Não me faça pensar (por favor)

A primeira coisa que se tende a pensar quando alguém fala isso é “Olha lá, tem preguiça até de pensar, deve ser [coloque a ofensa aqui]”… mas não, não é isso isso é uma questão de não querer ter uma carga mental que me é inútil, sério, eu só quero fazer uma coisa, o “como” eu não quero me importar e em alguns casos eu nem posso, não por ser preguiçoso ou desprovido de inteligência, só não posso… mas o que é “pensar”?

Pensar…

Segundo o dicionário temos a definição de “pensar” como sendo:

pensar

verbo

  1. transitivo direto, transitivo indireto e intransitivo
    submeter (algo) ao processo de raciocínio lógico; exercer a capacidade de julgamento, dedução ou concepção.

  2. transitivo direto e transitivo indireto*
    determinar pela reflexão.

Dito isso, podemos dizer que nesse contexto é pegar uma informação guardada anteriormente e adaptar ela a um novo contexto e usar para resolver o problema, isso é o processo de “raciocínio lógico”, mas porque não fazer isso? Primeiro que não é “não pensar” mas não pensar em coisas inúteis e contraproducentes, vamos lá, olhamos com carinho pra essa captura de tela:

Vamos supor que eu tenha aberto o Editor de Textos tenha feito um artigo sobre alguma coisa e agora quero salvar porque se eu desligar o computador eu vou perder. Você pode me dizer que parece normal, e eu confirmo que é, todos nós aprendemos em algum momento seja em curso ou alguém nos disse de alguma forma que pra salvar um arquivo clicamos em “Arquivo” e aí vai aparecer uma lista suspensa (ou uma barra, ou uma aba, seja o que for) e então clicamos em “Salvar” ou em “Salvar como…”. Agora vamos analisar o processo real:

  1. Colocamos no topo da pilha do nosso cérebro que queremos salvar
  2. Agora um ponteiro vai buscar no resto da pilha alguma situação onde você já vez isso e colocar no topo da pilha
  3. Então seu cérebro analisa o que foi feito nessa situação
  4. Então você executa os passos esperando magicamente obter os mesmos resultados

Olhando a caixa de fora…

Geralmente estamos tão quentinhos dentro da caixa que dá até medo sair de dentro dela, mas é bom fazer isso de vez em quando, vamos repensar essa lógica apresentada, e para pra isso vamos usar a boa e velha “divide et impera” e segmentar em 3 partes:

  1. O que eu estou fazendo?
  2. O que eu posso fazer?
  3. O que eu posso querer fazer?

O que eu estou fazendo?

O que eu estou fazendo geralmente norteia como a aplicação se parece, no caso de um editor de textos se refere a essa área verde, ou seja, onde eu edito o texto:

O que eu posso fazer?

Considerando o contexto, sempre irá existir um número muito limitado de ações possíveis, considerando que estamos trabalhando com um editor de texto, podemos dizer que eu posso Salvar, Imprimir, Abrir um arquivo salvo, cortar, colar, deletar, procurar, substituir, desfazer e refazer, resumindo: os menus Arquivo e Editar

O que eu posso querer fazer?

É basicamente todo o resto:

  • Os outros menus
  • Mover a janela
  • ver em que linha você está e por aí vai


Se você é um bom observador nós temos que a maior área do aplicativo é composta pelo componente principal (ou o que estou fazendo) o que é natural e esperado, porém seguido não pelo que eu realmente posso fazer, mas sim pelo que eu posso querer fazer, isso não é naturalmente ruim, mas fazer isso ao mesmo tempo que esconde as funções que realmente fazem sentido pra mim é isso é um problema, vamos tentar de novo então:

Note que agora a prioridade não é mais o que eu posso querer fazer, mas o que eu realmente estou fazendo e o que eu posso fazer e nada útil é oculto mas ainda não tá o mínimo ideal

O (quase) ideal…

Apesar de parcialmente o problema do excesso de informação e complicação inútil ter sido resolvido, um novo problema foi introduzido: excesso de informação útil, se por um lado nós não temos que pensar em qual bloco oculto ela está, eu ainda preciso ler informações que eventualmente causam distração e sobrecarga, pra diminuir é possível (ironicamente) adicionar uma nova informação: ícones:

Isso ainda causa uma sobrecarga, porém ela será menor a medida que se usa o app e se usa mais apps com o mesmo “HIG” porque os ícones e a localização fixa tendem a deixar a usabilidade mais intuitiva Estudo: Effects of Visual Distinctiveness on Learning and Retrieval in Icon Toolbars
Conference Pap

Por que repensar esse tipo de coisa?

Primeiro por pura curiosidade de experimentação, segundo que é mais ou menos assim que inovações costumam surgir e terceiro, porque isso efetivamente ajuda na acessibilidade, são menos “Tabs” até chegar em uma ação potencial útil

Conclusão

Dizer “não me faça pensar” nada mais é que pedir uma interface mais simples e sinceramente não existem desvantagens nisso, quem já é “pro user” não realmente perde nada, mas pra quem é “newbie” ganha uma interface mais simples e fácil de usar pra usos básicos e quem tem necessidade de recursos de acessibilidade também saí ganhando por não precisar ficar navegando em sub menus “obscuros” que não foram pensados pra realidade da maioria das pessoas

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Uma lição de UX Design, meus parabéns!

Eu só queria de volta o F10 para alternar “Quebra de Linhas” – e o F11 para alternar “Exibir numeração das linhas”…

Aí, movido por seu questionamento, pensei:

– “Por que pensar?”
– “E por que não pensar?”

Pensei-o !

E… ei-lo:

Portanto, bastou pensar 1 vez – para economizar “pensar” 300 zilhões de vezes.

Bônus!

Basta fazer no Kate – que ao reabrir o KWrite já estará funcionando nele também.

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