Migrando para o Debian – minha experiência

Resumo

A ideia do tópico é simples – resolvi trocar o Solus do meu laptop antigo pelo Debian, e estou relatando a minha experiência. No geral, foi bem tranquilo, embora eu tenha me batido bastante em algumas coisas bem idiotas simplesmente por não conhecer o Debian. Na verdade, não havia a necessidade da troca – eu a fiz porque quis.
Os maiores contratempos foram no âmbito de configurar o teclado e configurar meu usuário corretamente. Entretanto, após alguns minutos de pesquisa, resolvi tudo.

Especificações do laptop usado

CPU: Intel Celeron 3205U (2 cores, 2 threads @1.5GHz)
GPU: Intel HD Graphics Accelerator 4000
Armazenamento: Seagate Barracuda HDD 500GB 2.5" @5400RPM
Memória: 4GB (2x 2GB) DDR3 @1600MHz


Introdução

Com um grande tempo ocioso devido a eu estar doente desde terça-feira, me veio a ideia de instalar o Debian. Instalar ele no meu laptop principal não me pareceu uma grande ideia, já que ele conta com gráficos dedicados da NVIDIA e vários drivers proprietários específicos que, pelo que me vem a memória, não possuem um relacionamento muito bom com o Debian.

Então, resolvi instalar ele no meu laptop antigo – companheiro meu que me acompanhou por anos, e anda encostado nos últimos meses. As especificações dele constam no cabeçalho do tópico. Ele possui componentes com drivers open-source, o que me facilitaria bastante a configuração do Debian. Escolhi o Debian Stable simplesmente por querer testar a experiência “padrão” do Debian. Meu ambiente gráfico escolhido foi o GNOME, já que senti saudades do 3.38 e o workflow com o qual me acostumei por cinco anos.

Levando em conta que eu não sei nada de Debian, talvez alguns dos problemas relatados aqui possam soar idiotas – embora sinceros – já que eu usei Fedora praticamente em toda a minha trajetória no mundo Linux.

Instalação

Começando pelo começo, baixei uma ISO live, daquelas mais completas, já que o sinal de Wi-Fi deste laptop é bem fraquinho e baixar tudo durante a instalação seria um porre. Criei o penboot usando o dd. A instalação em si foi super simples, já que esta edição da mídia de instalação vem com um ambiente gráfico e um Calamares para cuidar da instalação propriamente dita. A instalação demorou cerca de meia hora, o que é aceitável já que estamos usando um HDD e um drive de USB 2.0. Nenhum problema ocorreu durante a instalação.

Pós-instalação

Aqui foi onde tive alguns contratempos – embora não tenham sido exatamente difíceis para serem resolvidos, tomaram um certo tempo que geralmente é poupado.

No caso do teclado, por algum motivo, mesmo o layout estando definido como br-abnt2, os acentos não “subiam” nas letras. Por exemplo, ao tentar escrever “cão”, aparecia “c~ao”. Passei mais de uma hora tentando achar uma solução para isto – já que as soluções disponíveis nos fóruns do Debian, e em sua própria documentação, não resolviam o problema. No fim, a solução que encontrei, embora eu não tenha entendido a relação entre o problema e a solução, foi trocar o idioma do sistema de English (US) para English (UK). Agora, além de alguns “U’s” extras nas palavras, eu consigo inserir acentos normalmente nas palavras (já que estou escrevendo isto pelo Debian)

Já para o caso do meu usuário, acredito que tenha sido culpa da minha escolha de ISO – eu gosto de separar o administrador do sistema do meu usuário, fazendo uso do usuário root para performar ações administrativas no sistema, enquanto meu usuário, kogane, fica sem privilégios administrativos. Dessa forma, eu coloco uma senha menos segura para o meu usuário, enquanto deixo a minha senha de 24 caracteres para o usuário root. Entretanto, a instalação pelo Calamares não solicitou uma senha para o root, e, ao contrário da crença popular (user is not on the sudoers file), deu privilégios de root para o meu usuário.

Ao iniciar no Debian instalado, dei um passwd root para criar minha senha de administrador, e, em seguida, visudo, para remover o usuário kogane do grupo administrativo. Entretanto, o arquivo sudoers não contava com entradas para o grupo wheel, como de costume. Então, eu simplesmente removi o usuário kogane do grupo sudo com gpasswd -d kogane sudo.

Depois, segui a pós-instalação, sendo uma das primeiras coisas em que pensei remover tudo o que não uso, já que uma instalação padrão do Debian vem com o grupo GNOME inteiro instalado – incluindo joguinhos, e também traz alguns utilitários os quais não necessito (como suporte à entrada de texto em japonês pelo método romaji e chinês pelo método pinyin). Foi uma tarefa simples – abri o Synaptic, filtrei os pacotes opcionais e removi quase tudo, mantendo apenas o que preciso. Não recomendo que faça isso se não sabe exatamente o que cada pacote faz.

Não instalei nenhum pacote extra até o momento, já que não vou exatamente trabalhar neste laptop, e meu lazer no geral se restringe ao browser, e eu uso o Firefox, que já vem instalado. Talvez daqui algum tempo eu instale algum emulador, para levar este laptop quando for à casa de alguns amigos – já que não parece muito inteligente sair na rua com o laptop que eu uso pra trabalhar, pois qualquer avaria ou extravio dele pode me dar um grande prejuízo.

Conclusão

Embora eu não tenha experiência nenhuma com o Debian, tampouco com derivados dele, a instalação foi, de certa forma, tranquila. Alguns probleminhas que me fizeram pesquisar um pouco, mas nada muito grave. Até o momento, estou achando o GNOME 3.38 que vem com o Bullseye bem fluido – mais do que o GNOME 42 presente no Solus anteriormente. Inclusive, me surpreendi com o fato de o driver da minha impressora ter suporte oficial ao Debian, já que tive que fazer gambiarras para ele ser reconhecido mesmo no Ubuntu.

Como não jogo neste laptop, pretendo manter o Stable instalado até a próxima relase. Se o distro-hopping deixar, claro hahahahahahahahahah

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Grande parte dos problemas do Debian está com sua briga declarada aos firmwares não-livre. Apesar de não usar ele como minha distribuição para trabalho, tenho ele com JWM instalado em um Dell 5566 e funciona muito bem para o uso diário.

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Agora me encontro na mesma situação. O laptop que eu uso para trabalho e fica sempre em casa, está com Fedora Workstation desde que comprei ele (abril/2022) – entretanto, estou curtindo a experiência com o Debian neste laptop mais fraco, ele está oferecendo, além de tudo, uma ótima fluidez, ainda mais para a minha escolha não muito inteligente para um hardware fraco, que é o GNOME.

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Ao que parece é uma novidade que começou a partir do 11:
“Impressoras mais modernas são capazes de utilizar impressão e escaneamento sem drivers, sem a necessidade de drivers de fabricantes específicos (frequentemente não livres). O bullseye apresenta um novo pacote, ipp-usb, que usa o protocolo IPP-sobre-USB, neutro em relação a fabricantes e suportado por muitas impressoras modernas. Isto permite que um dispositivo USB seja tratado como um dispositivo de rede. A infraestrutura oficial e sem driver SANE é fornecida por sane-escl em libsane1, que usa o protocolo eSCL.”

https://www.debian.org/News/2021/20210814.pt.html

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A instalação do Debian a partir de uma sessão live, via Calamares, é muito prática, mas tem imperfeições, como deixar de fora pacotes que manteriam o relógio do sistema sincronizado com servidores NTP.

Preencher as lacunas deixadas pelas imperfeições desse tipo de instalação não é necessariamente simples a um usuário leigo ou pouco experiente com distros de Linux.

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Também notei algumas falhas nesse sentido. Aparentemente, as versões em “live” não recebem tanto polimento pela equipe do Debian como deveria.

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De fato, essas ISOs live servem mais para testar o sistema. Para uma instalação offline eu acho mais recomendável usar a ISO “full”, que inclui todos os ambientes gráficos e pacotes necessários para uma instalação padrão.


Essa ISO tem 4 GB e usa o mesmo instalador padrão da netinstall. Há também uma versão [não oficial] com firmware prorietário incluso. Infelizmente, poucas pessoas conhecem essas ISOs, e não são tão fáceis de serem encontradas no site.

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Só para acrescentar a sua informação, quem instalou o Debian pela imagem padrão e precisa de firmware não livre, por talvez a sua placa wifi não está funcionando, pode ainda instalar todos os firmwares não livres baixando o pacote aqui:

Mas preste atenção que esse pacote é do bullseye, para escolher outro ramo: testing (bookworms), sid, tem que ir nos links de navegação no início do site.

  • Se quiser instalar só o que precisa, pode-se baixar pelo link abaixo, só precisa navegar pela versão e baixar o arquivo compactado, de preferência zip: firmware.zip

https://cdimage.debian.org/cdimage/unofficial/non-free/firmware/

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