Admito que minha fonte de informação é Google e Reddit.
TL;DR: acho que dá certo colocar Linux em potenciais laptops com Windows de ARM (apesar de que acho que vai ter um período de transição com drivers duvidosos e um “Rosetta” difícil de usar) mas nem quero imaginar o que vai acontecer com esses Macs.
Detalhes:
Acho que sim. O kernel Linux já está “comprovado” em ambientes ARM há alguns anos (por exemplo, Android). O GNU/Linux de desktop também já está sendo testado nesse tipo de ambiente faz algum tempo (Raspberry Pi, PinePhone, PineBook e etc.).
Considerando que a Microsoft vai exigir o o mesmo padrão UEFI nos computadores x86 com ARM para Windows (e os Surface com ARM tem secure boot desativável, que seria um sinal de “boa-vontade”), poder instalar, com certeza poderemos, o ambiente de boot já está padronizado.
Problema vai ser os drivers (problema que também atinge os Surface) mesmo. Pelo menos vai ser menos pior que o Android, que cada celular tem um mecanismo de boot diferente a “derrotar” para instalar SOs personalizados, isso antes de lidar com drivers.
Com os programas opensource, vai ser só uma questão de tacar uma chave no compilador. Já tem coisas como Shellscript, GIMP, LibreOffice, KDE, GNOME, etc. portadas para ARM. Se esses PCs com ARM e Linux tiverem touch, finalmente o design do GNOME vai fazer sentido.
Para os programas que por algum motivo não poderão ser portados para ARM, soube um dia desses que o qemu, o mesmo das máquinas virtuais, tem o subprojeto Qemu-User que pode servir de base para um “Rosetta” para Linux. Seria uma questão de torná-lo mais transparente. A desvantagem seria ter que engordar nosso sistema com mais uma pasta /lib
; já temos /lib
e /lib64
na maioria das distros de x86-64, agora teremos /lib-x86
e /lib-x86-64
. (mas acho que os Macs tão passando por isso nesse período de transição).
Em termos absolutos, dependendo de quanto os dispositivos x86 sejam substituídos pela potencial nova onda de ARM, sim. Se os ARM conquistarem o segmento “low-end”, com certeza vai valer a pena para aumentar a durabilidade desses dispositivos, ainda mais porque já temos meio caminho andado com o Raspberry Pi e companhia.
Comparando com o Android, acho que esse esforço compensaria mais do que, por exemplo, o postmarketOS, já que Microsoft vai impor uma padronização pra limitar o esforço que eles vão gastar recodificando o Windows. Isso também limitaria o esforço das distros.
Apple oficialmente vai permitir boot de outros SOs nesses Macs, mas volta a questão dos drivers e piora com chip de segurança deles que impede até mesmo o acesso ao SSD interno sem o SO da Apple. Esses dois problemas já atingem os Macs x86 de 2015 pra cá (nem o teclado funcionava direito até uma versão relativamente recente do kernel, e o som continua inutilizável, segundo relatos dos Reddits) e tendem a se intensificar com um Mac com peças exclusivas (até CPU e GPU) e não-documentadas.
Vai exigir um multirão de projetos open-source pra suportar esse Mac, um para cada componente. Eu honestamente acho que eles são candidatos prováveis para virar tijolos de R$ 10 000 depois do suporte da Apple e de terceiros acabar. Se eu fosse um hobbista da eletrônica, eu provavelmente focaria em projetos relacionados à GPU do Snapdragon ou à GPU genérica da ARM, que teriam um uso mais amplo por serem componentes reutilizáveis. Para constar, eles já existem (Freedreno e Bifrost, respectivamente)