 episódio por cada mês), com o objetivo de utilizar o pioneirismo proporcionado pelo Ubuntu Podcast para a construção de um podcast local e alternativo, que as pessoas possam se sentir em casa e estarem conectadas com tudo o que acontece ao longo do mês, proporcionando mais informação de qualidade e discussão sobre temas importantes de interesse tanto da comunidade local, como também da comunidade Ubuntu e Linux em geral.

→ Buscar dar livre arbítrio a criadores de conteúdo, onde os feedbacks que deixarem possam ser recolhidos e repassados para os outros membros da equipe principal do projeto.

→ Disponibilizar o pacote oficial de logotipos oficiais do projeto para que criadores de conteúdo possam usá-lo, de forma que o logotipo atual possa estar em conformidade com o uso correto e representativo.

→ Desenvolver e oferecer mecanismos rápidos para a coleta de feedback dos membros da comunidade local (erros encontrados, bugs detectados, comportamento estranho, entre outros).

# A NOSSA EQUIPE E NOSSOS AMIGOS DA COMUNIDADE

Rudra, Maik, Tobiyo, vocês 3 me ensinaram muitas coisas até agora. Por mais que eu tenha uma forma muito diferente de enxergar a vida e como ando lidando com ela, eu não irei negar que nas horas mais difíceis onde eu achei que tudo estava perdido, vocês 3 me apoiaram e me deram ao longo dessa trajetória até agora, a segurança de eu poder ser eu mesmo e poder tentar construir um pouco de auto-confiança para poder conversar com outros membros da comunidade Ubuntu para discutir minhas ideias e propostas de melhorias para o âmbito do Ubuntu em geral. Dizer a palavra “Muito Obrigado” ou “Grato” seria insuficiente para descrever o quanto eu sou muito agradecido por poder contar com vocês. Eu espero poder retornar futuramente de cabeça erguida e pronto para ajudar vocês no que estiver ao meu alcance, para juntos conseguirmos levar o Ubuntu Unity a mais pessoas.

Mônica, Chris, Rick, Neff, Kai, Amy, Joshua e Arun. Vocês são pessoas que possuem uma identidade forte e uma grande determinação em ajudar o próximo dentro da comunidade. Em algum momento vocês mostraram que independentemente do que fosse, ser você mesmo e ser sincero é algo que está mais além do que muitos conseguem enxergar. É lutar pelo que se mais ama e ir a fundo no que mais gosta de fazer para poder ser feliz. Também sou muito agradecido por contar com vocês e eu espero poder futuramente ter essa grande força e determinação que vocês têm para encarar quaisquer tipos de situação dentro e fora da comunidade.

Muq, independentemente de qual projeto estiver, espero que você tenha muito sucesso e que suas contribuições para a comunidade Ubuntu e Linux como um todo possam ser reconhecidas por mais pessoas.

# UMA PERSPECTIVA DE FUTURO

Em meio a uma onda de muitas pessoas que querem viver somente no espaço virtual e deixar de viver a vida real, eu quero que o meu futuro seja de equilíbrio entre as coisas mais simples e as coisas mais complexas, para que nada desande. De nada adianta achar que o ambiente virtual é o futuro, se cada dia mais a Internet se torna cada vez mais um reduto para pessoas com quaisquer tipos de preconceito (LGBTfobia, xenofobia, racismo, entre outros) e achar que ela será perfeita como um conto de fadas, onde as coisas se resolvem com uma varinha de condão. A vida real também é importante, porquê sem ela, a gente não existe como pessoas e é importante valorizá-la para que possamos sempre estarmos dispostos a cada dia que chega, superar cada novo desafio e obstáculo que aparece na nossa frente. A Internet não substitui a vida real e por meio da minha participação na comunidade Ubuntu e no Ubuntu Unity, farei todos os esforços possíveis que estiverem ao meu alcance para que as pessoas possam se dar uma chance de ter momentos longe da Internet e mais conectadas com a natureza e o mundo a sua volta. É possível sim equilibrar tecnologia e vida real, é apenas uma questão de querer isso, para que ambos estejam em perfeita harmonia sem um interferir no outro. Eu quero construir uma vida estável, com equilíbrio, em um mundo que possa ter mais empatia com o próximo e sejamos apenas nós mesmos, buscando trazer mais soluções/cooperação e menos brigas/confusões. Que o diálogo aberto possa vencer quaisquer tipos de barreiras que impeçam as pessoas de serem felizes e encontrarem a sua felicidade e motivação nesse mundo.

Obrigado por lerem até o final e espero estar de volta quando tudo isso se resolver, do Brasil, um muito obrigado e até em breve.

Allan (Alera).

Bem pessoal, esse é o post que deixei hoje lá e que eu senti como necessário trazer ele até aqui também, porquê o Diolinux Plus é o único fórum de Linux de língua portuguesa que eu frequento e onde eu converso de uma forma mais direta com toda a comunidade local open-source brasileira sobre o projeto que faço parte e onde eu possa estar futuramente compartilhando algumas das minhas conquistas dentro da comunidade Ubuntu em geral. Eu espero muito de verdade que tudo possa se resolver para que eu possa voltar a ativa no projeto e deixar vocês por dentro de tudo o que está sendo feito.

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