Existe um histórico de descontentamento por parte dos desenvolvedores do Mint/LMDE com relação às decisões da Canonical. Se migrar totalmente para a base Debian fosse interessante, tenho certeza que já teriam feito.
Debian foi a distro que mais usei até hoje (e por uma boa margem). Eu acabo testando outras aqui e ali, mas sempre retorno. Ao longo do tempo, fui elaborando e aprimorando uma maneira própria de instalar e configurar. Atualmente, eu inicio com uma base completamente limpa e sem interface gráfica para, então, ir adicionando só o que desejo.
Por mais que eu adore a distro, ela realmente possui particularidades que podem dificultar o uso ou torná-lo menos atrativo. Um dos principais pontos realmente é a idade dos pacotes: eu instalo o Debian Stable do jeito que descrevi acima porque só estou interessado na base dele. A partir daí, trabalho puramente com Flatpaks (salvo raríssimas exceções).
Quando estamos próximos do lançamento do Debian Stable, os pacotes (e drivers) são relativamente atualizados. Contudo, ao longo do tempo, podem realmente ficar bem obsoletos. Na minha opinião, o Debian Stable se torna interessante para computadores domésticos apenas se for tratado, de certa forma, como sistema “imutável” para rodar Flatpaks, Snaps e AppImages por cima (vale ressaltar que versões bem atuais do MESA são inclusive incluídas nos Flatpaks, resolvendo mais um problema).
Somado a isso, há toda a discussão sobre recursos que facilitam a vida. Para instalar o driver da Nvidia, por exemplo, o Debian exige o uso do terminal (e a ativação dos repositórios de softwares proprietários, caso não tenham sido ativados durante a formatação), além de demandar que o usuário tenha algum conhecimento sobre o próprio hardware e a compatibilidade com o que está sendo instalado. Sem ler a wiki, um usuário pode ficar perdido nesse ponto. E novas versões do driver da Nvidia tendem a ser oferecidas bem lentamente (mesmo no ramo Unstable), embora atualizações de rotina venham em ritmo adequado.
O Debian evoluiu muito e está melhor do que nunca. A edição 12 é fantástica e resolveu problemas pendentes. Contudo, ainda me parece uma distro mais adequada a usos específicos, que exigiria bastante retrabalho para servir de base ao Linux Mint. Pegar o que o Ubuntu oferece e trabalhar por cima é bem mais atrativo diante da limitada equipe do Mint.
Eu não descarto a possibilidade dessa migração total ocorrer no futuro (tudo depende dos rumos que o Debian seguirá, de como a adoção de Flatpaks evoluirá e da pressão das decisões polêmicas da Canonical), mas não me parece que tendem a seguir esse caminho a curto prazo. O LMDE permanece como “laboratório”.