O Wayland: Revolucionando o Desktop Linux ou apenas mais uma tentativa?

Vamos dar uma olhada na história recente: a Canonical, a empresa por trás do Ubuntu, apresentou sua própria solução de exibição chamada Mir, que também visava superar as limitações do X11. No entanto, com a adoção crescente do Wayland pela comunidade Linux, a Canonical acabou voltando sua atenção para o suporte ao Wayland em vez de investir em seu próprio protocolo. Isso não só fortaleceu a posição do Wayland como o protocolo dominante, mas também destacou a importância da colaboração e padronização no ecossistema do desktop Linux.

Seria o Wayland uma decisão uniforme?

Então, como tudo isso pode contribuir para o futuro do desktop Linux? Com o Wayland, podemos esperar um ambiente de trabalho mais eficiente, responsivo e visualmente atraente. As melhorias na arquitetura e no desempenho podem trazer benefícios tangíveis para os usuários, proporcionando uma experiência mais fluida e livre de problemas.

Além disso, a adoção do Wayland pode incentivar os desenvolvedores a atualizar e modernizar seus aplicativos, aproveitando todo o potencial oferecido pelo novo protocolo. Isso pode abrir caminho para uma gama mais ampla de aplicativos e jogos de alta qualidade no ecossistema Linux, tornando-o ainda mais atraente para os usuários convencionais e impulsionando sua adoção geral.

No entanto, nem tudo são flores. A transição para o Wayland não é fácil e ainda enfrenta desafios significativos. A compatibilidade com aplicativos legados e drivers de hardware é um obstáculo que precisa ser superado para garantir uma transição suave e sem perdas para os usuários. Além disso, a padronização e a colaboração contínuas entre as distribuições Linux são essenciais para evitar fragmentação e garantir uma experiência consistente em todos os ambientes de desktop.

Agora é a sua vez de entrar nessa discussão acalorada! O Wayland é realmente a resposta para os problemas enfrentados pelo desktop Linux ou estamos apenas vendo mais uma tentativa? Compartilhe suas opiniões, experiências e perspectivas nos comentários abaixo. Vamos debater! :speech_balloon::computer::penguin:

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Antes do X11, o sistema gráfico mais comumente usado em sistemas Unix era o sistema de exibição baseado em texto chamado “W window system”. O W window system foi desenvolvido na Universidade de Stanford por David A. Moon, entre outros, na década de 1980.

O X11 foi iniciado no MIT em 1984. O X11 foi projetado para ser uma evolução do W window system, trazendo uma arquitetura cliente-servidor mais avançada, recursos de rede aprimorados e suporte a recursos gráficos mais avançados. Essas melhorias permitiram que os aplicativos gráficos fossem executados em servidores remotos e exibidos em estações de trabalho locais, oferecendo uma experiência de usuário mais rica e flexível.

Os problemas que o Wayland promete corrigir:

Complexidade e sobrecarga de código:

O X11 foi desenvolvido ao longo de décadas e, ao longo do tempo, acumulou uma quantidade significativa de complexidade em sua arquitetura. Isso torna o código difícil de entender, manter e evoluir. A complexidade também contribui para uma maior probabilidade de bugs e vulnerabilidades de segurança.

Desempenho e eficiência:

O X11 introduz uma sobrecarga considerável de comunicação entre os aplicativos e o servidor gráfico. Cada ação do aplicativo precisa passar pelo servidor X antes de ser exibida na tela, o que pode resultar em atrasos perceptíveis e falta de fluidez em determinadas situações.

Segurança:

No X11, todos os aplicativos têm acesso ao conteúdo de todas as janelas exibidas. Isso pode ser um problema de segurança, pois um aplicativo malicioso pode tentar capturar informações sensíveis de outros aplicativos ou manipular o conteúdo exibido nas janelas de outros aplicativos.

Composição e efeitos visuais:

O suporte a composição de janelas e efeitos visuais no X11 depende de extensões e complementos adicionais, como o Composite e o Compiz. Essas extensões podem não ser amplamente suportadas por todos os ambientes de desktop e podem levar a problemas de compatibilidade.

Gerenciamento de dispositivos de entrada:

O X11 não oferece um suporte nativo e consistente para dispositivos de entrada, como teclado, mouse e touchpad. Isso pode levar a uma experiência inconsistente entre aplicativos e ambientes de desktop.

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Olá, muito bacana todas as informações.

Só fiquei pensando no detalhe sobre a questão em que disse da Canonical parar de investir em seu próprio display server.

O MIR veio de 2013, numa proposta mais ampla e que ela revisou posteriormente com o avanço do Wayland. Mas hoje ele é um produto da Canonical bastante utilizado em IoT e serviços especializados de robótica, bem como para indústria de anúncios em soluções diversas para painéis, totens e etc. Possui suporte especializado e ativo para clientes. Pode ser usado por qq pessoa tbm se for o caso.
Na proposta do desktop ela recuou uma vez que se tinha outros motivos em sua história como empresa e estrategicamente pivotou seus custos de desenvolvimento para uma área forte e crescente.
Inclusive, mesma área de embedded, que vinga o Ubuntu Core deu a ela expectativa para realizar um movimento contrário que será a chegada futura de sua linha desktop imutável.

Mas, show, muito interessante os avanços e o Wayland tem muito a somar ainda para a experiência em desktops. Não acredito que será eterno, assim como o X11 não foi. Lá na frente maturação dará fork para um novo e mais coerente que atenda tecnologias mais novas tendo que remover coisas legadas, se fizermos analogia ao que ocorre atualmente. Ou até que venha a surgir um novo que supra um marco de mudança.

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Teríamos um debate fecundo nessas questões que você levantou. Porém o nosso objetivo nessa abordagem do tópico é Desktop.

Se formos para IoT teremos que evocar outras questões, mas aí é debate para um outro tópico.

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Eu não diria que o Wayland está revolucionando o desktop Linux, mas eu também não diria que ele é apenas uma tentativa. As melhorias que o Wayland trouxe não mudaram nossa forma de usar Linux e também não são facilmente percebidas por uma pessoa que não tem olhos treinados, mas ainda assim o Wayland é bem-vindo e inevitavelmente substituirá o X11.

O que é legal no Linux é isso. Você poder debater pontos de vistas. E através delas fazer escolhas.

eu não gosto de wayland… quando uso wayland parece que estou usando vesa. o x11 ainda é poderoso. mas nada contra o wayland ou outros projetos alternativos, quanto mais variedades melhor… só não pode é matar o x11.

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Bom texto!

Acho que o Wayland é um caminho, aliás, o único caminho que temos para seguir no momento. Se daqui a pouco algum gênio inventar outro esquema / protocolo para modernizar e satisfazer as necessidades tecnológicas que o Wayland não puder ou for muito difícil alcançar, novamente migraremos…

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Impressionante como muitos usuários nem ligam para esta questão, até ler um pouco e entender o calabouço de problemas de segurança que o X11 tem por design…

As limitações do X11 nessa área fez com que o desktop Linux se atrasasse muito. Vi uma entrevista de um dos fundadores do GNOME, falando que na época já sentiam as limitações para desenvolver um desktop como queriam por isso. Mas o Compiz era legal, até ele travar a interface, começar causar tearing (coisa que não precisa ter olhos treinados para perceber)

“ah mas isso nem me faz falta…” dizem as pessoas que não desenvolvem ambientes gráficos…

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Wayland tem basicamente 2 problemas:

  • Falta de áreas, basicamente no Wayland quem determina a posição da janela e área útil (área que janelas podem maximizar) é apenas o compositor, isso faz com que por design a arquitetura modular do Linux seja quebrada

  • É um parto implementar recursos de acessibilidade, todos os recursos são segregados a sua DE e isso é ruim

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O Wayland vai cometer o mesmo erro do DX12, tentam simplificar as coisas e deixar na mão dos desenvolvedores mas é justamente isso que vai deixar as coisas pouco práticas.

Pra comparar, o DX11 fazia muita coisa automática pré-pronta, que no DX12, o desenvolvedor tem que criar a sua versão do zero.

O Wayland é a mesma coisa, é só um protocolo bem enxuto, mas onde cada um implementa a sua maneira. Por isso o Gnome tem um, o KDE tem outro, o Sway criou outro e por aí vai.

Nisso, vc cria:

  • Incompatibilidade entre DEs;
  • Dificuldade para apps suportarem uma DE ou outra, já que cada um tem suas particularidades;
  • Inexistência de recursos, visto que depende de alguém criar do zero uma;

Por isso o Wayland não foi pra frente até hoje, depois de mais de 15 anos. Não é porque é problemático, é porque é trabalhoso e cheio de percalços no caminho.

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O X11 tem seus problemas, mas também temos de ver a qualidade do compositor. Quando eu tento usar XFCE eu vejo um tearing por segundo, mas no KDE e no Gnome em X11 eu não me recordo de ter problemas.

Difícil cometer o mesmo erro duas vezes. Eu creio que o Wayland vai demorar muito mais tempo, tal como o Pipewire também vai.

Muitas coisas ainda precisam acontecer:

  • Compatibilidade com aplicativos legados (problemão)
  • Suporte a múltiplos monitores (problema de duas telas com resoluções diferentes)
  • Configurações e personalização (muito tosco ainda)
  • Recursos avançados de captura de tela e compartilhamento (tudo ainda muito cru)
  • Suporte a dispositivos de entrada especializados (pressaummm)
  • Suporte a drivers de hardware (tem que evoluir bastante)
  • Educação e conscientização (pessoal anda meio com preguiça)

:smiley: Essas coisinhas e outras ainda são aguardadas.

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