A openELA publicou o código-fonte “genérico” ao do RHEL, para qualquer pessoa que queira criar uma versão “próxima” desse sistema operacional.
Em outras palavras, a OpenELA está permitindo que as pessoas compilem o “seu” RHEL 9.5 por conta própria, personalizando-o conforme suas necessidades.
A Red Hat, apesar de não concordar com a atitude da OpenELA, provavelmente não tomará medidas legais. A razão? A GPL exige que o código seja compartilhado.
Se dificultar o acesso ao código-fonte, a empresa pode ser obrigada a mudar para outra base, prejudicando seus negócios.
De acordo com Wim Coekaerts, vice da Oracle e um dos fundadores da OpenELA, essa automação simplifica a criação de distribuições Linux, oferecendo aos interessados a certeza de que “o código é entregue por uma fonte confiável e segura”.
O que é a OpenELA?
A OpenELA (Open Enterprise Linux Association) é uma associação sem fins lucrativos formada por empresas líderes no setor de Linux empresarial: CIQ, SUSE e Oracle.
Seu objetivo principal é garantir a longevidade e a estabilidade do ecossistema Linux empresarial, fornecendo uma base de código aberto confiável e acessível a todos.
O que garante a longevidade e a estabilidade do ecossistema Linux que existe em torno do RHEL, contornando o acesso restrito que a Red Hat colocou em torno do seu código fonte.
Embora a Oracle seja mais conhecida por seus softwares empresariais, a empresa também atua no mercado de sistemas operacionais Linux com o Oracle Linux, lançado em 2006.
Essa distribuição compartilha muitas similaridades com o Red Hat Enterprise Linux (RHEL), oferecendo também um kernel Linux desenvolvido pela própria Oracle.
A SUSE, outra grande empresa do setor, possui diversos produtos baseados no RHEL, porém seu sistema operacional principal, o SUSE Enterprise Linux, não se baseia diretamente no RHEL.
Ambas as empresas, Oracle e SUSE, utilizam a OpenELA (Enterprise Linux Association) como ponto de referência para o desenvolvimento de seus produtos baseados em RHEL.
A CIQ foi a fundadora do Rocky Linux, um sistema operacional open source muito similar ao Red Hat Enterprise Linux (RHEL).
Além da versão comunitária, a CIQ oferece o RLC, uma distribuição comercial do Rocky Linux com suporte técnico adicional para empresas e que não depende da OpenELA.
A Restrição ao código-fonte do RHEL
A Red Hat restringiu o acesso ao código-fonte do RHEL ao tornar disponível apenas para assinantes do serviço. Ou seja, é necessário adquirir uma assinatura da Red Hat.
O que impactou a existência do próprio CentOS (Community Enterprise Operating System), distro Linux gratuita mantida por voluntários, embora a Red Hat tivesse uma forte influência no projeto.
Com esse foco em mente, lançou o CentOS Stream, uma nova plataforma de desenvolvimento mais alinhada com desenvolvimento do RHEL, possibilitando uma melhor integração entre as duas plataformas.
Com isso, a Red Hat buscou proteger seu modelo de negócio baseado em assinaturas, incentivando os usuários a adotarem o RHEL ou o CentOS Stream.
E de onde vem o código fonte do RHEL?
As mudanças na política da Red Hat sobre a distribuição do código fonte obrigaram a OpenELA a encontrar novas formas de acessá-lo e utilizá-lo.
Uma grande parte do código é baseada em projetos open source que são amplamente disponíveis. A comunidade Linux contribui ativamente para esses projetos, e a OpenELA pode distribuí-los.
O que a openELA divulga sobre a origem do código fonte do RHEL é “um processo automatizado para disponibilizar novas fontes Linux corporativas poucos dias após cada lançamento de novas versões do Red Hat Enterprise Linux (RHEL)”…
E o Fedora?
O Fedora e o CentOS Stream são distribuições Linux que compartilham uma mesma origem: o Red Hat Enterprise Linux (RHEL).
No entanto, cada uma possui um papel específico no ciclo de desenvolvimento do RHEL e oferece características distintas.
Fedora é a distribuição mais recente e experimental das duas. Recebe atualizações frequentes com as últimas tecnologias e ferramentas, tornando-a ideal para desenvolvedores e usuários que buscam os recursos mais novos.
CentOS Stream atua como um ponto intermediário entre o Fedora e o RHEL. Ele recebe atualizações contínuas, mas de forma mais estável do que o Fedora. É uma ótima opção para testar novas funcionalidades antes de serem lançadas no RHEL.
Ambos compartilham grande parte do mesmo código-fonte, com o Fedora sendo a fonte de muitas das inovações que posteriormente são incorporadas ao CentOS Stream.
O Fedora serve como um ambiente de teste para novas tecnologias, atraindo desenvolvedores e usuários que buscam as últimas novidades.
Conclusão
A verdade é que as distros existentes hoje são “parecidas” com o RHEL mas não derivam de uma cópia direta dele, nem do pronto acesso ao código fonte.
Os projetos existentes andam por veredas próprias, dispersando esforços que podetiam dar melhores resultados convergindo para um mesmo objetivo.
Impossível saber até onde irá essa “compatibilidade” com o REHL e se outra mudança botará uma pá de cal nos trabalhos da openELA, SUSE, CIQ, ORACLE et alii.
A mudança de postura da Red Hat levanta questões importantes sobre o futuro destas distribuições Linux no médio e longo prazos e o seus papéis no ecossistema de software livre.
É preciso refletir sobre os impactos dessa decisão e sobre a necessidade de modelos de negócio que conciliem os interesses comerciais com os princípios do código aberto.
A comunidade Linux, por sua vez, deve continuar buscando formas de garantir a acessibilidade e a liberdade de desenvolvimento, mesmo diante de desafios como este.
Fonte: links no texto