O que impede o Linux de crescer nos Desktops? Segue o Friday Show!

Vendo a live de ontem, deu uma vontade danada de estar sentado numa sala, num bar ou num podcast, talvez, batendo um papo com os amigos do Diolinux. Então, gostaria de deixar aqui minhas percepções sobre as principais dificuldades para adoção massificada do Linux.

Minhas considerações levam em consideração o usuário comum. Portanto, é uma premissa que as necessidades sejam viáveis para ele. Não basta que nós saibamos como resolver.

  1. Ferramenta de Office - o problema aqui é a compatibilidade entre diferentes versões, uma vez que as pessoas interagem com o mundo, recebendo documentos que, muitas vezes, são parcialmente incompatíveis por terem sido gerados MSOffice;

  2. Certificado Digital - atualmente, quase todas as empresas possuem necessidade de uso de token de Certificado Digital para impressão de Nota Fiscal Eletrônica. Muitos não possuem versões de instalação para o Linux. Nenhum tem algo do tipo plug & play ou clique e instale;

  3. Emissão de Cupom Fiscal - essa é uma outra necessidade para a grande maioria das empresas. Da mesma forma, não há instalação intuitiva para isso. Notem! Não estou dizendo que não é possível instalar. Estou destacando que não há solução fácil para o público objeto dessa abordagem;

  4. Declaração de IRPF - também, é parte das preocupações e dúvidas do homem/mulher comum quando perguntam sobre a migração;

Naturalmente que não tenho a pretensão de ser exaustivo no assunto abordando os temas acima, porém eles são comuns a uma enorme parcela dos potenciais novos usuários Linux.

Aí vocês poderão perguntar: ok. Qual a solução? Minhas sugestões:

i. “Pressão” intensiva sobre os responsáveis pela criação dessas soluções para terem versões disponíveis para o Linux. Precisamos enviar e-mail, postar nas redes sociais das empresas, acionar o SAC, etc. Aqui estamos falando de empresas certificadoras, criadores de softwares para impressoras fiscais, etc. (obs.: sou uma quase solitário insistente neste assunto com a Certisign, que insiste em não suportar o Linux e me obriga a ter o Windows exclusivamente para essa finalidade…rs);

ii. Entre nós, usuários e gente disposta a divulgar essa proposta, deveríamos buscar atrito zero! Pensem na impressão de um novo usuário quando pesquisa um assunto e vê pessoas referindo-se ao sistema escolhido ou aos aplicativos que ele precisa por ele com adjetivos às vezes impublicáveis ou bem pouco amigáveis ou, pior ainda, ao outro divulgador de conteúdo. Pega mal!

iii. Intensificar a criação de conteúdo “vendedor”! O que quero dizer com isso é: produzir conteúdo de elevada qualidade, pensado para impressionar positivamente o novo usuário. A verdade é que imagem vende! Ter um vídeo, um podcast, um texto bem produzido causa boa impressão e há uma associação entre esse conteúdo e a ferramentas usadas para essa produção;

iv. Adotar um novo usuário: precisamos dar minimamente o apoio necessário a um novo usuário. Suporte que ele eventualmente teria de uma empresa no caso de um sistema proprietário. Isso pode fazer a diferença!

Enfim, este é um assunto que me provoca e sobre o qual muito poderíamos falar. Reforço que ele não esgota a conversa, mas são minhas considerações adicionais ao que foi abordado na live.

Abraço!

Vagner Rodrigues

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Concordo que devemos ajudar todos os que se estiverem a aventurar neste mundo. O problema é esse: pouca gente está disposta a mudar de um sistema que conhecem desde sempre, no caso das pessoas que conheço, o Windows, para mudar completamente para o Linux.
É difícil mudar mentalidades :disappointed:

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Olá. Sobre as dificuldades que atrapalham o usuário a usar Linux no desktop observo:

1 – Experiência passada ruim com linux, seguida de pouca exposição posterior: atrapalha a mudar de opinião e a conhecer outras opções, ter contato com melhorias que ocorrem nas distribuições ao longo dos anos. Fica cristalizada a crença de que o sistema é “ruim ou difícil de usar”. Uma experiência de uso ruim no linux já basta para o usuário nunca mais querer usar, já no windows, se der algum erro, vai continuar usando dia após dia, podendo mudar de opinião.

2 – Necessidade de uso ou às vezes apego (até sentimental) a programas específicos que “só funcionam” ou “funcionam melhor” no windows. Ex: Office (problemas de formatação e com macros), itunes (para quem usa muitos produtos apple, iphone, ipod), certificado digital/cupom fiscal (empresas), Declaração de IRPF, Steam (jogos e games que não tem ou não funcionam tão bem em um ou outro sistema operacional).

3 – Pouca exposição de linux nos canais de vendas/divulgação e marketing do linux e distribuições: Como um exemplo, é muito comum nas lojas terem vários computadores e notebooks com versões do windows e mac ligados, criando a “ilusão” de que só existe windows ou mac como opção no mercado. Hoje, com as compras pela internet, isso mudou e existem empresas como a Dell que vendem computadores e notebooks com linux, mas muita gente leiga ainda compra computador no comércio tradicional o que dificulta o contato delas com o linux até mesmo por desconhecer sua existência.

4 – Querer ter no linux a exata mesma experiência que tem ao usar o windows. Para isso, o melhor mesmo é continuar a usar o windows. Nenhum outro sistema operacional que não o windows vai te entregar uma “experiência de windows” melhor que o próprio windows. O mesmo é válido para mac e linux. Existem semelhanças, mas também particularidades. É bom estar aberto para experimentar as particularidades e as novidades de cada sistema operacional.

5 – Mentalidade next>next>finish de uso do computador/resolver problemas do dia a dia VS ficar pesquisando em internet/fóruns e nem sempre conseguir resolver a solução do seu problema: usuário leigo muitas vezes quer, diante de um problema, instalar programa ou solução web e resolver o problema. No máximo seguir poucos passos e resolver. Para muitas pessoas computador é algo que você liga, como um eletrodoméstico e já está tudo ali para você fazer uma determinada tarefa. Configurar muita coisa, ainda que por interface gráfica, não agrada a muitos. Pior é se você se deparar com a experiência de ter boa vontade de ficar horas na internet/fóruns e não resolver seu problema. Linux já mudou muito e melhorou completamente neste aspecto, quase tudo pode ser feito graficamente, porém sempre que o usuário se deparar com algo que foge da mentalidade next>next>finish dentro do linux tende a achar que é problema do linux como sistema operacional e não do programa utilizado, já no windows diante do mesmo problema a tendência é considerar que o programa usado que é ruim e não o windows como sistema operacional.

Existem outros aspectos que poderia citar, mas relato apenas estes. Para questões que dependem apenas de mudança do nosso próprio comportamento é algo que cabe a cada um decidir. É preciso uma mudança de mentalidade: ao invés de ficar apenas querendo o “programa do windows” no linux, comparando se o programa de windows funciona ou não no linux, passar a pensar se não existe forma ou programa para obter o mesmo resultado de forma mais fácil e rápida no linux.

Já para questões envolvendo padrões e imposições de softwares no mercado de trabalho e empresarial, que dependem de interesses do mercado em fazer versões nativas para linux como: Certificado digital/cupom fiscal, Declaração de IRPF, Office e outros, já é um pouco mais complicado, pois depende do interesse dos responsáveis pelo desenvolvimento destes programas em desenvolver soluções que funcionem no linux. Uma solução interessante que estava ocorrendo na web há algum tempo eram soluções de programas que funcionavam direto pelo navegador, pois os navegadores populares tem em todos os sistemas operacionais. Mas sempre vai ter algo específico que não funciona na web ou em locais com acesso restrito a internet. O ideal destes programas era ter a opção de instalar o programa direto no linux pela própria loja de aplicativos das distribuições ou então ter um instalador bem amigável aos leigos como é pela loja de aplicativos, tanto para instalar quanto para desinstalar.

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Se quem usa Linux (sem generalizar) ainda esta preso no Windows de alguma forma. Convencer alguém mudar para o Linux é difícil. Não adianta os 20% (suposição) que usa Linux fazer pressão enquanto os 80% que usa Windows não se importarem se tem (os citados por você acima) para Linux ou não. O técnico instala o Windows, pacote office, winrar, os jogos e joga na mão do usuário e ele ja sai usando. Não tem como fazer isso com o Linux.

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